Vinícius Bandeira, de 23 anos, denuncia ter sofrido racismo por seguranças do Shopping Leblon, na Zona Sul do RioDivulgação

Rio - O produtor de audiovisual Vinícius Bandeira, de 23 anos, relata ter sofrido racismo por seguranças do Shopping Leblon, na Zona Sul do Rio, por volta das 21h de quinta-feira (15). Muito abalado e revoltado com a situação, a vítima expôs em suas redes sociais que foi perseguido, humilhado e apontado como um possível criminoso que poderia roubar peças de roupas das lojas. O caso está sendo investigado pela 14ª DP (Leblon) como injúria por preconceito e constrangimento ilegal.
Vinícius Bandeira, de 23 anos, registrou um boletim de ocorrência na 14ª DP (Leblon) relatado ter sido vítima de racismo no Shopping Leblon - Divulgação
Vinícius Bandeira, de 23 anos, registrou um boletim de ocorrência na 14ª DP (Leblon) relatado ter sido vítima de racismo no Shopping LeblonDivulgação
Vinícius conta que saiu do seu trabalho, no bairro do Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio, e foi ao shopping para procurar um presente para uma amiga e roupas para usar no seu aniversário, quando percebeu que estava sendo acompanhado a todo momento por seguranças do Shopping Leblon. "Os seguranças esperavam nas portas das lojas de forma completamente constrangedora e acima do que, infelizmente, estou acostumado. Os funcionários nem ao menos tentavam disfarçar o indisfarçável enquanto eu estava naquele ambiente completamente hostil à minha existência", desabafou o rapaz.

Ainda de acordo com o produtor, o fato se agravou quando ele entrou no provador de uma loja de roupas e, ao sair, foi informado por uma das vendedoras, que também é negra, que os seguranças os alertaram que ele poderia furtar peças de roupa. Ainda segundo a funcionária do estabelecimento, os vigilantes do shopping disseram que Vinícius levantou suspeita por ter saído de outras três lojas sem ter comprado nada.

"Após efetuar a compra, a vendedora com os olhos muito atentos e sensíveis me explanou o que havia acontecido e pediu para tomar cuidado, pois não sabíamos qual seria o limite daquela perseguição, vide os tantos casos de agressões e assassinatos que assistimos em tantos shoppings e supermercados do Brasil", disse o rapaz.

Produtor diz que shopping não deu suporte

Assim que saiu da loja, Vinícius se dirigiu ao espaço cliente, a fim de relatar o ocorrido. No entanto, segundo ele, mesmo após verbalizar que tinha acabado de sofrer racismo, o atendente do shopping deu somente um papel para ele preencher.

"Não me acolheu, pediu desculpas ou ao menos quis saber do que aconteceu. Recebi uma prancheta para preencher alguns dados com a promessa de que me chamariam no e-mail se fosse necessário, descaracterizando e diminuindo ainda mais as agressões que passei", lamentou.
Morador de Niterói, o produtor relatou ao DIA que espera que o processo na Polícia Civil corra de maneira justa. Ele também disse que espera um posicionamento do shopping quanto ao tipo de treinamento que dão aos funcionários. "Eu me senti hostilizado no ambiente como um todo, parecia que o ambiente, de uma maneira bem orquestrada, não me queria ali", desabafou.

Procurado, o Shopping Leblon destacou que repudia todo e qualquer tipo de discriminação e informou que está apurando o relato de Vinícius com a mais absoluta atenção.
"A administração entrou em contato com o cliente para ouvi-lo e prestar todos os esclarecimentos necessários. Cabe reforçar que o shopping tem um olhar atento e cauteloso sobre o tema diversidade e inclusão, promovendo ações efetivas e de treinamento constante junto ao time de segurança e operações", disse o shopping em nota.