Publicado 05/12/2023 16:51
Rio - Um corpo de um homem foi deixado, na tarde desta terça-feira (5), na frente de um Destacamento de Polícia Ostensiva (DPO) na Covanca, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. É a sexta pessoa morta na região em 24h.
Segundo a Polícia Militar, uma equipe do 18º BPM (Jacarepaguá) foi acionada para a Estrada da Covanca para verificar uma ocorrência de encontro de cadáver. No local, moradores disseram aos policiais que um grupo de pessoas resgatou o corpo do homem de uma área de mata e o chamou os agentes.
Relatos nas redes sociais apontam que o homem era um traficante da região. A PM informou que havia um mandado de prisão em aberto contra o indivíduo.
O caso foi registrado na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). De acordo com a Polícia Civil, os agentes da especializada realizam uma investigação para apurar as circunstâncias e a autoria da morte de Antônio de Carvalho Lima.
Sexta morte em 24h
A morte desta terça-feira (5) foi a sexta ocorrida na região desde esta segunda-feira (4). Ontem, outros cinco homens morreram em uma operação da PM. Destes, quatro eram suspeitos de integrar o crime organizado do Morro da Covanca, ligado à facção Comando Vermelho (CV). Já o mototaxista Antônio Carlos Nascimento Lima, de 35 anos, foi morto a tiros em outro ponto da comunidade.
A Polícia Militar informou que o 18º BPM (Jacarepaguá) foi verificar denúncias na comunidade e, durante as buscas, as equipes foram atacadas a tiros por criminosos e houve confronto. Na troca de tiros, quatro suspeitos, que não tiveram as identidades reveladas, foram baleados, socorridos e encaminhados para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, mas não resistiram.
Posteriormente, os PMs foram acionados para a Estrada da Covanca, onde Antônio foi encontrado morto. Momentos antes de ser atingido, o mototaxista enviou mensagens para a mulher falando sobre o confronto na região. A troca de mensagens entre o casal aconteceu entre 12h17 e 12h29, quando Antônio diz que está no Morro da Covanca e que "a bala 'tá' comendo". Paola Nascimento então pede que o marido saia do local e em seguida ele lhe envia uma foto de uma viatura da Polícia Militar, dizendo que sairá. A mulher então pede que ele tenha cuidado e, pouco depois, pergunta se ele vai para casa almoçar. Dez minutos depois, ela pergunta se ele já deixou a comunidade e há uma ligação de dois minutos, sem mais conversas entre eles.
Familiares de Antônio estiveram, na manhã desta terça-feira (5), no Instituto Médico Legal (IML) para liberação de seu corpo. De acordo com Telma Conceição Lima, tia do jovem, o sobrinho foi baleado por policiais militares no momento em que fotografava uma encomenda para a plataforma, sem ter sido abordado.
"Foi um baque. Eu tinha acabado de chegar do trabalho quando fiquei sabendo da tragédia. Ele foi levar a encomenda, desceu com a encomenda, estava tirando foto para mostrar no aplicativo do Uber, quando aconteceu. Quando ele virou para a polícia, a polícia atirou nele. Foi covardia, podia ter chegado nele, perguntado do que estava tirando foto para ver, não fazer o que fizeram. Foi muita covardia, deixou um filho de 6 anos. Quatro meses trabalhando nessa porcaria de Uber e quatro meses e eu briguei com ele. Foi covardia e infelizmente vai ficar por isso, porque não vão resolver nada. Por mais que a gente 'dê parte', vai ficar por isso mesmo", desabafou a tia.
Wagner José de Freitas, sogro de Antônio Carlos, contou que o genro comprou sua moto recentemente e tentava juntar dinheiro para a formatura do filho, marcada para esta sexta-feira (8). Ele teria aceitado fazer a entrega para a Zona Oeste por conta do valor mais alto.
"Eu acho que ele fez essa corrida porque o netinho da minha esposa ia fazer uma formatura e ele estava precisando de dinheiro e por isso, a gente acredita que ele foi lá para pegar esse dinheiro, porque era uma viagem mais longa, para poder ajudar na formatura do filho dele e, infelizmente, aconteceu isso (...) A gente não está culpando ninguém, polícia ou bandido, eu sei que ele tomou um tiro e a gente não sabe de onde veio, quem foi. Eu acho que Justiça tem que descobrir, ir a fundo para descobrir o que, de fato, aconteceu".
Procurada, a Uber afirmou que "lamenta profundamente que cidadãos sejam vítimas da violência urbana que permeia nossa sociedade" e que prestam toda a solidariedade à família. "A empresa segue à disposição das autoridades, nos termos da lei."
Antônio foi sepultado no fim da tarde desta terça-feira (5) no Cemitério Tanque do Anil, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
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