Publicado 07/11/2023 22:35
Rio - Ao saber que seu quiosque tinha pegado fogo, Tárik Barbosa só pensou em ligar para seu pai. Em 1986, Joilton Ferreira Barbosa começou o estabelecimento do zero na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, e, décadas depois, deixou sob a responsabilidade de seu filho. Se sentindo culpado pelo incêndio na manhã desta segunda-feira (6), Tárik ouviu uma mensagem de conforto. "Filho, fica tranquilo. A parte mais difícil já passou há 37 anos, quando a Barra não era nada e não tínhamos nenhum cliente", disse Joilton, que atualmente mora em João Pessoa, na Paraíba.
Desde o incêndio, o dono do quiosque tem recebido o carinho dos clientes que cultivou com seu pai ao longo de quase quatro décadas. Ainda abalado com o acidente, ele conta que recebeu mais de 300 mensagens pelo WhatsApp, incluindo do prefeito Eduardo Paes. "Nem sei como ele conseguiu meu celular (Risos). Fiquei até meio sem jeito, não é todo dia que você recebe mensagem de um prefeito, principalmente de uma cidade como o Rio. Eu nem sabia o que responder", brincou.
A ajuda que Tárik tem recebido não vem só de mensagens motivacionais. Alguns amigos e clientes já elaboraram diferentes formas de colaborar com o reconstrução do quiosque. Uma cantora ofereceu um show beneficente com a renda voltada para o novo estabelecimento. Outro cliente abriu uma vaquinha on-line, que pode ser encontrada no perfil de Instagram do quiosque (@quiosquedojoilton).
"Quando cheguei no Rio, começou a cair um monte de PIX na minha conta, eu não sabia o que era. Cheguei no quiosque e tinha muita gente me esperando. Desde o primeiro momento, vi que já tinha gente ajudando. Amigos, clientes, funcionários… Todo mundo me abraçou, com palavras positivas… Eu só recebi pessoas com pensamento positivo, com boas ideias, com frases motivacionais. Um dos clientes que estava lá foi quem criou a vaquinha e colocou meu CPF. Eu disse para minha mulher que não sabia que éramos tão queridos assim", contou.
De acordo com Tárik, ele tinha viajado com um amigo no domingo à noite, mas uma funcionária presenciou o início do incêndio, por volta das 9h40 de segunda. Ela relatou que um curto-circuito na parede que divide os quiosques iniciou as chamas. A mulher acredita que o fogo se alastrou em direção à fritadeira, que fica ao lado. Em seguida, subiu por conta do exaustor e chegou no teto do quiosque. "Como é madeira e fibra, pegou fogo muito rápido. Lambeu tudo muito rápido", lamentou.
O incêndio está sendo investigado pelos policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca), que ainda não receberam o laudo da perícia. Os investigadores, no entanto, acreditam que o fogo tenha sido acidental, causado por um curto-circuito, como conta a versão da funcionária.
O empresário ainda não teve tempo de calcular o prejuízo, mas estima que gire em torno de R$ 800 mil. Ele contou que havia feito uma reforma recentemente, além de ter comprado novos equipamentos há poucas semanas e instalado novos equipamentos de segurança.
"A Orla Rio tem um seguro, mas paga só o quiosque no 'esqueleto'. A parte mais cara somos nós que pagamos. Toda uma estrutura que foi por água abaixo. Tomei um prejuízo violento", explicou.
Enquanto seu quiosque não é reconstruído, a Orla Rio disponibilizará um local para que Tárik possa trabalhar com seus funcionários. Ele afirmou que não demitirá ninguém de sua equipe e vai dar um jeito de pagar todos mensalmente. Hoje, às 6h30, ele já estava de pé para atender seus clientes na praia. Vendeu os produtos do quiosque ao lado, mas não deixou de fazer o que mais ama.
"Estou aqui desde que nasci, tenho um amor por isso daqui… Aqui é a história da minha família, do meu pai, da minha mãe, do meu irmão e minha. Mato e morro por isso daqui. Não posso desanimar de jeito nenhum. Papai do céu vai abençoar e estarei 100% daqui a alguns meses", concluiu.
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