Ingrid Ramos Ferreira, de 41 anosArquivo pessoal
Polícia Civil investiga morte de mulher em clínica de estética da Barra
Família acusa erro médico e diz que o local era inadequado para realização de procedimentos
Rio - A Polícia Civil investiga a morte de uma mulher durante um procedimento estético em uma clínica na Avenida Olegário Maciel, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, na noite desta quinta-feira (15). A família de Ingrid Ramos Ferreira, 41 anos, que esteve no Instituto Médico Legal (IML) na manhã desta sexta-feira (16), para a liberação do corpo, aponta erro médico. A sala comercial onde foi feito o procedimento foi interditada após perícia.
Ingrid estava acompanhada do filho de 14 anos. Ela foi até o local realizar uma reparação de uma cirurgia de abdominoplastia feita no ano passado. De acordo com Ícaro Ramos Ferreira, 33 anos, irmão da vítima, o local era inadequado para realização do procedimento.
"Para mim aquilo ali era um açougue, não era uma clínica. Só Deus sabe a dor que eu estou sentindo. Nós ficamos sabendo porque o filho dela ligou para minha outra irmã, eu estava no trabalho e fiquei desesperado. Essa clínica é um 'hotelzinho', parecendo uma quitinete, é uma sala pequenina, quando chegamos estava só a médica, o marido e um policial lá dentro", explicou.
O irmão chegou a gravar um vídeo no momento em que chegou na clínica, onde uma outra pessoa fala que a vítima sofreu uma reação alérgica a anestesia. "Para mim a médica não falou nada, ela não conseguia nem abrir a boca, estava muito abalada. Lá, tinha remédio fora da validade, o que poderia ter causado isso. Assim que chegamos percebemos que era um lugar inadequado. Nós saímos de lá 2h", disse.
Ícaro disse também que a irmã e a família são da Bahia, mas moram atualmente na Pavuna, na Zona Norte. Ele descreveu Ingrid como uma pessoa muito alegre que vai deixar saudades. A vítima deixa dois filhos: um de 14 anos que acompanhava o procedimento, e uma de 22 anos, que está grávida de 8 meses.
"Só queremos justiça, porque isso tem que acabar. Morre um, morre outro e fica por isso mesmo. Ela não é a primeira a morrer por um procedimento estético. Eu sempre falava que ela estava linda, mas ela não ouvia", lamentou.
A cunhada e mulher de Ícaro, Juliana Guedes, 33 anos, explicou que o filho da vítima contou que a mãe teve uma convulsão durante a aplicação da anestesia.
"Ela foi fazer uma reparação da cicatriz com lipo, a gente não tem muito conhecimento porque quem estava acompanhando ela era o filho e, pelo que ele disse, ela começou a convulsionar no momento da anestesia e não resistiu. Lá no local, foi constatado medicamentos fora da validade, a médica tirou todos os materiais que ela utilizou e escondeu no consultório ao lado, que é do marido dela", explicou.
Juliana ainda explicou que a cunhada havia feito um procedimento de abdominoplastia no ano passado e voltou outras vezes porque não ficou bom.
"Na primeira vez, demorou a cicatrizar. Depois, ela fez uma lipo nas costas e, agora, ela voltou porque não estava como ela queria, a médica falou que não precisava ir no hospital. Ela pagou esse procedimento há um ano e, como não foi feito de forma correta, ela pediu que fosse reparado um erro. A abdominoplastia foi feita em um hospital, a lipo nas costas já foi na clínica, todos os procedimentos foram realizados pela mesma médica", disse.
Por fim, a cunhada contou que Ingrid só queria realizar um sonho. O caso foi registrado na 16ªDP(Barra). Procurada, a Polícia Civil informou que a sala onde ocorreu o procedimento foi interditada e a perícia foi realizada no local. "Familiares da vítima, testemunhas e responsáveis pelo estabelecimento serão ouvidos. Diligências estão em andamento para esclarecimento do fato", disse em nota.
O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu uma sindicância para apurar o caso.
O corpo de Ingrid será sepultado na tarde deste sábado, no Cemitério de Mesquita, na Baixada Fluminense.
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