Publicado 26/01/2024 12:37
Rio - A polícia analisa imagens da ocorrência na qual três mulheres, uma delas cisgênero e duas trans, foram espancadas na saída de um samba na madrugada da sexta-feira da semana passada (19). Inicialmente, o espaço tratou o caso como um boato e "fake news" e afirmou que os seguranças não se envolveram no espancamento. Uma imagem, no entanto, mostra homens uniformizados de preto dando chutes e pisões nas mulheres caídas. De acordo com a Polícia Civil, 11 seguranças do espaço de samba Casarão Firmino, na Lapa, foram intimados a depor nesta sexta-feira na 5ª DP (Mem de Sá). Até agora, oito pessoas compareceram à delegacia.
Veja o vídeo: imagens fortes
Testemunhas e vítimas afirmam que os funcionários praticaram as agressões. Na tarde de quinta-feira (25), fora ouvidas as três vítimas e testemunhas. Segundo o delegado titular da 5ª DP, o inquérito policial está avançado.
A agressão motivou uma manifestação contra transfobia marcada para a noite desta sexta-feira. A concentração será na Cinelândia às 19h e haverá uma passeata em direção ao local da violência.
Após solicitar que o caso fosse investigado pela Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), o procurador da Comissão de Direitos Humanos, Rodrigo Mondego, afirmou que a equipe do delegado Bruno Ciniello, titular da 5ª DP, está atuando com excelência no caso. A defesa havia pedido que as vítimas fossem ouvidas novamente por conta de constrangimentos no primeiro depoimento, prestado na frente dos agressores.
"A praxe é ficar na 5ª DP. A gente sempre solicita transferência para a delegacia especializada, que seria a Decradi, que tem expertise em lidar com crimes de intolerância. Mas, a gente viu que a investigação está bem avançada. O trabalho da 5ª DP nos surpreendeu positivamente", declarou Mondego.
O Casarão Firmino informou em nota divulgada na quinta-feira (25) que entrou em contato com os advogados para oferecer apoio. O procurador da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, no entanto, afirma que nenhum apoio foi oferecido. Já o dono do espaço, Carlos Firmino, afirmou que o advogado das vítimas não retornou seu advogado. O espaço também afirmou que colabora com a investigação e divulgou as seguintes medidas para garantir a segurança do público: afastamento preventivo dos seguranças envolvidos nos acontecimentos até o fim das investigações; aumento do critério de seleção de novos colaboradores; treinamento especializado de forma constante para a equipe.
Dono do espaço afirma que seguranças mentiram
O dono do espaço de samba, Carlos Firmino, afirmou nesta sexta-feira que foi enganado por seus seguranças. "Eu estava lá dentro. Tinha acabado o samba. Estava conversando com a cantora e os músicos, ouvindo um som lá dentro. Nisso, chega a funcionária dos serviços gerais e avisa que estava tendo briga lá fora. A única coisa que eu vi foi que não tinha briga, tinha um segurança cortado, as meninas no táxi e o taxista disse que não iria levar porque a polícia estava vindo", afirmou. Vítimas e testemunhas, no entanto, contam que o táxi não conseguiu deixar o local porque foi cercado pelos seguranças, que teriam retido a chave do motorista.
O dono do espaço de samba, Carlos Firmino, afirmou nesta sexta-feira que foi enganado por seus seguranças. "Eu estava lá dentro. Tinha acabado o samba. Estava conversando com a cantora e os músicos, ouvindo um som lá dentro. Nisso, chega a funcionária dos serviços gerais e avisa que estava tendo briga lá fora. A única coisa que eu vi foi que não tinha briga, tinha um segurança cortado, as meninas no táxi e o taxista disse que não iria levar porque a polícia estava vindo", afirmou. Vítimas e testemunhas, no entanto, contam que o táxi não conseguiu deixar o local porque foi cercado pelos seguranças, que teriam retido a chave do motorista.
Firmino acrescenta que as mulheres deixaram o táxi e foram andando para o bar Vaca Atolada, na Rua Gomes Freire. "Eu avisei à Polícia Militar onde estavam. Pegaram ali. Dois envolvidos da segurança e outro rapaz que alega que [elas] jogaram a garrafa já estavam na delegacia".
O dono do espaço disse que não entende porque os seguranças procederam com as agressões e que nunca estimulou esse tipo de violência. Ele afirma que chamou toda a segurança na sexta-feira para entender o que houve. "Eles falaram que ela tacou um copo na cara de um segurança e que pediram para se retirar e elas voltaram jogando garrafa. Estão batendo dizendo que a casa é transfóbica. Eu emprego mais de 150 pessoas. Têm vários músicos que vão tocar bem remunerados", disse.
Firmino afirma que as câmeras externas não estão funcionando e que por isso não conseguiu consultar as imagens e que está colaborando com a investigação.
"A câmera da rua tá queimada. Choveu muito. Se não, eu ia mostrar o que aconteceu. Quero que quem tiver no meio seja punido. Toda hora eu falo, aqui é lugar de paz, não toca em ninguém, lugar de mulher é onde ela quiser. Eu prego que as pessoas têm que se sentir à vontade. Tem uma bandeira LGBT na porta", completou.
O dono do espaço afirmou que dispensou todos os seguranças e que a contratação é feita pelo chefe da segurança. "Na sexta-feira eu chamei todo mundo. Falei rapaziada, o que aconteceu? Disseram que foram os camelôs que bateram nelas. Se eu soubesse que eles fizeram isso eu era o primeiro a ir pra delegacia. Podia ser meu filho. Se errou, tem que pagar", disse.
Firmino afirmou que está contratando um serviço para treinar a equipe inclusive ele próprio para tratar o público LGBT. "Estou fazendo tudo que posso pra isso nunca mais acontecer. Preciso ter pessoas que entendam do movimento, falem a mesma língua, até eu vou passar pelo treinamento", contou.
O dono do espaço disse que não entende porque os seguranças procederam com as agressões e que nunca estimulou esse tipo de violência. Ele afirma que chamou toda a segurança na sexta-feira para entender o que houve. "Eles falaram que ela tacou um copo na cara de um segurança e que pediram para se retirar e elas voltaram jogando garrafa. Estão batendo dizendo que a casa é transfóbica. Eu emprego mais de 150 pessoas. Têm vários músicos que vão tocar bem remunerados", disse.
Firmino afirma que as câmeras externas não estão funcionando e que por isso não conseguiu consultar as imagens e que está colaborando com a investigação.
"A câmera da rua tá queimada. Choveu muito. Se não, eu ia mostrar o que aconteceu. Quero que quem tiver no meio seja punido. Toda hora eu falo, aqui é lugar de paz, não toca em ninguém, lugar de mulher é onde ela quiser. Eu prego que as pessoas têm que se sentir à vontade. Tem uma bandeira LGBT na porta", completou.
O dono do espaço afirmou que dispensou todos os seguranças e que a contratação é feita pelo chefe da segurança. "Na sexta-feira eu chamei todo mundo. Falei rapaziada, o que aconteceu? Disseram que foram os camelôs que bateram nelas. Se eu soubesse que eles fizeram isso eu era o primeiro a ir pra delegacia. Podia ser meu filho. Se errou, tem que pagar", disse.
Firmino afirmou que está contratando um serviço para treinar a equipe inclusive ele próprio para tratar o público LGBT. "Estou fazendo tudo que posso pra isso nunca mais acontecer. Preciso ter pessoas que entendam do movimento, falem a mesma língua, até eu vou passar pelo treinamento", contou.
Início das agressões
Segundo uma das vítimas, a confusão teve início na saída do show, quando uma delas foi empurrada por um homem em uma fila e a modelo o empurrou de volta. Nesse momento, as três, que estavam com uma quarta amiga, foram levadas para fora à força por seguranças. Do lado de fora, uma discussão teve início. Quando as irmãs tentaram embarcar no carro de aplicativo que haviam pedido para ir embora, o motorista teria se recusado a levá-las, por estarem envolvidas na briga. Conforme o relato, o motorista, posteriormente, passou a filmar a confusão. Uma das mulheres, então, agrediu o homem, que, junto com os seguranças e vendedores ambulantes, teriam passado a incitar a violência contra o trio e as chamaram de "vagabundas".
Em entrevista ao DIA, o motorista de aplicativo relatou que trabalhava no momento que uma garrafa de vidro danificou seu veículo, em frente ao estabelecimento. Ele saiu do automóvel para gravar a cena com objetivo de acionar o seguro. A filmagem mostra que uma mulher tenta tirar seu celular e, em seguida, ele aparece com um ferimento no rosto. O homem disse que levou um soco e se sentiu acuado.
As três caminharam até a esquina do Casarão, ainda sendo alvo dos xingamentos. Um ambulante se aproximou delas e disse que só pouparia de agressões a mulher cisgênero. "Eu não bato em mulher, em homem eu bato", teria dito, mas acabou a agredindo com socos quando ela o chamou de covarde, momentos em que as irmãs tentaram contê-lo.
A modelo acrescentou que outros homens, entre os seguranças do estabelecimento e ambulantes, apareceram e a briga se tornou generalizada. "Pode espancar que é tudo homem", um deles teria falado.
Dois seguranças do Casarão e o motorista de aplicativo também foram ouvidos na distrital e as vítimas passaram por exame de corpo de delito. Uma delas teve o nariz quebrado, outra fraturou a costela.
Parlamentares acionam Polícia e MP
Segundo uma das vítimas, a confusão teve início na saída do show, quando uma delas foi empurrada por um homem em uma fila e a modelo o empurrou de volta. Nesse momento, as três, que estavam com uma quarta amiga, foram levadas para fora à força por seguranças. Do lado de fora, uma discussão teve início. Quando as irmãs tentaram embarcar no carro de aplicativo que haviam pedido para ir embora, o motorista teria se recusado a levá-las, por estarem envolvidas na briga. Conforme o relato, o motorista, posteriormente, passou a filmar a confusão. Uma das mulheres, então, agrediu o homem, que, junto com os seguranças e vendedores ambulantes, teriam passado a incitar a violência contra o trio e as chamaram de "vagabundas".
Em entrevista ao DIA, o motorista de aplicativo relatou que trabalhava no momento que uma garrafa de vidro danificou seu veículo, em frente ao estabelecimento. Ele saiu do automóvel para gravar a cena com objetivo de acionar o seguro. A filmagem mostra que uma mulher tenta tirar seu celular e, em seguida, ele aparece com um ferimento no rosto. O homem disse que levou um soco e se sentiu acuado.
As três caminharam até a esquina do Casarão, ainda sendo alvo dos xingamentos. Um ambulante se aproximou delas e disse que só pouparia de agressões a mulher cisgênero. "Eu não bato em mulher, em homem eu bato", teria dito, mas acabou a agredindo com socos quando ela o chamou de covarde, momentos em que as irmãs tentaram contê-lo.
A modelo acrescentou que outros homens, entre os seguranças do estabelecimento e ambulantes, apareceram e a briga se tornou generalizada. "Pode espancar que é tudo homem", um deles teria falado.
Dois seguranças do Casarão e o motorista de aplicativo também foram ouvidos na distrital e as vítimas passaram por exame de corpo de delito. Uma delas teve o nariz quebrado, outra fraturou a costela.
Parlamentares acionam Polícia e MP
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) e a deputada estadual Dani Balbi (PCdoB) enviaram ofícios ao Ministério Público e à Secretaria de Estado da Polícia Civil para notificar e solicitar providências sobre o episódio.A deputada Renata Souza (Psol) colocou a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativo do Rio (Alerj) à disposição das jovens. A vereadora Luciana Boiteaux (Psol) se solidarizou com as vítimas e afirmou que está à disposição para cobrar apuração do caso por parte das autoridades. A depurada federal Erika Hilton (Psol-SP) também ofereceu apoio às mulheres agredidas.
Confira a nota divulgada pelo Casarão Firmino
O Casarão do Firmino expressa, novamente e com profunda empatia, respeito e apoio às vítimas dos lamentáveis eventos ocorridos na madrugada da última sexta-feira (19). Entramos em contato com os advogados para que possamos oferecer o apoio necessário neste delicado momento. Informamos também que seguimos colaborando com a investigação a fim de auxiliar as autoridades na resolução do caso o mais breve possível.
No entendimento de que uma grande mudança é necessária para a garantia de que episódios assim nunca mais aconteçam, decidimos promover treinamento especializado para a nossa equipe, além de outras medidas. Com isso, priorizando o momento de ouvir, aprender e mudar, decidimos manter o Casarão do Firmino fechado neste fim de semana para que, em sua reabertura, seja um ambiente acolhedor, inclusivo e seguro.
Medidas em curso para garantir a segurança e o bem-estar de todos que frequentam o Casarão do Firmino:
- Afastamento preventivo dos seguranças envolvidos nos acontecimentos até o fim das investigações.
- Aumento do critério de seleção de novos colaboradores.
- Treinamento especializado de forma constante para o nosso time.
Agradecemos a compreensão da comunidade e reafirmamos o nosso compromisso em agir com transparência e responsabilidade com a diversidade de nosso público.
Com respeito, Casarão do Firmino.
No entendimento de que uma grande mudança é necessária para a garantia de que episódios assim nunca mais aconteçam, decidimos promover treinamento especializado para a nossa equipe, além de outras medidas. Com isso, priorizando o momento de ouvir, aprender e mudar, decidimos manter o Casarão do Firmino fechado neste fim de semana para que, em sua reabertura, seja um ambiente acolhedor, inclusivo e seguro.
Medidas em curso para garantir a segurança e o bem-estar de todos que frequentam o Casarão do Firmino:
- Afastamento preventivo dos seguranças envolvidos nos acontecimentos até o fim das investigações.
- Aumento do critério de seleção de novos colaboradores.
- Treinamento especializado de forma constante para o nosso time.
Agradecemos a compreensão da comunidade e reafirmamos o nosso compromisso em agir com transparência e responsabilidade com a diversidade de nosso público.
Com respeito, Casarão do Firmino.
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