Policiais federais e Gaeco apreendem documentos e computadores do gabinete da deputada LucinhaReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Publicado 18/12/2023 20:02 | Atualizado 18/12/2023 20:07
Publicidade
Rio - A Polícia Federal apreendeu na casa da deputada estadual Lucinha, em Campo Grande, Zona Oeste, nesta segunda-feira (18), duas pistolas calibre 22 e R$ 148 mil em dinheiro. Já no gabinete dela, na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), a PF apreendeu documentos e computadores. Lucinha prestou depoimento por cerca de duas horas na Superintendência da Polícia Federal e foi liberada. A parlamentar, alvo da Operação Batismo, foi afastada por tempo indeterminado das atividades como deputada.
A operação é um desdobramento da operação 'Dinastia' que aconteceu em agosto de 2022, com o objetivo de desarticular organização criminosa formada por milicianos com atuação na Zona Oeste. Segundo o MPRJ, a deputada Lucinha, em conjunto com sua assessora Ariane de Afonso Lima, articulou benefícios para a milícia de Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, que atua no reduto eleitoral da parlamentar.
'Madrinha' da milícia
De acordo com o relatório da investigação, Lucinha, chamada de 'madrinha' pelos milicianos de Zinho, teve, pelo menos, cinco envolvimentos com a milícia, em episódios diferentes. A primeira situação, segundo o MPRJ, aconteceu em junho de 2021. Na ocasião, Lucinha teria avisado a Domício Barbosa de Souza, vulgo Dom, um dos homens de confiança de Zinho, o dia em que o prefeito do Rio, Eduardo Paes, estaria na Zona Oeste. A informação repassada pela deputada permitiu que o grupo de milicianos da região tivesse tempo para se esconder. 
Uma outra conversa entre Dom e Lucinha indicou uma suposta participação da investigada em ações parlamentares que pudessem facilitar o esquema de vans ilegais em Campo Grande, uma das principais fontes de renda da milícia de Zinho. O braço direito de Zinho também pediu para que Lucinha induzisse a Polícia Civil a realizar uma operação contra milicianos rivais, a fim de favorecê-los. 
O MPRJ cita, também, envolvimento da deputada estadual com pedidos de trocas de comando dentro no 27º BPM (Santa Cruz). Em um outro trecho do relatório, milicianos pedem ajuda de Lucinha para liberar criminosos que foram detidos por policiais militares do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidões (Recom) com armas de uso restrito e fardas militares.
O que dizem os envolvidos
O PSD, partido da deputada estadual, disse que acompanha pela imprensa, desde as primeiras horas do dia, a busca e apreensão e o afastamento do mandato da deputada Lucinha. "A Constituição Federal garante o direito à ampla defesa, ao contraditório e à presunção de inocência. Nos últimos anos, vários foram os casos em que o pré-julgamento causou enormes danos aos envolvidos em investigações. Assim, o partido aguardará o acesso aos autos para emitir posicionamentos adicionais. O PSD reitera seu compromisso com a ética e a transparência em todas as esferas", disse em comunicado.
A Alerj informou que ainda não recebeu o comunicado do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro sobre a deputada Lucinha. "Assim que for informada, oficialmente, a Casa tomará as providências cabíveis com base na decisão judicial", disse em nota.
A reportagem tenta contato com a defesa da deputada Lucinha. O espaço está aberto para manifestações.
Publicidade
Leia mais