Publicado 19/10/2023 18:44
Rio - Oito das 21 armas que foram furtadas de um quartel do Exército, na cidade de Barueri, em São Paulo, foram recuperadas pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), no fim da tarde desta quinta-feira (19), na Gardênia Azul, Zona Oeste do Rio.
As metralhadoras estavam dentro de um carro que saiu da Rocinha, na Zona Sul. Segundo a Polícia Civil, agentes da especializada monitoraram o veículo até a chegada na Gardênia. Os policiais evitaram abordar o carro no translado para que não houvesse uma troca de tiros.
Foram recuperadas quatro metralhadoras ponto 50 e outras quatro MAGs, calibre 7,62. Essas últimas são capazes de derrubar aeronaves. As armas estavam dentro do carro que foi monitorado. O veículo era roubado e também foi apreendido. Não houve registro de presos até o momento.
Através das redes sociais, o governador Cláudio Castro (PL) parabenizou a ação dos policiais. "De janeiro a setembro deste ano, nossas forças estaduais de segurança já retiraram das mãos de criminosos mais de 4.900 armas de fogo. E o número de apreensão de fuzis aumentou expressivamente. Nossas investigações seguem avançando, com inteligência e aparato técnico. Nossa política de segurança atua fortemente para prender lideranças e asfixiar financeiramente as organizações criminosas. Não retrocederemos um milímetro sequer para essas máfias. O Estado não vai recuar", publicou.
Armas foram compradas pelo Comando Vermelho
De acordo com as investigações, o Comando Vermelho (CV) comprou as armas furtadas do Exército. A apuração já tinha confirmado que as metralhadoras haviam sido oferecidas à maior facção criminosa do Rio. Agentes apuraram que o grupo pediu, por cada arma ponto 50, R$ 180 mil.
Segundo a Polícia Civil, a oferta das armas foi feita ao traficante William de Souza Guedes, o Corolla, criminoso que, atualmente, chefia a comunidade de Manguinhos, na Zona Norte do Rio. Ele é apontado como um dos homens de confiança dos chefes do CV.
Na noite desta quinta-feira (19), o secretário de Estado de Polícia Civil, delegado Marcus Amim, disse que as armas foram adquiridas para ajudar a facção na disputa territorial com milicianos na Zona Oeste do Rio. Os traficantes que adquiriam o armamento já foram identificados.
"Elas foram adquiridas pela facção para serem usadas no enfrentamento e na disputa de território na Zona Oeste, onde elas foram recuperadas. Nós identificamos os traficantes que adquiriram essas armas em nome da facção junto com a inteligência do Exército. Estamos agora identificando aqueles que foram responsáveis por subtrair essa armas e transportá-las até as comunidades aqui do Rio de Janeiro. Parte desse armamento já tinha sido reservado para essa facção criminosa que está em um movimento de expansão na região da Zona Oeste disputando com grupos paramilitares esses territórios", contou ao 'RJTV', da TV Globo.
Um vídeo que circula nas redes sociais mostrando quatro armas furtadas em uma tentativa de venda ajudou a investigação. A gravação foi encaminhada para o Exército e incluído no Inquérito Policial Militar que apura o desvio do armamento. Ao todo, 21 metralhadoras, sendo 13 calibre ponto 50 e 8 calibre 7,62, foram levadas.
O Comando Militar do Sudeste informou que 50 militares já prestaram depoimento e 160 estão mantidos "aquartelados" e impedidos de deixarem o quartel até o momento. Segundo o Exército, a ausência foi notada durante uma inspeção no local no último dia 10.
Exoneração de diretor
O general Maurício Vieira Gama, chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Sudeste do Exército, afirmou, nesta quinta-feira (19), que o diretor do Arsenal de Guerra em São Paulo será exonerado do cargo após o furto de 21 metralhadoras do quartel em Barueri.
Ainda segundo o general, há militares envolvidos no desvio, mas eles não serão identificados por enquanto porque o caso está sob sigilo.
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