Publicado 24/08/2023 16:05
Rio - Rodrigo José Barbosa da Silva, preso nesta quinta-feira (24) por ser suspeito de matar quatro pessoas em Maricá, incluindo o jornalista Romário Barros, tem um perfil nas redes sociais ligado à religião e projetos sociais com crianças e idosos.
O homem, conhecido como "R meu amigo", realizava postagens ajudando diversas pessoas. Em um vídeo publicado na terça-feira (23), Rodrigo aparece em uma quadra de esportes com areia agradecendo a Deus por mais um trabalho. "Mais um projeto abençoado por Deus", escreveu.
Investigações da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG) apontaram que Rodrigo matou o jornalista Romário Barros, o vereador Ismael Breve de Martins, o advogado Thiago André Marins de Martins, filho de Ismael, e um homem, identificado como Sidnei da Silva. Os crimes foram motivados, respectivamente, pela atividade jornalística; "queima de arquivo"; conflito familiar e financeiro; e vingança.
Os assassinatos ainda tiveram participação de Vanessa da Matta Andrade e do policial militar Davi de Souza Esteves. A mulher também foi presa nesta quinta-feira (24), mas o PM segue foragido.
Segundo o delegado titular da DHNSG, Pablo Valentim, os assassinatos foram investigados em inquéritos independentes, que levaram ao assassino e aos envolvidos. "São três inquéritos diferentes que a gente chegou à indícios que levavam ao mesmo executor, mas eles foram tocados concomitantes".
A promotora do Gaeco Gabriela Aguilar explicou que o executor foi identificado a partir do modo de andar.
"As três denúncias que foram oferecidas são baseadas em três inquéritos distintos. Em cada inquérito, há provas diferentes. Algumas, há provas apenas testemunhais, outras há provas telemáticas e, principalmente, em um dos casos, houve uma prova de padrão comparativo de marcha. Foi comparado o vídeo do momento de execução (do jornalista) com o vídeo de rede social, e chegou-se à conclusão de que a marcha, o andar do executor, era muito peculiar. O joelho era geno valgo (desalinhamento ósseo), um andar 'em tesoura', e isso levou à conclusão, além das provas já trazidas até então ao inquérito, foi a prova que espancou qualquer dúvida de que seria esse realmente o executor", disse
Mortes
O jornalista Romário Barros foi morto por motivo torpe, em junho de 2019, por conta do trabalho investigativo que realizava, e mediante recurso que dificultou a defesa. As investigações apontaram que Rodrigo e Davi ficaram vigiando e esperando a vítima voltar de uma caminhada. Os suspeitos surpreenderam Romário com um ataque a tiros, sem dar a chance de reação. A especializada ainda apura se o homicídio teve motivação política.
"A gente ainda continua as investigações referentes ao mandante, porque há uma dúvida com relação a isso. A gente tem o Rodrigo como executor e há indicativo de que o Romário estava levando uma investigação a respeito de algumas condutas ali na cidade e que esse poderia ter sido o motivo da execução dele", disse o delegado Pablo Valentim.
O homicídio de Sidnei foi cometido por vingança, por conta de uma discussão na rua, poucos dias antes do crime, entre a vítima e a sua ex-cunhada, que é esposa de Rodrigo. A especializada também descobriu que a morte de Thiago, em agosto de 2019, foi motivada por um permanente conflito familiar e financeiro com Vanessa, que era sua ex-companheira e foi a mandante do crime. Por fim, o vereador, que era seu pai, foi morto logo em seguida, como "queima de arquivo", por ter presenciado o assassinato do filho.
A operação desta quinta-feira (24) cumpriu mandados de busca a apreensão nas residências de Rodrigo e Vanessa, além de em uma empresa do primeiro, onde apreenderam computadores, celulares e documentos, além de em duas casas de Davi, que não foi encontrado, todos em Maricá. Nos endereços do PM, os agentes encontram armas, munições e cerca de R$ 78 mil em espécie. A ação contou com o apoio de equipes da Coordenadoria de Segurança e Inteligência do Ministério Público (CSI/MPRJ). Procurada, a Polícia Militar informou que não vai se posicionar sobre o fato.
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