Publicado 05/09/2023 15:12
Rio - A Polícia Civil intimou a mulher que divide o apartamento com o estudante de medicina Yuri de Moura Alexandre, preso por agredir o ator Victor Meyniel em Copacabana, na Zona Sul do Rio, no sábado (2), para prestar depoimento sobre o caso. Ela teria presenciado o início das agressões e as ofensas contra a vítima.
A informação foi confirmada, nesta terça-feira (4), pelo delegado João Valentim, da 12ª DP (Copacabana), responsável pelo caso. Segundo ele, o depoimento da mulher está previsto para esta sexta-feira (8). Outras oitivas também estão na pauta para poder esclarecer o caso, como a do síndico do prédio, que teria sido comunicado pelo porteiro, autuado por omissão de socorro, sobre as agressões.
A investigação ainda analisa outras imagens de câmeras de segurança do prédio onde o crime aconteceu. Uma gravação mostra o momento em que Yuri joga Victor no chão e o espanca. Nesse momento, o porteiro do prédio observa as agressões sem intervir ou prestar socorro à vítima.
O acusado foi preso em flagrante e autuado pelos crimes de lesão corporal, injúria por preconceito e falsidade ideológica.
Segundo Ricardo Brajterman, advogado do ator, Victor e Yuri se conheceram na noite de sexta-feira (1º), na boate SubStation, e, após a festa, se dirigiram para o apartamento do agressor, na Rua Siqueira Campos. No dia seguinte, pela manhã, quando o ator se despediu de Yuri na portaria do prédio, a sexualidade do agressor foi revelada ao porteiro do edifício. A defesa aponta que a homofobia motivou o crime.
"Tudo leva a crer ali naquela dinâmica que, quando o Yuri teve sua sexualidade revelada na frente do porteiro, ele teria ficado alterado. E toda a agressão não é protegida pelo porteiro. Ele assiste a tudo completamente inerte e omisso. A delegada foi no local e falou com o Yuri, que confessou as agressões e se disse médico da aeronáutica. Então, a delegada pediu para que ele ligasse para seu superior. Foi aí que ele desmentiu, falou que não era verdade. Assim ele foi preso por agressão e falsidade ideológica", explicou Brajterman.
Prisão preventiva
A Justiça do Rio converteu, durante audiência de custódia realizada na tarde desta segunda-feira (4), em preventiva a prisão de Yuri. O juiz Bruno Rodrigues Pinto destacou a gravidade da violência praticada pelo estudante de medicina.
"Tenho como necessária a decretação da prisão preventiva do custodiado, para garantia da ordem pública, em razão da elevada gravidade concreta do delito, na medida em que o custodiado, de forma extremamente violenta e cruel, supostamente agrediu a vítima, desferindo contra esta vários socos no rosto e na cabeça, levando-a, inclusive, a perder os sentidos por alguns instantes, circunstâncias que demonstram a sua personalidade violenta e desequilibrada", escreveu o magistrado.
A defesa de Yuri chegou a apresentar uma certidão de casamento do suspeito com outro homem para evitar a manutenção de sua prisão. O documento indica que a união aconteceu em março de 2020, em comunhão parcial de bens. A certidão é de um cartório em Araruama, na Região dos Lagos.
Contudo, o juiz ressaltou que o fato do agressor já ter sido casado com outro homem e possuir interesse em pessoas do mesmo sexo não exclui a possibilidade dele responder por injúria por homofobia, além de lesão corporal. Na decisão, o magistrado registra que Yuri passou a ter comportamento agressivo após ter tido a sexualidade exposta.
"De acordo com a vítima, após ambos 'ficarem' dentro do apartamento do custodiado, chegou ao imóvel uma mulher com quem este dividia o espaço, momento em que o custodiado apresentou comportamento agressivo e nervoso. O custodiado expulsou a vítima do local e passou a tratá-la mal na área comum do prédio, momento em que a vítima disse que não precisava tratá-lo assim, já que ambos teriam 'ficado'. Nesse instante, o custodiado ficou alterado, pelo fato de a vítima ter exposto a sexualidade dele na frente do porteiro, e começou a gritar 'eu não sou viado, você que é viado', passando a agredir a vítima com socos no rosto e na cabeça", concluiu.
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