Alexandre Roberto Ribeiro Mello, de 32 anos, diz que agente da PRF executou Anne Caronline Nascimento, de 23 anos Marcos Porto/ Agência O Dia
Publicado 19/06/2023 15:20
Publicidade
Rio - O marido de Anne Caroline Nascimento, de 23 anos, negou que estivesse fugindo da Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante a abordagem policial na Rodovia Washington Luiz (BR-040), na noite de sábado (17), que terminou na morte da jovem. Segundo o coletor de óleo, Alexandre Roberto Ribeiro Mello, de 32 anos, seu carro foi alvejado por pelo menos dez tiros, na altura do acesso à Linha Vermelha. Um desses disparos atingiu o rim e fígado da estudante de Enfermagem, que estava sentada no banco do carona.
Pouco antes do início do velório da mulher, na tarde desta segunda-feira (19), no Cemitério Memorial do Rio, em Cordovil, Zona Norte do Rio, Alexandre contou que o casal havia saído para comemorar os sete anos de casamento em um restaurante."Quando deu 21h30 eu disse para irmos embora porque a rua estava perigosa, e fechamos a conta. Saímos na Rodovia Washington Luiz por volta das 22h, sentido Parque das Missões. Na altura dos fuzileiros eu vi o giroflex do policial e liguei o pisca alerta para encostar", lembra o viúvo.

No entanto, de acordo com a ocorrência da PRF, agentes foram alertados por outros motoristas que havia um carro em alta velocidade, realizando manobras bruscas. Os policiais, então, encontraram o veículo de Alexandre e Anne e deram ordem de parada. "O veículo ainda andou por cerca de quatro quilômetros antes de parar", informou a assessoria da PRF.

Alexandre nega que tenha desobedecido à ordem. "Tenho habilitação, meu carro está em dia, não estava bebendo, não tem porque fazer nada além disso. Quando fui encostar o carro começaram a disparar sem parar, muitos tiros, meu carro está totalmente alvejado", disse o coletor de óleo. "Por que eu fugiria se meu pisca alerta estava ligado?", continuou.

Alexandre questionou ainda o protocolo que policiais rodoviários utilizam em abordagens na via expressa. Para ele, sua mulher foi vítima de uma execução e o policial não deveria estar solto. "No protocolo eles podem atirar em qualquer carro que passar? Eu tenho filhos que ela [Anne] criou desde os dois anos deles, meus filhos iam jantar com a gente. Esse policial executou a minha mulher, foi execução, não teve risco, não ofereci risco nenhum para eles. Quando desci do carro eles ficaram desesperados colocando a culpa em mim", disse.

Bastante abalado com a perda da companheira, Alexandre pediu por justiça e lamentou que a vida da jovem tenha sido interrompida de forma tão brutal: "Perdi minha mulher, ela não vai voltar, mas quero justiça. Matou, tem que ser preso. Ele foi solto não sei porque. Uma estudante cheia de sonhos, cortou o sonho dela no meio".

O corpo de Anne Caroline começou a ser velado às 14h30 e será enterrado às 16h no Cemitério Memorial do Rio. De acordo com a PRF, Alexandre possui passagens por roubo e furto, mas não tinha nenhum mandado de prisão em aberto.

O policial que atirou contra o carro do casal foi preso, mas recebeu liberdade provisória durante audiência de custódia, realizada no domingo (18).

PF investiga se tiros disparados na abordagem vitimou outra mulher

A PF investiga se uma segunda mulher foi baleada durante a abordagem na BR-040. Claudia Maria da Silva dos Santos, 54 anos, foi atingida por uma bala perdida próximo ao local e horário em que Anne Caroline também foi baleada.

Segundo o Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Claudia foi socorrida pelo SAMU e levada para a unidade às 22h49, baleada no tórax. A vítima perdeu muito sangue e precisou passar por transfusão de emergência. Às 12h desta segunda-feira (19), a direção do hospital informou que a paciente evolui com melhora clínica. Claudia recebeu alta do CTI e está na enfermaria do hospital.

De acordo com a filha, Patrícia Silva, de 26 anos, a mãe voltava junto com o marido da comemoração do aniversário de um amigo, em uma igreja de Duque de Caxias, e quando deixavam a BR-40, se aproximando da Linha Vermelha, escutaram disparos na via. Um dos tiros entrou pelo porta-malas e seguiu perfurando o interior do veículo, até acertar a vítima, que estava no banco do carona, na frente. A diarista chegou a desmaiar quando foi atingida, mas acordou ainda no carro.

Patrícia relatou também que o companheiro de Claudia, José Vitório, de 71 anos, fez o retorno para voltar à rodovia e conseguir levar a mulher ao hospital, quando se deparou com uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que a socorreu para o HMAPN.
*Colaboração de Marcos Porto.
Publicidade
Leia mais