Publicado 16/09/2023 21:20
Rio - O sambista Rogerinho Catatuia e o artística Celynho Show, performance de Zé Pilintra, uma das entidades mais populares das religiões de matriz africana, denunciam que foram alvos de intolerância religiosa nas redes sociais. Os ataques com comentários preconceituosos foram proferidos em um vídeo que Rogerinho publicou em suas redes sociais no dia 5 de setembro. Nas imagens, Celynho aparece dançando e perfomando a entidade durante uma roda de samba em um bar na Lapa, no Centro do Rio.
A apresentação foi compartilhada com o intuito de mostrar o conteúdo artístico, mas recebeu comentários preconceituosos. "Homenagem ao satanás", "Puro satanás dançando", "Tá amarrado" e "Tá repreendido em nome de Jesus", foram algumas das mensagens deixadas na publicação. O post já recebeu mais de 1,5 mil comentários e foi visto mais de 390 mil vezes.
Rogerinho, dono do perfil, respondeu com o seguinte comentário: "Obrigado a todos pelas palavras, curtidas e compartilhamentos... E aos intolerantes que não respeitam a religião alheia que procurem evoluir". Veja o vídeo da apresentação:
O caso será registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) na próxima segunda-feira (18).
Dados relacionados à ataques de discriminação religiosa registrados no Rio de Janeiro, em 2021, elaborados pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), apontou que 91% dos ataques foram direcionados à religiões de matriz africana. Já de 2021 para 2022, o número de denúncias de discriminação cresceu cerca de 106%.
Também em 2021, foram registradas 47 denúncias de discriminação religiosa, segundo o Observatório de Liberdade Religiosa (OLR), sendo 43 delas contra religiões de matrizes africanas. Entre os crimes mais relatados no relatório estão injúria contra pessoas e comunidades, além de vandalismo em templos.
A injúria por preconceito é o ato de discriminar um indivíduo em razão da raça, cor, etnia, religião ou origem. Já o preconceito de raça, cor, religião, etnia e procedência nacional tem por objetivo a inferiorização de todo um grupo étnico-racial e atinge a dignidade humana. A tipificação criminal de ultraje a culto é determinada pela ridicularização pública, impedimento ou perturbação de cerimônia religiosa.
Como denunciar
Esses crimes podem ser denunciados em qualquer delegacia. O estado do Rio de Janeiro conta ainda com a Delegacia de Combate a Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que é especializada no atendimento de vítimas de racismo, homofobia e intolerância religiosa. A unidade funciona no Centro do Rio (Rua do Lavradio, nº 155), em dias úteis. Os registros também podem ser feitos pela Delegacia Online da Secretaria de Estado de Polícia Civil (https://delegaciaonline.pcivil.rj.gov.br/).
Como denunciar
Esses crimes podem ser denunciados em qualquer delegacia. O estado do Rio de Janeiro conta ainda com a Delegacia de Combate a Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que é especializada no atendimento de vítimas de racismo, homofobia e intolerância religiosa. A unidade funciona no Centro do Rio (Rua do Lavradio, nº 155), em dias úteis. Os registros também podem ser feitos pela Delegacia Online da Secretaria de Estado de Polícia Civil (https://delegaciaonline.pcivil.rj.gov.br/).
Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa neste domingo (17)
Neste domingo (17), a Praia de Copacabana vai receber a 16ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa. O evento, que tem como objetivo chamar a atenção para a importância da boa convivência entre as diferentes crenças e cobrar medidas de combate a intolerância, reúne há anos representantes de diversos segmentos da fé, como católicos, evangélicos, judeus, muçulmanos, kardecistas, candomblecistas, umbandistas e budistas.
A iniciativa, que chega em sua 16ª edição figura entre os maiores eventos inter-religiosos do Brasil, surgiu em 2008, em reação aos episódios de intolerância religiosa que aconteceram no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, Zona Norte. Na ocasião, adeptos das religiões de matriz africana foram expulsos da comunidade pelo traficante Fernandinho Guarabu, que, na época, comandava o tráfico no local e os impedia de usar suas vestes religiosas e seus fios de conta.
Além das caminhadas, os religiosos criaram a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), que passou a ser um importante instrumento de acolhimentos e denúncias dos crimes de intolerância religiosa.
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