Mãe e filhos foram presos na Ponte Rio-Niterói, quando retornavam para a capital, de onde fugiram após cometerem o crimeReprodução
Publicado 05/01/2024 15:38 | Atualizado 05/01/2024 17:20
Rio - O juiz Pedro Ivo Martins Caruso D'Ippolito, da 2ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), converteu a prisão em flagrante da família, suspeita de matar um vendedor de água na Pavuna e queimar o corpo, para preventiva durante audiência de custódia realizada na tarde desta sexta-feira (5). Alba Samuraia Dias Santos e seus filhos, Helder Santos de Oliveira e Juliana Santos de Oliveira, respondem pelo homicídio de Celso Ferreira da Silva, no dia 28 de dezembro.
De acordo com o magistrado, "há provas suficientes da existência da autoria da família no crime, tendo em vista os depoimentos das testemunhas em sede policial, bem como os autos de apreensão e guia de remoção de cadáver". A prisão dos suspeitos serve para garantir a ordem pública e evitar outros possíveis delitos.
"Diante de tão grave empreitada delitiva, eventual inação do Poder Judiciário atentaria contra a paz social e acarretaria deletérias repercussões na sociedade, já tão castigada e acabrunhada pela assente criminalidade. A indicação de elementos concretos no tocante à necessidade de garantia da ordem pública, em razão de reiteradas práticas de infrações penais constitui motivação satisfatória ao decreto de prisão preventiva, que, por óbvio, não caracteriza coação ilegal. A ordem pública também abrange a necessidade de acautelamento do meio social e da preservação da própria credibilidade da justiça, o que contribui para desestimular a reiteração de condutas delitivas contra o patrimônio", escreveu.
Alba, Heitor e Juliana foram presos na quarta-feira (3) na Ponte Rio-Niterói quando voltavam de carro de uma pousada em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, para a cidade do Rio. A ação foi realizada por agentes da 39ª DP (Pavuna) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). 
De acordo com as investigações, a vítima vendia água mineral e foi ao depósito de bebidas administrado pela família, na Pavuna, Zona Norte do Rio, para cobrar uma dívida. No local, houve um desentendimento entre Celso e Helder, que chegaram a brigar. Ao presenciar o fato, Alba saiu com uma arma e atirou contra o vendedor, que foi atingido, mas conseguiu fugir.  
Durante a fuga, Helder também teria tentado atirar contra a vítima enquanto a seguia. Celso caiu e, com ele ainda no chão, Juliana deu facadas em seu rosto. Já a mãe dos jovens teria pego o carro e passado por cima do corpo do vendedor mais de uma vez.
Após o crime, os suspeitos colocaram o corpo da vítima dentro do carro e percorreram cerca de 80 km até uma área de mata, próximo à BR-101, altura de Tanguá, na Região Metropolitana do Rio, onde o cadáver foi carbonizado "com claro objetivo de ocultar o cadáver e dificultar a investigação criminal", segundo o juiz. Um laudo no corpo constatou duas lesões por projétil de arma de fogo. 
A indicação de onde o cadáver estava foi realizada pelo próprio Helder. Ele e a irmã foram localizados com marcas de queimadura nos pés. Segundo o registro da ocorrência, Júlia foi questionada informalmente sobre os ferimentos e disse que ela jogou gasolina no corpo de Celso enquanto o irmão ateou fogo. Tal fato foi confirmado pelo jovem.
A investigação ainda apurou que os suspeitos ficaram com a moto de Celso. Durante um mandado de busca e apreensão na casa da família, os policiais flagraram animais sob maus-tratos, com fezes espalhadas e falta de alimentos, dando indicativos que eles fugiram rapidamente após o crime. 
"Dessa forma, no caso em concreto, extrai-se, da empreitada delitiva, elevada audácia e destemor dos custodiados. Houve, pois, um maior desprezo pelos bens jurídicos tutelados, o que destoa do mínimo necessário à configuração do delito, e, por consequência, demonstra a periculosidade concreta dos custodiados e a perspectiva de novas infrações penais", completou o magistrado.
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