O ator Victor Meyniel, foi depor na 12ª delegacia de Copacabana, nesta sexta-feira (8)Bruno Kaiuca/Agência O Dia
Durante as oitivas, Victor disse que logo depois de ser jogado para fora do apartamento, pediu para que o agressor entregasse seu tênis, pois estava descalço, já que momentos antes estavam juntos no sofá. Em seguida, Yuri abriu a porta e jogou o tênis, atingindo o ator. Ele ainda passou a discutir com ele, forçando-o a deixar o local.
A todo instante, Victor pedia que o agressor explicasse o motivo da mudança de comportamento, sem entender o que estava de fato acontecendo. Ele então foi empurrado para dentro do elevador, com violência, vindo a bater com a cabeça no espelho. Neste momento, ele ouviu a amiga do agressor questionar a forma agressiva com que ele colocou o ator para fora do apartamento, dizendo: "Calma Yuri, não é para tanto, não precisa disso", se mostrando assustada com o comportamento do colega.
A vítima explicou que ao acessar o elevador para descer e chegar no térreo, se surpreendeu com a chegada do agressor. Ele esclareceu que após ser espancado, tomou a iniciativa de chamar a polícia, ligando de seu próprio telefone para o número 190, sem qualquer tipo de socorro de terceiros.
Em relação à maneira que tratou a amiga de Yuri, a médica Karina Assis Carvalho, 30 anos, o ator disse que tentou agir de maneira gentil, pois até a chegada dela se sentia muito à vontade no apartamento, devido ao comportamento inicial do estudante de Medicina, que após a chegada de Karina percebeu que um "climão" se formou. Ele, então, passou a tentar deixar o clima mais "leve", buscando mais contato com ela, mas em nenhum momento, em seu entender, foi deselegante ou inconveniente.
Ele disse ainda que em nenhum momento fez qualquer tipo de deboche ou diminuiu a condição profissional da médica, e que por diversas vezes ouviu da própria que ele poderia ficar à vontade no apartamento, que se sentisse em casa, mas que Yuri mudou bruscamente o comportamento após a chegada dela.
Victor Meyniel foi brutalmente agredido por Yuri de Moura Alexandre, que confessou o crime e foi preso e autuado em flagrante pelos crimes de lesão corporal, injúria por preconceito e falsidade ideológica. Segundo Ricardo Brajterman, advogado do ator, eles se conheceram na noite de sexta-feira (1º), na boate SubStation e, após a festa, se dirigiram para o apartamento do agressor, na Rua Siqueira Campos. No dia seguinte, pela manhã, quando eles despediram na portaria, a sexualidade do agressor foi revelada ao porteiro do edifício.
A defesa do estudante apresentou uma certidão de casamento homoafetivo, durante audiência de custódia, na segunda-feira (4), para evitar a manutenção da prisão. Entretanto, Yuri teve a prisão convertida em preventiva por conta da gravidade da violência e a decisão da Justiça também ressaltou que o fato dele já ter sido casado com outro homem não exclui a possibilidade dele responder por injúria por homofobia, além da lesão corporal.
Nas imagens que foram gravadas pelo circuito de segurança do prédio, Yuri joga Victor no chão e distribui socos contra ele. Nesse momento, o porteiro do prédio observa a cena sem intervir ou prestar socorro. Gilmar José Agostini foi autuado por omissão de socorro. Em depoimento, o síndico do prédio defendeu o homem, alegando que ele é uma pessoa simplória, tem medo das coisas, é diabético e cuida do irmão que está internado. Marcos de Carvalho Abrantes afirmou ainda que ele interfonou informando que estava acontecendo uma briga na portaria e que Yuri era o autor das agressões contra o ator.
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