O ator Victor Meyniel, foi depor hoje na 12ª delegacia de Copacabana, nesta sexta-feira (08).Bruno Kaiuca/Agência O Dia
Publicado 08/09/2023 19:36
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Rio - A Polícia Civil concluiu as investigações sobre as agressões contra o ator Victor Meyniel, 26 anos, e indiciou o estudante de medicina Yuri de Moura Alexandre, 29, por lesão corporal, injúria por atos homofóbicos e falsidade ideológica. As informações foram repassadas pelo delegado da 12ªDP (Copacabana), João Valentim Neto, após o fim dos depoimentos nesta sexta (8).
"A Polícia Civil concluiu a investigação e já remeteu todos os elementos que foram produzidos após o flagrante à Justiça, e nada se alterou no panorama fático pelo depoimento prestado pela amiga do agressor. Ficou claro pela Polícia Civil que além das agressões prestadas houve sim atos homofóbicos praticados em desfavor do Victor Meyniel além do uso do documento falso", disse o delegado.

O ator foi brutalmente agredido pelo estudante, que confessou o crime e foi preso em flagrante. Segundo Ricardo Brajterman, advogado do ator, eles se conheceram na noite de sexta-feira (1º), na boate SubStation e, após a festa, se dirigiram para o apartamento do agressor, na Rua Siqueira Campos. No dia seguinte, pela manhã, Yuri expulsou Victor do apartamento e iniciou as agressões.

Ainda de acordo com o delegado, no depoimento desta sexta (8), Victor confirmou integralmente o que foi dito no anterior. Em relação às alegações da amiga do agressor, ele alegou que acredita não ter sido inconveniente. Karina de Assis Carvalho, 30, que divide apartamento com o estudante de medicina disse, na última quarta-feira (6), que o ator foi retirado do imóvel depois de ter a importunado.
 
Karina disse ainda que Victor teria ameaçado Yuri, dizendo que ele não sabia quem o ator era e que sua vida nunca mais seria a mesma, e se recusava a ir embora, forçando a porta do elevador. Em resposta, o agressor teria dado o dedo do meio. Em seguida, ela contou que voltou a dormir e, pouco depois, foi acordada pelo amigo dizendo que Meyniel ainda não havia ido embora. Mais algum tempo depois, a médica voltou a ser despertada, dessa vez pelo porteiro no interfone, dizendo que ela precisava ir à delegacia para pegar os pertences do estudante.

Apesar desta declaração, o delegado informou que não há provas da importunação e que nada justifica a brutalidade das agressões. "A eventual importunação que ela (Karina) tenha sofrido não foi apresentada provas e uma importunação não necessariamente corresponde a um crime, então não há interesse de abrir uma investigação para apurar um fato de tipicidade penal. Ainda que tenha havido um ato de inconveniência, nenhum tipo de ato justifica uma agressão brutal daquela e o ato de homofobia muitas das vezes vem de maneira velada", disse.

Valentim ainda complementou que os depoimentos confirmaram o crime de injúria por homofobia. "Não vamos ouvir mais ninguém, com as pessoas que foram ouvidas já foi o suficiente pra deixar claro que houve sim um ato homofobico. As lesões foram praticadas por uma intolerância por conta da repulsa de ter sido chancelado de gay. O MP deve se manifestar nos próximos dias", complementou.

O delegado reforçou ainda que o fato da defesa de Yuri apresentar uma certidão de casamento homoafetivo comprando sua sexualidade não anula a prática de homofobia cometida por ele.

"Embora o agressor divulgou e comprovou que a sua sexualidade não era totalmente fechada pra sociedade, ela pode ser fechada para um segmento de amizade e outras não. Ele se identificou para os policiais como médico da aeronáutcia e como casal, ou seja, como se fosse hétero, ao passo que agora chancelado como homofóbico ele se identifica como aberto então isso nao prosperou. Por isso entendemos que houve sim um ato homofóbico e que ele está sendo respobsabilizado por isso. Então essa alegação de que já tinha sido casado não prospesta, um negro pode ser racista e um gay pode ser homofóbico", finalizou.
 
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