Operação mira braço financeiro da milícia na Baixada Fluminense

Rio - Uma ação para combater algumas das principais fontes de renda da milícia prendeu dez pessoas nesta quarta-feira (25), além de apreender veículos de transporte alternativo irregular, botijões de gás e cigarros clandestinos, em Itaguaí e Seropédica, na Baixada Fluminense. A Operação Integrada foi realizada por equipes das polícias Militar e Civil, além do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Departamento de Transportes Rodoviários do Rio (Detro-RJ) e da Angência Nacional do Petróleo (ANP). 

A operação realizou ocorrências contra atividades irregulares exploradas por milicianos em nove locais como depósitos, lojas, escritórios imobiliários e terrenos. Dez pessoas foram presas, um animal silvestre resgatado, nove veículos de transporte alternativo e uma motocicleta apreendidos. Os agentes ainda encontraram 894 maços de cigarro clandestino, 32 botijões de gás, duas máquinas caça-níqueis e dezenas de produtos contrabandeados, como acessórios para celulares, equipamentos eletrônicos e roupas. 

O objetivo foi coibir as atividades exploradas de forma irregular que financiam os grupos paramilitares responsáveis pela depredação e incêndio de mais de 30 ônibus no Rio, como construções, transporte alternativo, pirataria, revenda de botijão gás de cozinha, depredação ambiental em áreas de preservação, além de verificar informações do Disque Denúncia e o envolvimento de policiais militares com milicianos. As Forças de Segurança do Estado atuaram com equipes do 3º Comando de Policiamento de Área (3º CPA), Comando de Polícia Ambiental (CPAm), 24º BPM (Queimados), da 8ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) e as Delegacias de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) e de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA). 

A ação acontece dois dias após uma onda de ataques na Zona Oeste, promovida pela milícia após a morte de Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão ou Teteu, em uma operação na comunidade Três Pontes, em Santa Cruz. Ele era sobrinho e sucessor de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho. Os criminosos incendiaram 35 ônibus, sendo 20 municipais, cinco BRTs e outros 10 de turismo e fretamento, além de um trem na altura da estação Tancredo Neves, em Paciência, outros veículos e estações do BRT. 

A corregedoria da PM prendeu administrativamente o sargento do Batalhão de Choque (BPChq), Bruno Bento do Nascimento, dono da arma encontrada com Faustão. A Polícia Civil investiga o criminoso Rui Paulo Gonçalves Estevão, o 'Pipito', de 33 anos, apontado como o sucessor de Teteu e responsável por coordenar os ataques. A instituição ainda pretende descobrir se, além da represália pela morte do criminoso, as ações do grupo foram uma estratégia para para despistar a segurança pública e Zinho, líder da maior milícia do Rio de Janeiro, conseguir fugir da favela.