Documentário conta o drama ainda vivido pela família do ajudante de pedreiro Amarildo Dias de SouzaDivulgação/Rio de Paz
Publicado 18/07/2023 12:27
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Rio - O lançamento de um documentário sobre os dez anos do caso Amarildo e outros desaparecimentos causados pela polícia, tráfico ou milícia, vai abrir o calendário da Promoção de Igualdade Racial de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, nesta quarta-feira (19). A celebração faz alusão aos dias Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. O evento será gratuito e acontece às 16h, no Teatro Sylvio Monteiro do Complexo Cultural da cidade. 
A exibição do documentário "Cadê Você?" contará com a presença das mães de desaparecidos que participam do filme e, em seguida, haverá roda de conversa com o diretor e roteirista do filme, Humberto Nascimento, e o fundador da ONG Rio de Paz e da Rio de Paz Produções, Antonio Carlos Costa, além de outros convidados, como Adriano Moreira de Araújo do Fórum Grita Baixada. Para participar é necessária inscrição online. Confira o site ao final. 
O longa-metragem conta o drama ainda vivido pela família do ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza, assassinado por policiais militares na favela da Rocinha, na Zona Sul, no ano de 2013, e de outras pessoas que tiveram familiares desaparecidos, mas que ainda têm esperança do reencontrá-los, mesmo que seja apenas o corpo. O documentário traz relatos que expõem a realidade sobre desaparecimentos no Rio de Janeiro.
"Cadê Você?" faz ainda um paralelo com os desaparecidos na ditadura militar no Brasil, comparando práticas da época para sumir com corpos de vítimas com as usadas ainda hoje. O evento é promovido pela Secretaria Municipal de Assistência Social de Nova Iguaçu por meio da Superintendência de Direitos Humanos e Conselhos Vinculados e a Coordenação de Promoção de Igualdade Racial.
Ato em memória de Amarildo
Na última quinta-feira (13), a ONG Rio de Paz realizou um ato na Praia de Copacabana, na Zona Sul, em memória do desaparecimento de Amarildo, que completou 10 anos em 14 de julho. Na areia, foram colocados dez manequins, um para cada ano do sumiço e voluntários debaixo de um tecido transparente simbolizando a vítima e outros desaparecidos no Rio. Os filhos também participaram do movimento e colocaram uma máscara com o rosto do pai em homenagem.
Amarildo sumiu após ser levado por PMs da porta de sua casa até a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha para prestar esclarecimentos. A Justiça concluiu que ele foi torturado pelos agentes com choques elétricos, afogamento e sufocado com sacos plásticos até a morte. O corpo não foi encontrado até hoje. Nenhum familiar do pedreiro foi indenizado. Somente em agosto de 2018, o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) julgou o caso, fixando indenizações de R$ 500 mil para a viúva e para cada um dos seis filhos de Amarildo, além de R$ 100 mil para a irmã.
A ação foi parar no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que, em agosto do ano passado, decidiu por manter a decisão da Justiça do Rio de Janeiro. Apesar disso, segundo o advogado João Tancredo, representante da família de Amarildo, provavelmente a mulher, irmã e filhos não receberão a indenização antes de 2026. Durante os dez anos do desaparecimento, seis dos 12 policiais militares condenados pela morte do ajudante de pedreiro voltaram a atuar nos quadros da Polícia Militar.

Serviço 
Teatro Sylvio Monteiro: Rua Presidente Vagas, nº 51, Centro - Nova Iguaçu; 
 
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