Os pacientes foram identificados em tempo real com biometria e fotos Divulgação / Alexandre Simonini (Detran.RJ)
Publicado 14/07/2023 13:00
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Rio - O Detran.RJ realizou, nesta quinta-feira (13), a identificação civil de idosos, pacientes psiquiátricos e usuários de drogas, que foram resgatados da clínica interditada, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. De acordo com o departamento, muitos não tinham documentos.
O atendimento, por solicitação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), foi realizado no Espaço Municipal da Terceira Idade, unidade da Prefeitura de Nova Iguaçu, para onde foram levadas 112 vítimas após a interdição do Centro de Tratamento Ribeiro. Dos procurados pelo Detran, 18 estavam sem documentos e precisaram ser identificados. Alguns pacientes psiquiátricos, inclusive, não sabiam nem o primeiro nome.
A identificação, que era feita em três pontos na Prefeitura de Nova Iguaçu, foi realizada em tempo real com coleta de biometria e fotos. O diretor de Identificação Civil do Detran, Pedro Paulo Thompson, ressaltou a importância da identificação para esses pacientes. "Em casos como esses, nossa atuação é fundamental para que essas pessoas possam ser identificadas e reintegradas à sociedade", disse o diretor.
Os pacientes resgatados deram depoimentos à polícia e passaram pelo Instituto Médico-Legal antes de serem levados para o espaço de acolhimento. De alguns dos pacientes, segundo o Detran, sabia-se apenas o nome, sem qualquer outro dado, como idade, filiação ou endereço.

A secretária de Assistência Social de Nova Iguaçu, Elaine Medeiros, explicou sobre as consequências dos internados não terem documentação. "Precisamos devolver todos esses pacientes às suas famílias. Estamos tentando entrar em contato com todos os parentes, mas sem qualquer identificação o nosso trabalho fica quase impossível", afirmou Elaine.
Clínica interditada
O MPRJ, por meio por meio da 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Nova Iguaçu, interditou, na última segunda-feira (10), uma clínica de idosos e de reabilitação em Nova Iguaçu. De acordo com o órgão, 96 internados foram resgatados do local e o dono do Centro de Tratamento Ribeiro, Edmilson Messias Ribeiro Júnior, foi preso em flagrante pelos crimes de maus-tratos e cárcere privado.
Um dos pacientes do Centro de Tratamento, o dependente químico Chrystian Winter Lima, de 23 anos, falou sobre os maus-tratos sofridos no local. Segundo o interno, ele e outros pacientes eram agredidos, mantidos em condições insalubres e impedidos de contatar parentes.
"Me encontraram em cárcere privado. Eu apanhava, sofria maus-tratos, agressão verbal e física. Eram diversas coisas. Uma situação precária para a gente que estava vivendo lá. Nossos familiares pagando R$ 1500 para a gente estar apanhando. Desumano o que estava acontecendo lá dentro. Graças a Deus o Ministério Público chegou e tirou a gente. Eles viram que era uma situação precária com esgoto passando por dentro do banheiro", disse Chrystian, em entrevista ao DIA, na última segunda-feira.
Leonardo Mazzutti, advogado do dono da clínica, esteve na 52ª DP (Nova Iguaçu) e disse que é prematuro falar sobre prisão. "A alegação é de que ele mantinha pessoas em cárcere privado, mas um dos que foi conduzido para o corpo de delito portava um celular. Não existe cárcere privado se a pessoa tem direito de usar um celular. Isso vai ser averiguado, vai ser feita a perícia de local para comprovar o que eu posso chamar de um problema. Não tivemos acessos a íntegra da investigação. O que sabemos é que tem uma denuncia de cárcere", disse o advogado.
 
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