Publicado 06/12/2023 20:18 | Atualizado 06/12/2023 20:29
Rio - A Polícia Civil está analisando câmeras de segurança para tentar elucidar a morte do assistente de imigração Leonardo Alves Quintanilha, de 28 anos, que foi brutalmente agredido por criminosos durante um assalto, no Centro do Rio. As investigações estão a cargo da Delegacia de Homicídios da Capital, que trabalha para descobrir a identidade dos autores do crimes. Leonardo foi enterrado na tarde desta quarta-feira (6), no Cemitério Parque da Paz, em São Gonçalo, na Região Metropolitana.
Parentes e amigos prestaram homenagens a Leonardo, no entanto, o clima de revolta pela violência empregada na morte do jovem prevaleceu. Familiares seguraram cartazes em protesto ao ocorrido com dizeres como: 'Polícia do Rio de Janeiro sucateada', 'Basta de violência', 'Mataram nosso Leo' e 'Existe Segurança Pública?'. A irmã de Leonardo, que está grávida, e a mãe passaram mal durante o enterro e precisaram ser amparadas.
A vizinha de Leonardo, que o viu crescer, Jaqueline Oliveira, de 50 anos, disse, muito emocionada, que o jovem era um 'menino de ouro' e que havia saído de sua casa, em São Gonçalo, para morar no Rio de Janeiro justamente por medo de ser assaltado na volta para a casa. "Ele tinha todos os sonhos. Ele saiu de casa pois trabalhava no Galeão. O maior medo dele era justamente acontecer o que aconteceu, de ele estar no ponto do ônibus, saindo do Galeão para o Galo Branco [bairro de São Gonçalo], e ele ser assaltado, sofrer algum tipo de espancamento", revelou.
Ainda segundo Jaqueline, ainda não se sabe exatamente o que aconteceu no assalto que vitimou Leonardo, no entanto, a versão que a polícia trabalha seria de que ele estava no ponto de ônibus fazendo companhia a um amigo, quando cinco homens desceram de um ônibus e foram na direção deles para fazer o assalto. Leonardo foi agredido e jogado no chão. Nesse momento, ele se levantou e foi atrás dos agressores, que fugiram para o ônibus, e acabou caindo do coletivo.
"Ele está com o corpo cheio de hematoma. Ele não teve chance de defesa nenhuma, cinco pessoas agredindo", lamentou a vizinha.
Raian Marchezzi, de 28 anos, amigo de infância de Leonardo, ainda estava em choque com o ocorrido e revelou que ele e o jovem eram inseparáveis. "Leo era um irmão para mim. Ele era um bom filho, um bom amigo. Ele se desdobrava em mil para estar presente em todos os eventos que os amigos e irmãos chamavam. 'Inimigo do Fim', como ele era conhecido. Ele sempre foi uma pessoa do bem e ver que ele partiu de uma forma dessas…", lamentou.
"Recentemente, tínhamos feito uma tatuagem que dizia assim mais ou menos assim: Precisamos viver mais um dia. E então aconteceu isso. Acho que essa é a mensagem que ele deixou para nós", disse o melhor amigo de Leonardo, Emerson Lobo, de 28 anos.
A presidente da OAB de São Gonçalo Andreia da Silva Pereira e o presidente da Comissão de Direito Humanos da OAB do município Reinaldo Pereira dos Santos também estiveram presentes no enterro e garantiram que irão auxiliar na resolução do caso.
"Estamos sem nem saber o que falar diante dessa tristeza que fez essa barbárie. E nós como instituição vamos estar engajados, juntamente com a comissão de direitos humanos, para estar buscando tudo o que for necessário para estar apurando o caso", garantiu Andreia.
"Nós efetivamente vamos acompanhar toda a fase do inquérito policial para auxiliar as autoridades policiais na busca desse resultado, a identificação dos autores envolvidos nessa barbárie, Além disso, vamos fazer uma apuração pedindo a autoridade policial para que investiguem se houve negligência médica, ausência do socorro adequado ao Leonardo. Todas as medidas legais para se apurar e responsabilizar os personagens envolvidos nessa barbárie serão feitas", completou Reinaldo.
Relembre o caso
O assistente de imigração Leonardo Quintanilha, de 28 anos, agredido durante um assalto no Centro do Rio na terça-feira passada (28), teve morte cerebral declarada na segunda-feira (4) pela equipe médica do Hospital Souza Aguiar.
Segundo Isabella, Leonardo, que era natural de São Gonçalo, morava próximo à Candelária e teria saído com um amigo para comer na noite do dia 28. Na volta, os dois caminharam até um ponto de ônibus na Avenida Beira-Mar, onde o assistente de imigração e o amigo foram alvos de um grupo de criminosos.
"Eles tinham saído para lanchar e quanto voltaram ele ficou com esse amigo no ponto de ônibus. Quando eles estavam lá, meu irmão percebeu alguma coisa estranha e avisou para esse amigo correr, que era um assalto. Os bandidos teriam pulado pela janela do ônibus e alcançaram meu irmão. Espancaram ele brutalmente. Tudo isso por causa de um celular e de uma pochete com cartões", relata.
"Eles tinham saído para lanchar e quanto voltaram ele ficou com esse amigo no ponto de ônibus. Quando eles estavam lá, meu irmão percebeu alguma coisa estranha e avisou para esse amigo correr, que era um assalto. Os bandidos teriam pulado pela janela do ônibus e alcançaram meu irmão. Espancaram ele brutalmente. Tudo isso por causa de um celular e de uma pochete com cartões", relata.
Depois disso, a irmã conta que o irmão teria conseguido se levantar e correr atrás dos assaltantes para recuperar os pertences. "Ele chegou a alcançar o ônibus onde os bandidos estavam e ficou preso na porta tentando recuperar a pochete. O que sabemos é que ele teria sido arrastado por um quarteirão até que os bandidos o empurraram e ele caiu desacordado", disse a irmã.
Socorrido por pessoas que passavam no local, Leonardo foi levado para casa e só então a família foi avisada. Uma ambulância foi acionada e a vítima foi levada para o Hospital Municipal Souza Aguiar. Para os familiares, houve negligência no atendimento.
Socorrido por pessoas que passavam no local, Leonardo foi levado para casa e só então a família foi avisada. Uma ambulância foi acionada e a vítima foi levada para o Hospital Municipal Souza Aguiar. Para os familiares, houve negligência no atendimento.
Para a família, houve também negligência quando Leonardo foi jogado para fora do ônibus. "Não temos certeza, mas disseram que havia guardas, policiais ou uma viatura na área. Se tinha, por que ninguém ajudou meu irmão? Por que não o socorreram? Também queremos saber se houve negligência por parte do motorista desse ônibus", afirma.
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