Publicado 06/07/2023 14:42
Rio - Uma série de publicações nas redes sociais levou Monique Medeiros de volta à cadeia, nesta quinta-feira (6). A mãe de Henry Borel respondia ao processo pela morte do filho em liberdade desde agosto do ano passado, mas por decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após descumprimento de medidas cautelares, como o uso dessas mídias, ele teve o direito suspenso. De acordo com a decisão do ministro, o ato de Monique configura "evidente afronta".
A determinação do STF foi tomada depois que o pai de Henry, Leniel Borel, assistente de acusação do processo, entrou com recurso extraordinário pedindo a prisão preventiva da acusada e apresentou prints de publicações no Instagram. Segundo o engenheiro, desde a soltura, ela tem usado as redes sociais para praticar "verdadeira perseguição" contra ele, que também é testemunha, e "dissemina fake news ao público" sobre a morte da criança.
No documento, Leniel afirma que, nas postagens, em dois perfis - o da própria e na página de apoio "Monique É Inocente" -, a mãe do menino "continua sua saga de tentar ludibriar a sociedade" e "construir a imagem de uma boa mãe", com a narrativa de que não tem responsabilidade pela morte de Henry. O engenheiro ainda aponta que "a equipe encarregada de gerenciar sua imagem nas redes sociais tenta apelar para a comoção pública, violando assim a medida cautelar em vigência".
Em um dos prints, a ré compartilha uma publicação em que diz que ela deveria "contar os podres" que Leniel esconde ao acusá-la e que "há muita vingança e $$ (dinheiro)" por trás da Justiça. Em outra, a professora acusa o pai de usar a imagem de Henry para conseguir votos para Ailton Barros, que foi seu advogado e está preso desde maio, acusado de intermediar inserção ilegais de dados no cartão de vacinação da covid-19.
Ainda nos prints, em resposta à perguntas de seguidores, Monique diz acreditar que a morte do menino foi provocada por um "conjunto de fatores", apontando seu ex-namorado, o ex-vereador e ex-médico Jairo Souza Santos Júnior, o Jairinho, também réu no processo, e o Hospital Barra D'Or, para qual a criança foi levada, como os responsáveis. Ao ser questionada se tinha vontade de deixar o Brasil, ela afirmou que tem "pensado muito nisso e (está) vendo todas as formas viáveis de isso acontecer".
Em alguns prints, Monique afirma que Leniel era um pai omisso e tem poucas lembranças com a criança, além de dizer que a acusa como forma vingança, por não aceitar o fim do relacionamento entre eles. Há ainda uma postagem em que ela o chama de "falso cristão", por ter sido visto em uma festa com uma mulher. "E olha quem engana todo mundo", escreveu a professora. Confira abaixo.
A defesa da mãe de Henry informou que recebeu a decisão com respeito e que "apresentará esclarecimento, pois foi pautada em um descumprimento de medida cautelar inexiste". O advogado Hugo Novais destacou ainda que Monique "não utilizou as redes sociais quando proibida, além de não ter ameaçado qualquer testemunha no momento da prisão domiciliar". A nota termina dizendo que "estes fatos já foram esclarecidos há tempos, tratando-se de fake news".
Monique volta à prisão
Monique Medeiros voltou a ser presa na manhã desta quinta-feira (6), por agentes da 16ª DP (Barra da Tijuca), que foram até a casa de sua mãe, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, onde ela morava desde que foi solta. Na determinação do STF, o ministro Gilmar Mendes defendeu que o entendimento do Superior Tribunal de Justiça que liberou a mão de Henry "não apenas se divorcia da realidade dos autos, como também afronta jurisprudência pacífica".
Após a decisão, Leniel comemorou que a Justiça está sendo feita. "É imprescindível a prisão da Monique uma vez que ela foi pronunciada pelos crimes de homicídio duplamente qualificado, tortura e coação no curso do processo. Esta criminosa em liberdade é um risco para a instrução que será realizada no dia do Júri popular, já que está provado que ela é useira e veseira em coagir testemunhas, inclusive tentado me coagir desde a morte do meu filho por meio de redes sociais", disse.
Relembre o caso
Na madrugada do dia 8 de março de 2021, Henry Borel chegou ao Hospital Barra D'Or, na Zona Oeste, com manchas roxas em várias partes do corpo. Segundo o laudo da perícia, que apontaram 23 lesões no corpo da criança, a morte foi provocada por laceração hepática. O caso foi investigado pela 16ª DP, que concluiu, em maio do mesmo ano, que Jairinho agredia a criança. O inquérito também revelou que Monique sabia que o filho vinha sendo vítima do padrasto, mas se omitia.
O ex-vereador e a professora foram indiciados por homicídio duplamente qualificado. Ela e ex-namorado são réus no processo que julga a morte. No último dia 27, o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) manteve o júri popular e incluiu mais crimes na lista dos acusados. Os desembargadores da 7ª Câmara Criminal ainda negaram, por unanimidade, o pedido de liberdade feito pela defesa do ex-vereador.
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