Ismael Breve e o filho - Arquivo Pessoal
Ismael Breve e o filhoArquivo Pessoal
Por THUANY DOSSARES e RAI AQUINO
Rio - O vereador Ismael Breve de Marins (DEM), de 59 anos, e seu filho, Thiago André Marins de Marins, 33, foram assassinados a tiros, na madrugada desta quinta-feira, em Maricá, na Região Metropolitana do estado. O crime aconteceu na casa deles, por volta das 3h20, na Rua Agrípio Luis da Costa, no bairro Zacarias.
Na casa onde aconteceu o crime moravam o vereador, a esposa e Thiago, que era o único filho de Ismael. 
Publicidade
De acordo com testemunhas, dois homens encapuzados, um com pistola e outro com revólver, invadiram a residência, arrombando a porta da cozinha e arrombaram também a porta do quarto de Thiago. O pai teria acordado para defender o filho e chegou a entrar em luta corporal com os bandidos.
O delegado Leonan Calderaro, após a Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG) fazer a perícia no local do crime, disse que Thiago foi atingido por pelo menos seis tiros. Já o político foi alvejado por pelo menos três disparos, sendo um deles na cabeça.
Publicidade
POLÍCIA INVESTIGA MOTIVAÇÃO

O delegado disse que, inicialmente, acredita que o alvo dos bandidos era Thiago. "Nesse momento, a gente acredita que sim (que o Thiago era o alvo), pela dinâmica, pelo fato de o quarto dele ter sido arrombado, o do pai não. Então, tudo leva a crer que ele seria sim o alvo dos executores".

Mas, a Polícia não descarta que o crime tenha motivação política. Em uma das frentes de investigação, a Polícia Civil apura se o assassinato do vereador Ismael Breve (DEM) e de seu filho Thiago André Marins, tem relação com a morte do dono do jornal O Maricá, Robson Ferreira Giorno, executado também em Maricá em maio deste ano. Giorno pretendia ser candidato a prefeito nas eleições de 2020.
Crime aconteceu no bairro Zacarias - Reprodução / Lei Seca Maricá
DISPUTA POR TERRAS
Publicidade
Familiares do vereador e do filho contaram que há uma disputa por terras na região por causa da construção de um complexo turístico. A localidade fica dentro de uma Área de Preservação Ambiental (APA) e é formada por pescadores.
"Aqui o bairro é meio difícil de ser ajudado porque a gente tem essa briga de terras", conta Arcenir Marins, que é prima de Ismael e é casada com o irmão do político. "Ele ajudava no que podia. Ele não podia fazer muito pela gente porque isso é uma briga de cachorro grande. Aqui ele não podia fazer muita coisa não".
Publicidade
Um outro primo, o pescador Vilson de Assis Correa, de 58 anos, também falou sobre a disputa na região.
"A gente não pode suspeitar de nada, mas falar de Ismael é machucar meu coração. Uma pessoa sem preço", lamentou. "A gente já vem lutando contra o grupo e ele sempre ajudou a comunidade nessa luta".
O vereador em audiência na Câmara de Maricá, nesta quarta - Divulgação / Câmera de Vereadores de Maricá
Publicidade
'NÃO TIVE A CORAGEM DE FALAR A VERDADE'
Arcenir diz que tanto pai quanto filho eram muitos queridos na região. Ela ficou com a incumbência de contar aos pais do político sobre a morte dele, mas não teve coragem.
Publicidade
"Eu fiquei lá enrolando eles durante horas e não tive a coragem de falar a verdade. Falei que ele sofreu um infarto e que estava no hospital sendo medicado, mas que ia dar tudo certo", afirmou.
O crime contra pai e filho é investigado pela Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG). A especializada fez a perícia no local, até pouco antes das 10h.
Publicidade
"Os policiais realizam ainda diligências para localizar testemunhas e câmeras de segurança que possam ajudar a esclarecer o caso", a Polícia Civil disse, em nota.
Vereador Ismael Breve - Divulgação / Prefeitura de Maricá
PRIMEIRO MANDATO
Publicidade
Ismael foi eleito vereador para seu primeiro mandato nas eleições de 2016 com 1.443 votos (1,95% do total de votos válidos). Familiares contam que ele tinha a pretensão de virar prefeito de Maricá.
Antes de ser político, ele era corretor. Seu perfil no site da Câmara de Vereadores de Maricá diz que o mandato dele tinha o "objetivo de representar os interesses da população, contribuindo com o desenvolvimento de Maricá".
Publicidade
Já Thiago era advogado e trabalhou na assessoria jurídica da prefeitura de 2017 até o ano passado. Ele era separado e deixa uma filha de 3 anos, que mora com a ex-mulher.
Em nota, a Prefeitura de Maricá disse "expressar sua indignação e revolta com esse lamentável episódio de violência na cidade". 
Publicidade
"O vereador Ismael Breve era um agente público interessado e compromissado com a melhoria da qualidade de vida da população. Sua morte trágica, tanto quanto a de seu filho, Thiago Marins, enluta e revolta a todos os que, com eles, pensavam na vida parlamentar a serviço daqueles mais necessitados. A Prefeitura reafirma a necessidade das autoridades policiais de darem respostas imediatas e elucidar os fatos que motivaram tal brutalidade. O prefeito Fabiano Horta e todo o governo reafirmam seu compromisso de luta por justiça e paz e expressam suas profundas condolências à família Marins. Que Deus conforte a todos. A Prefeitura de Maricá decreta luto oficial. Maricá não é o espaço da barbárie, mas da convivência pacífica e construtiva", o município informou, através de sua assessoria.
A Câmara Municipal de Maricá também disse lamentar as mortes.
Publicidade
"A Câmara decreta luto oficial de três dias e por isso a Casa de Leis permanecerá fechada neste período. A Câmara pede a apuração dos fatos", informou, em nota.
Cesar Maia pede mais política e menos violência
Publicidade
O Democratas disse que está em contato com a família das vítimas e que acompanhará as investigações da polícia. 
O presidente estadual do partido, Cesar Maia, assinou nota em que diz que o vereador Ismael Breve e o filho Thiago Marins são vítimas da "galopante escalada de crimes de Maricá". O vereador do Rio pede mais diálogo e política e menos violência.
Publicidade
Leia a nota completa:
"Brutalmente assassinados, o vereador do DEM Ismael Breve e seu filho Thiago Marins são duas vidas a mais na galopante escala de crimes ocorridos recentemente na cidade de Maricá.
Publicidade
É tempo de mais política, mais diálogo, mais conversa… menos violência, menos desencontros.
A política precisa de entendimentos e não de atos definitivos e covardes como esses.
Publicidade
O Democratas/RJ se solidariza com familiares e amigos nesse momento de dor e incerteza.
Que a polícia investigue e chegue aos culpados.
Publicidade
Cesar Maia
Presidente DEM/RJ”
Thiago André Marins de Marins era advogado - Arquivo Pessoal
Publicidade
OUTRAS MORTES
Em maio e junho, outras duas mortes violentas aconteceram em Maricá, ambas contra jornalistas do município. No caso mais recente, na noite do dia 18 de junho, o fundador do site Lei Seca Maricá, Romário Barros, de 31 anos, foi assassinado no bairro de Araçatiba.
Publicidade
Na ocasião, Romário estava voltando de uma caminhada para seu carro, que estava estacionado na Rua Álvares de Castro. Um homem se aproximou do veículo, abriu a porta do motorista, disparou contra ele e fugiu em seguida.
Já no dia 25 de maio, o dono do jornal O Maricá, o jornalista Robson Giorno, foi baleado e morto na porta de casa, no bairro Boqueirão. Segundo seu perfil no Facebook, ele pretendia se candidatar a prefeito nas eleições de 2020.