José (direita), marido de Cláudia Maria, presta solidariedade a Alexandre Mello, esposo de Anne CarolineMarco Porto

Rio - Familiares de Claudia Maria da Silva dos Santos relataram os momentos de tensão que ocorreram quando a diarista foi atingida por uma bala perdida, na Rodovia Washington Luiz (BR-40), na Baixada Fluminense. A vítima segue internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), em Duque de Caxias, nesta segunda-feira (19). O caso aconteceu na noite de sábado (17), quando a mulher foi baleada próximo ao local e horário em que Anne Caroline Nascimento Silva, de 23 anos, foi morta, durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal. 
De acordo com a filha, Patrícia Silva, de 26 anos, a mãe voltava junto com o marido da comemoração do aniversário de um amigo, em uma igreja de Duque de Caxias, e quando deixavam a BR-40, se aproximando da Linha Vermelha, escutaram disparos na via. Um dos tiros entrou pelo porta-malas e seguiu perfurando o interior do veículo, até acertar a vítima, que estava no banco do carona, na frente. A diarista chegou a desmaiar quando foi atingida, mas acordou ainda no carro. 
Patrícia relatou também que o companheiro de Claudia, José Vitório, de 71 anos, fez o retorno para voltar à rodovia e conseguir levar a mulher ao hospital, quando se deparou com uma ambulância do Serviço de Atedimento Móvel de Urgência (Samu), que a socorreu para o HMAPN. A vítima deu entrada na unidade, às 22h49, com uma perfuração no torax à esquerda, com saída do projétil em dorso. "Ele (o padrasto) só conseguiu se acalmar um pouco, depois que conseguiu vê-la ontem (no hospital)", disse a filha. 
A Secretaria Municipal de Saúde de Caxias informou que Claudia chegou a apresentar sangramento intenso e precisou de transfusão de sangue de emergência e droga vasoativa, por conta de hipotensão por choque hipovolêmico. A vítima ainda passou por drenagem do tórax afetado e sofreu hemopneumotorax à esquerda, com extensa consolidação pulmonar, além de fratura de arco costal posterior e enfisema subcutâneo em região anterior e posterior. Nesta segunda-feira, a mulher está lúcida, orientada e tem quadro estável hemodinâmicamente, mas potencialmente grave.
"Ela (Claudia Maria) está bem agora, ontem ela estava se recuperando bem, estava conversando, estava lúcida. Foi Deus, mesmo, que agiu na vida dela, porque se não fosse isso, infelizmente, ela teria falecido como a outra menina que também foi atingida no mesmo local e veio a falecer", declarou Patrícia, que disse ainda que a família acredita que o tiro que atingiu sua mãe partiu da abordagem que provocou a morte de Anne Caroline. A Polícia Federal e a Corregedoria da Polícia Rodoviária Federal investigam se os casos aconteceram na mesma ocorrência. 
Agente que fez disparos que matou jovem é solto
O agente da PRF responsável pelos disparos que mataram Anne Caroline foi solto neste domingo (18). O policial chegou a ser preso ainda no sábado, mas recebeu liberdade provisória durante audiência de custódia. Ele vai continuar afastado preventivamente das atividades operacionais. Sobre o episódio, a instituição afirmou que, por volta das 22h, após o acompanhamento tático a uma veículo suspeito em fuga, uma mulher de 23 anos foi atingida por disparos feitos pelas equipes e "imediatamente socorrida pelos policiais, mas acabou falecendo". 
A vítima foi encaminhada pelos agentes para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, e não resistiu aos ferimentos, morrendo na madrugada de ontem. Familiares estiveram no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio, para liberar o corpo da jovem, na tarde de domingo, e o sepultamento da vítima será realizado nesta segunda-feira, no Cemitério Memorial do Rio, em Cordovil, na Zona Norte. 
A ocorrência foi encaminhada para a Polícia Federal e a Corregedoria da PRF acompanha as investigações, além de ter instaurado um procedimento interno. "A instituição lamenta o desfecho trágico da ocorrência, colocando-se à disposição da família, e está colaborando para o esclarecimento dos fatos, bem como aguarda a conclusão das investigações em atenção ao devido processo legal", completou a nota.