Suel foi preso durante operação da Polícia Federal e do MPRJ Arquivo / Agência O Dia
Publicado 24/07/2023 11:28 | Atualizado 24/07/2023 11:29
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Rio - Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (24), o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa atuava na "vigilância" e no "acompanhamento" da vereadora Marielle Franco, morta em março de 2018. O ex-militar, conhecido como Suel, foi preso nesta segunda-feira, em casa, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio.

"Já poderia adiantar que ele participou de ações de vigilância e acompanhamento da ex-vereadora e apoio logístico com os demais [participantes] de toda essa cadeia criminosa. Ele teve papel importante neste contexto inteiro. Antes e depois [do crime]", afirmou o diretor-geral da PF em entrevista coletiva no Ministério da Justiça, acompanhado do ministro Flávio Dino. 
Segundo Rodrigues, a superintendência do Rio dará mais informações sobre a investigação.

Em 2021, Suel foi condenado por obstruir as investigações das mortes da vereadora e do motorista Anderson Gomes. No entanto, na sentença proferida pela 19ª Vara Criminal, ele foi autorizado a cumprir a pena em regime aberto, com prestação de serviços à comunidade. Segundo a denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ), o ex-bombeiro foi alvo de mandado de prisão "por atrapalhar de maneira deliberada" as investigações.

O ex-sargento já foi alvo de pelo menos três operações do MPRJ. Em março de 2019, durante a Operação Lume, agentes da Polícia Civil e do MPRJ foram até a casa do bombeiro, em um condomínio de luxo, no Recreio dos Bandeirantes, e apreenderam documentos que pudessem ter ligação com a morte de Marielle Franco. Suel foi levado para a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), mas não chegou a ser preso.

Em junho de 2020, o militar foi alvo da Operação Submersus 2, que investigou o sumiço de armas do policial militar reformado Ronnie Lessa. Maxwell foi localizado no mesmo endereço e preso, suspeito de ter participado do sumiço das armas que podem ter sido usadas na morte da parlamentar.

De acordo com as investigações, no dia 13 de março de 2019, um dia após as prisões dos ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, denunciados como autores dos crimes, Maxwell, junto com Elaine Pereira Figueiredo Lessa, esposa de Ronnie, Bruno Pereira Figueiredo, cunhado de Ronnie, José Marcio Mantovano e Josinaldo Lucas Freitas, presos durante a operação Submersus, ajudou a ocultar armas de fogo de uso restrito e acessórios pertencentes a Ronnie, que estavam armazenados em um apartamento no bairro do Pechincha utilizado pelo ex-policial, bem como em locais ainda desconhecidos.

O papel de Maxwell para obstruir as investigações foi ceder o veículo utilizado para guardar o vasto arsenal bélico pertencente a Ronnie, entre os dias 13 e 14 de março de 2019, para que o armamento fosse, posteriormente, descartado em alto mar.
Operação Élpis
A ação é a primeira fase da investigação que apura os homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, além da tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves. Além da prisão de Suel, os agentes também cumpriram sete mandados de busca e apreensão na cidade do Rio de Janeiro e na Região Metropolitana.
Nas redes sociais, Flávio Dino, se manifestou sobre a ação. "Hoje a Polícia Federal e o Ministério Público avançaram na investigação que apura os homicídios da Vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes", publicou.
A irmã de Marielle, ministra da Igualdade Racial Anielle Franco, afirmou que confia na PF e voltou a indagar sobre o mandante das mortes: "Reafirmo minha confiança na condução da investigação pela PF e repito a pergunta que faço há 5 anos: quem mandou matar Marielle e por quê?"
Relembre o caso
Os assassinatos de Marielle e Anderson completaram cinco anos em 2023 sem respostas sobre o mandante do crime. Os dois foram mortos no dia 14 de março de 2018. Em fevereiro desse ano, o ministro da Justiça, Flávio Dino, determinou que a PF abrisse um inquérito paralelo para auxiliar as autoridades fluminenses.

Nas investigações da Polícia Civil, o avanço mais consistente no caso aconteceu em março de 2019, quando Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa foram presos no Rio de Janeiro. O primeiro é acusado de ter atirado em Marielle e Anderson, o segundo, de dirigir o carro usado no assassinato. Quatro anos depois, eles continuam presos, mas não foram julgados. Os dois estão em penitenciárias federais de segurança máxima.
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