Nayla Maria da Silva, mãe de uma das crianças mortas a marteladas, vai ser ouvida na 34ª DP (Bangu)Cléber Mendes/Agência O Dia
Publicado 03/10/2023 15:41 | Atualizado 03/10/2023 16:27
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Rio - A Polícia Civil vai ouvir novamente, na tarde de quarta-feira (4), Nayla Maria Gonçalves, mãe de uma das crianças mortas a marteladas pelo próprio paiDavid Souza Miranda, no último dia 22 de setembro. O delegado da 34ª DP (Bangu) solicitou um novo depoimento, pois no primeiro Nayla estava muito abalada e não conseguiu falar. A 34ª DP está encarregada de investigar as denúncias de violência doméstica sofridas por Nayla contra o ex-companheiro David. Já a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) está responsável pelas investigações que envolvem as mortes.
Familiares e amigos da família das vítimas se organizam para fazer um protesto, nesta quarta-feira (4), às 13h30, na porta da distrital para pedir por justiça e celeridade nas investigações. 
David está preso por matar a filha Luísa Fernanda, de 5 anos, e a sobrinha Ana Beatriz, de 4, com marteladas, no último dia 22, em Senador Camará, na Zona Oeste do Rio. Natasha Maria Silva Gonçalves de Albuquerque, que acompanhava as meninas, foi torturada e queimada por Davi. Ela está internada no Hospital Municipal Pedro II desde o dia do crime e seu estado de saúde é considerado grave. 
Natasha é mãe de Ana Beatriz e irmã de Nayla. Ela acompanhava a sobrinha Luísa durante uma visita de rotina à casa do pai, já que Nayla estava separada há um mês. Ao chegarem ao local, as vítimas foram amarradas e Natasha foi torturada. Depois, ele deu marteladas nas duas meninas e ateou fogo na casa para fugir com o carro da ex-companheira. 
Natasha conseguiu se soltar e levou os corpos das crianças até o portão, quando foi socorrida por vizinhos, que acionaram a Polícia Militar. Luiza e Natasha foram socorridas para o Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. A menina morreu ao dar entrada na unidade. Já Ana Beatriz foi levada para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde já chegou sem vida. Posteriormente, Natasha, em estado grave, foi transferida para o Hospital Pedro II, onde permanece sob cuidados médicos.
De acordo com a Polícia Civil, Davi dirigiu do local do crime até cair com o carro na linha férrea na altura da Mangueira, na Zona Norte da cidade. Moradores da região foram ao local do acidente e viram um celular tocando no meio do mato. Uma pessoa que atendeu foi informada de que Davi havia acabado de matar duas crianças e então a polícia foi acionada. Davi fugiu a pé do local do acidente e foi capturado por policiais do Segurança Presente na Rua Conde de Bonfim, em frente ao Tijuca Tênis Clube, na Zona Norte.
Relacionamento conturbado
Nayla e David tiveram um relacionamento que durou nove anos e moraram juntos até a separação. Segundo familiares das vítimas, David era um homem controlador, mas não demonstrava isso para a família da mãe de Luiza. Segundo relatos, a jovem, de 23 anos, não podia ter celular, amigos e nem acesso a redes sociais. O relacionamento acabou quando a mãe de Luísa fugiu, registrou um boletim de ocorrência e conseguiu uma medida protetiva contra David por violência doméstica. Porém, ele ainda tinha o direito de ver a filha uma vez por semana.
Filho de David teria participado de outros crimes praticados pelo pai
Nayla denuncia que o filho do criminoso, Christian Miranda, de 18 anos, participou de outros crimes praticados pelo pai contra ela. A mulher esteve na 35ª DP (Campo Grande), no último dia 25, para registrar um boletim de ocorrência contra Christian por estupro, invasão de propriedade e danos morais, mas como já havia uma denúncia em andamento sobre o caso na 34ª DP (Bangu) – constando somente o nome de David –, Nayla foi orientada a formalizar a inclusão do nome de Christian na ocorrência na distrital de Bangu. Ela chegou na delegacia de Campo Grande acompanhada de uma equipe da Patrulha Maria da Penha, da Polícia Militar.
Nayla afirma que David e o filho dele a estupraram no ano passado, mas que na ocasião registrou um boletim somente contra o ex-companheiro. Ela também denuncia que pai e filho atiraram pedras contra a casa da avó dela para que a mesma voltasse a morar com David em Senador Camará. Este último crime teria acontecido há um mês e foi registrado na 34ª DP.
Christian nega as acusações e diz ser inocente.
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