Publicado 29/07/2023 14:19
Rio - A Polícia Rodoviária Federal (PRF) prendeu, nesta sexta-feira (28), um dos homens de confiança e segurança do bicheiro Rogério de Andrade, durante uma blitz na Rodovia Washington Luiz, a BR-040, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Jeferson Tepedino Carvalho, o Feijão, de 34 anos, estava foragido e foi denunciado pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) na Operação Calígula, como integrante de uma quadrilha que explora o dominio territorial e os jogos de azar, comandada pelo contraventor e seu filho, Gustavo de Andrade.
Segundo a PRF, por volta das 20h, o Grupo de Patrulhamento Tático (GPT) da 1ª Delegacia do Rio fazia uma blitz na altura do pedágio de Xerém, na pista sentido Petrópolis, quando desconfiaram de um veículo e fizeram a abordagem ao motorista, que obedeceu à ordem de parada. O homem não estava com os documentos originais, mas os policiais descobriram que se tratava de Jeferson e que contra ele havia um mandado de prisão expedido pela 25ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça (TJRJ), em maio de 2022, pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Os agentes descobriram que Feijão era investigado pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ, por ser gestor de casas de jogos de azar e atuar como segurança de Andrade, e ele foi encaminhado para a 60ª DP (Campos Elísios), onde a ocorrência foi registrada. Segundo a denúncia, Jeferson além de atuar na expansão e controle territorial na exploração de jogos ilícitos e na
arrecadação e lavagem de dinheiro, também era responsável por oferecer vantangens indevidas à policiais militares e civis para impedirem ou atrasarem ações que afetassem as atividades ilícitas do grupo.
arrecadação e lavagem de dinheiro, também era responsável por oferecer vantangens indevidas à policiais militares e civis para impedirem ou atrasarem ações que afetassem as atividades ilícitas do grupo.
"'Feijão' desempenha relevante papel no contexto criminoso organizado exercendo múltiplas atividades, das quais destaca-se a segurança e a coordenação da rotina do líder da malta, trabalhando pessoalmente em seu escritório principal, bem como exercendo a administração e a gestão de territórios dominados com a finalidade de exploração de jogos de azar, o que ocorre diretamente vinculado com a prática de atos de corrupção e de lavagem de capitais", aponta a denúncia.
O criminoso, que é apontado como elo direto com o bicheiro, ainda aparece como assistente administrativo nas empresas Rai Boat Charter Serviços Turísticos Ltda e Rai Holding Participações Societárias Ltda, das quais Rogério e Gustavo são sócios diretores. De acordo com as investigações do Gaeco, ambas são utilizadas pela organização criminosa para lavagem de capitais e gestão dos negócios e recursos ilícitos.
Operação Calígula
Em maio de 2022, uma operação do Gaeco contra uma rede de jogos de azar comandada por Rogério e Gustavo, com a participação do PM reformado Ronnie Lessa - réu pela morte da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes - apontou que a parceria é antiga, pelo menos desde 2009. Em 2018, ano da morte da vereadora e do motorista, os dois se reaproximaram e abriram uma casa de apostas no Quebra-Mar, na Barra da Tijuca. O bingo chegou a ser fechado pela Polícia Militar no dia de sua inauguração. No entanto, as máquinas apreendidas foram liberadas e o local reaberto, após atos de corrupção com policiais.
A ação ainda revelou a participação de delegados da Polícia Civil no esquema criminoso, entre eles Adriana Belém e Marcos Cipriano. Na ocasião, também foi denunciado o policial civil aposentado Amaury Lopes Junior, elo do grupo com diversas delegacias, e o inspetor Vinícius de Lima Gomez foi apontado como receptor de propinas, agindo em favor de integrantes do alto escalão da instituição.
A denúncia diz ainda que o bicheiro expandiu os jogos de azar em áreas do tráfico e de milícias para aumentar seus lucros e conseguiu alcançar resultados financeiros expressivos por conta da corrupção de policiais, do poderio bélico e também pela "conexão com outras organizações criminosas independentes". O acordo seria de cooperação, enquanto Andrade cede o aparato para o Jogo do Bicho, o tráfico ou a milícia fica com parte do dinheiro obtido com a instalação de máquinas caça-níqueis e de apostas.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.