Publicado 13/10/2023 12:23
Rio - A supervisora de rouparia Viviane Lima José Laclot, de 48 anos, foi enterrada no fim da manhã desta sexta-feira (13), no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio. Muito emocionado, o irmão da vítima pediu por justiça e ressaltou a covardia com que a mulher teria sido assassinada pelo ex-namorado. Na quarta-feira (11), Viviane foi encontrada morta no bairro Corumbá, em Nova Iguaçu, em frente à casa onde vivia com o suspeito há pouco mais de dois meses.
"O que mais me intriga é: será que ele premeditou? Ela não teve defesa. Totalmente covarde, foram 13 tiros. Ele foi para matar mesmo! Quem não quer matar, não dá 13 tiros numa pessoa. O que eu peço é só justiça, que a polícia fique em cima desse caso e que ele não fique impune. Que a gente possa ter êxito nesse caso, só isso. Quero que ele pague pelo que fez e minha irmã não seja só mais uma", desabafou Carlos Alberto Lima.
O irmão também contou que no dia em que Viviane foi assassinada, na quarta-feira (11), o suspeito esteve na casa dele, por volta das 8h, para deixar pertences e a cadela de estimação da vítima. Os dois conversaram rapidamente sobre uma briga que havia acontecido entre o casal, mas Carlos conseguiu confirmar que a irmã estava no trabalho e se sentiu aliviado.
"As horas foram se passando e, à noite, veio essa triste notícia. Minha mãe mandou mensagem às 22h e pouco, dizendo que ela ainda não havia chegado em casa. Eu disse: 'mãe, não se preocupa porque o trânsito está todo parado, principalmente na Barra'. Eu estava voltando para casa. Quando cheguei, vi meus familiares e amigos me esperando. Foi aí que eu recebi a notícia", contou.
De acordo com relatos de testemunhas, o suspeito esperou dentro de um carro e atirou na vítima assim que ela chegou. Familiares afirmam que o homem tinha comportamento ciumento e o casal passou por diversas idas e vindas durante os dois anos de relacionamento.
Policiais do 20º BPM (Mesquita) estiveram no local da ocorrência e preservaram a área para a perícia da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), que investiga o caso. O suspeito fugiu e, até o momento, não foi localizado.
Ainda durante o sepultamento, Carlos Alberto disse que tinha uma ótima relação com a irmã e está preocupado sobre como sua mãe lidará com a situação.
"A nossa convivência era 10, a gente parecia unha e carne. Somos os únicos filhos da minha mãe. Agora, minha preocupação é com ela, dar forças… Estou abalado, me segurando porque tenho que ser forte, não por mim, mas pela minha mãe. Minha irmã não merecia isso, nem ninguém. Ela começou a trabalhar cedo, era guerreira, prestativa… Saía de casa às 5h para trabalhar na Barra e ficava no trabalho até 19h", lamentou.
Dados de feminicídio
Um levantamento do Instituto de Segurança Pública (ISP) apontou que o Estado do Rio registrou, até julho deste ano, 64 feminicídios e 166 tentativas do crime. De acordo com o órgão, o mês que teve mais mulheres mortas foi maio, com 13 casos.
Nesta segunda-feira (9), Catarina Leite de Brito, de 22 anos, foi encontrada morta enrolada em um saco e amarrada com cordas na RJ-114, em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio. Ela estava grávida de oito meses e seu corpo tinha sinais de violência.
Natasha Maria Silva Gonçalves de Albuquerque, de 30 anos, morreu no domingo (8), depois de ficar 16 dias internada no Hospital Municipal Pedro II. Ela foi torturada e teve 90% do corpo queimado pelo ex-cunhado Davi Souza Miranda em Senador Camará, na Zona Oeste da capital. Na ocasião, sua filha Ana Beatriz Albuquerque, de 4 anos, e Luísa Fernanda da Silva, de 5 anos, filha do suspeito, também foram assassinadas.
Em 2022, um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) apontou que o Rio de Janeiro foi um dos locais mais inseguros para mulheres no Brasil. No ano passado, o estado registrou o maior número de tentativas de feminicídio do país com 293 ocorrências, 11% a mais do que o ano anterior, que teve 264.
* Colaborou Cleber Mendes
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