Publicado 20/06/2023 14:24
Rio - A Polícia Civil informou, nesta terça-feira (20), que a cirurgiã plástica Eliana Jiménez, envolvida na morte de Ingrid Ramos Ferreira, de 41 anos, em uma clínica de estética, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, na quinta-feira (15), já era investigada por um caso semelhante.
Em agosto de 2020, Adjane Marinho da Silva Santos morreu em decorrência de uma lipoaspiração conduzida pela mesma médica. O inquérito não foi concluído e o caso ainda é apurado pela 27ª DP (Vicente de Carvalho).
Depoimentos do caso Ingrid
Segundo o delegado Ângelo Lages, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), o porteiro e a subsíndica do prédio onde a clínica fica, na Avenida Olegário Maciel, na Barra, foram ouvidos na segunda-feira (19). A síndica será ouvida ainda nesta terça (20).
Os depoimentos do filho e da irmã de Ingrid estão marcados para a quarta-feira (21). O adolescente, de 14 anos, estava acompanhando a mãe no procedimento e ligou para os familiares após a morte.
Relembre o caso
Ingrid Ramos foi até o local realizar uma reparação de uma cirurgia de abdominoplastia feita no ano passado. De acordo com Ícaro Ramos Ferreira, 33 anos, irmão da vítima, o local era inadequado para realização do procedimento.
"Para mim aquilo ali era um açougue, não era uma clínica. Só Deus sabe a dor que eu estou sentindo. Nós ficamos sabendo porque o filho dela ligou para minha outra irmã, eu estava no trabalho e fiquei desesperado. Essa clínica é um 'hotelzinho', parecendo uma quitinete, é uma sala pequenina, quando chegamos estava só a médica, o marido e um policial lá dentro", explicou.
O irmão chegou a gravar um vídeo no momento em que chegou na clínica, onde uma outra pessoa fala que a vítima sofreu uma reação alérgica à anestesia.
Na última sexta-feira (16), a sala comercial foi interditada após a perícia da Polícia Civil. Os agentes apreenderam equipamentos e documentos no local. O caso segue sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e segundo a corporação, diligências estão em andamento para esclarecer os fatos.
Clínica sem licença para funcionar
O estabelecimento passou por um perícia da Polícia Civil e acabou interditado pelo Instituto Municipal de Vigilância Sanitária (Ivisa), após uma série de irregularidades serem encontradas.
Segundo o delegado Ângelo Lages, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), que investiga o caso, além da falta de licença da Vigilância Sanitária, na clínica também foram encontrados medicamentos fora da validade e materiais para cirurgias, que não poderiam ser usados, já que o estabelecimento não tem autorização para realizar procedimentos cirúrgicos. O Ivisa também encontrou tubos de coleta de sangue vencidos; próteses mamárias com indício de reutilização; e autoclave sem o correto fluxo para a esterialização.
De acordo com o Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, no ano passado, o local já havia sido multado por falta de licenciamento. O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu uma sindicância para apurar o caso.
Depoimento de Eliana Jiménez
A médica relatou que o procedimento era para a retirada de uma queloide na região do abdômen e que não precisava ser realizado em um centro cirúrgico. Eliana contou que utilizou 15 miligramas da substância Dormonid Maleato de Midazolam - usado para o tratamento de curta duração da insônia -, e uma solução anestésica com lidocaína e um pouco de adrenalina. Logo depois da aplicação da anestesia, Ingrid teve uma convulsão, que durou entre três e quatro minutos.
Ainda segundo a oitiva, Eliana precisou desobstruir as vias aéreas da paciente, mas ela passou a espumar pela boca e contrair o corpo. A médica chegou a perguntar para o filho da vítima, que a acompanhava, se a mãe tinha intolerância a alguma substância usada e pediu que outros pacientes acionassem o Serviço de Antedimento Móvel de Urgência (SAMU). Pouco depois, Ingrid começou a perder pulsação e a cirurgiã fez manobras de ressuscitação, que também foram realizadas pelo médicos do Samu, mas eles não conseguiram reverter o quadro e a mulher acabou morrendo.
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