Velorio e enterro da menina Eloah, morta dentro de cas na comunidade da Ilha do GovernadorPedro Ivo/Agência O Dia
Publicado 14/08/2023 13:10
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Rio - Amigos e familiares se reuniram, na manhã desta segunda-feira (14), no Cemitério do Cacuia, na Ilha do Governador, Zona Norte, para se despedir da menina Eloah Passos, de 5 anos, que morreu após ter sido baleada no Morro do Dendê. O velório começou por volta das 11h30 e o sepultamento terminou às 13h30. 
Eloah foi atingida por uma bala perdida enquanto brincava no quarto de sua casa, na comunidade da Ilha, na manhã do último sábado (12). O tiro atravessou a janela do cômodo, atingiu a menina e chegou a deixar as cobertas da cama ensanguentadas. A menina chegou a ser socorrida para o Hospital Municipal Evandro Feire, mas não resistiu aos ferimentos.


O pai de Eloah, Gilgrês dos Santos da Silva, lembrou da sua última interação com a filha, na manhã do sábado, pouco antes de ela ser atingida: “Eu estava saindo para jogar bola, ela acordou me deu um beijo e disse: ‘Vai com Deus’. Ela mandou eu ficar com Ele aqui, e ela foi com Ele para lá”, disse emocionado.
Para Simone Passos, avó da menina, que ouviu os gritos da filha ao perceber que a neta havia sido baleada no peito, não houve bala perdida. "Não foi bala perdida, foi bala achada no peito da minha neta. Tudo pra eles é bandido, agora ‘tá aí’ minha neta, não vai voltar mais. Quando cheguei lá, vi minha filha jogada no chão com minha neta baleada no peito. Ela não vai voltar, mas a justiça vai ser feita”, ressaltou a avó, que mora na mesma casa, só que no andar de cima. 
“Eu tava na minha casa e da janela dava para ver a confusão lá embaixo. Eu só ouvi minha filha gritando, fui correndo e quando cheguei lá, minha filha estava com ela nos braços e o tiro no meio do peito, foi brutal. Infelizmente, ela não vai voltar. A justiça vai ser feita”
O líder da ONG Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, esteve no sepultamento e falou sobre a morte de mais uma criança no Rio.
"A família quer ser recebida pelo governador. Ele tem que oferecer suporte, de tudo que é espécie e natureza, para esses brasileiros, cidadãos cariocas, que estão vivendo a pior dor que um ser humano pode vivenciar na vida. Infelizmente, trata-se de uma política de segurança pública que segue uma espécie de pressão política exercida por um setor da sociedade. E que entende que com truculência nós vamos dar conta de um problema endêmico e histórico que enfrentamos na área da segurança pública", questionou o representante da ONG. 
A menina morreu após momentos de tensão nas proximidades do Morro do Dendê depois de um adolescente, 17 anos, também morrer baleado. A morte teria provocado a revolta de moradores que desceram a comunidade para realizar um protesto. Durante os atos, dois ônibus foram incendiados na região.

De acordo com a Polícia Militar, o comando do 17° BPM (Ilha do Governador) foi informado sobre a criança baleada no interior do Morro do Dendê e que foi socorrida por familiares. A corporação destacou que não havia operação no interior da comunidade e que instaurou um procedimento apuratório sobre o caso. As armas dos policiais que patrulhavam a região tiveram suas armas apreendidas. 

Devido a morte da menina e do adolescente, o comandante do 17º BPM, tenente-coronel Fábio Batista Cardoso, foi afastado da administração da unidade. A corporação explicou que a decisão foi tomada para "dar uma maior lisura e transparência à averiguação dos fatos referentes às ações ocorridas na manhã deste sábado (12), na Ilha do Governador, Zona Norte da cidade".

Os casos são investigados pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Os pais de Eloah já prestaram depoimentos na especializada e a investigação segue em andamento.
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