Leonardo Quintanilha, de 28 anos, morava em São Gonçalo, mas se mudou para o Rio para ficar mais perto do trabalhoReprodução
"Eu não quero que o que aconteceu passe impune. Meu irmão teve morte cerebral. Estou aqui no hospital, sentada no chão, tendo que ver todo mundo que ama ele, um por um vindo se despedir, porque eles vão encerrar o protocolo de morte cerebral", disse a irmã da vítima, Isabella Quintanilha.
Segundo Isabella, Leonardo, que era natural de São Gonçalo, morava próximo à Candelária e teria saído com um amigo para comer na noite do dia 28. Na volta, os dois caminharam até um ponto de ônibus na Avenida Beira-Mar, onde o assistente de imigração e o amigo foram alvos de um grupo de criminosos.
"Eles tinham saído para lanchar e quanto voltaram ele ficou com esse amigo no ponto de ônibus. Quando eles estavam lá, meu irmão percebeu alguma coisa estranha e avisou para esse amigo correr, que era um assalto. Os bandidos teriam pulado pela janela do ônibus e alcançaram meu irmão. Espancaram ele brutalmente. Tudo isso por causa de um celular e de uma pochete com cartões", relata.
Depois disso, a irmã conta que o irmão teria conseguido se levantar e correr atrás dos assaltantes para recuperar os pertences. "Ele chegou a alcançar o ônibus onde os bandidos estavam e ficou preso na porta tentando recuperar a pochete. O que sabemos é que ele teria sido arrastado por um quarteirão até que os bandidos o empurraram e ele caiu desacordado", disse a irmã.
Socorrido por pessoas que passavam no local, Leonardo foi levado para casa e só então a família foi avisada. Uma ambulância foi acionada e a vítima foi levada para o Hospital Municipal Souza Aguiar. Para os familiares, houve negligência durante o atendimento.
"Meu irmão ficou três dias na sala vermelha, sem sabermos o que foi feito com ele. Até agora não nos entregaram o prontuário médico. O que ouvimos deles é que ele passou por uma tomografia logo que chegou e perceberam que ele estava com o cérebro inchado e que precisava esperar. Só que ontem (domingo), ele precisou sair daqui para fazer uma tomografia para determinar o estágio de morte cerebral, onde confirmaram que a cabeça dele está tomada por sangue. Então, se eles tiraram o Léo daqui para esse exame, o que nos garante que ele realmente passou por essa primeira tomografia?", questiona a irmã.
De acordo com ela, o hospital não deu detalhes de tudo que foi feito com o irmão durante esses três dias e o motivo de ele não ser passado por mais exames ou até uma cirurgia. "Por que não fizeram uma cirurgia para aliviar a pressão no cérebro? Queremos saber o que houve", enfatiza Isabella.
Para a família, houve também negligência quando Leonardo foi jogado para fora do ônibus. "Não temos certeza, mas disseram que havia guardas, policiais ou uma viatura na área. Se tinha, por que ninguém ajudou meu irmão? Por que não o socorreram? Também queremos saber se houve negligência por parte do motorista desse ônibus", afirma.
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