Familiares usam camisa em homenagem à Letícia Barbosa Leite da SilvaCleber Mendes/Agência O Dia
Publicado 01/02/2024 14:44
Rio - A Polícia Civil prendeu, nesta quarta-feira (1º), Rafael Pereira Gomes da Silva, responsável por matar e enterrar o corpo de Letícia Barbosa Leite da Silva, de 29 anos, no quintal de casa, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Segundo os policiais da Delegacia de Homicídios da Baixada (DHBF), Rafael se entregou na especializada e confessou o feminicídio.
Segundo as investigações, Rafael brigou com Letícia por não concordar com o fim do relacionamento e a enforcou dentro da casa onde eles moravam com o filho de dois anos. Ainda desacordada, o criminoso enterrou a companheira no quintal da casa e colocou três camadas de cimento para ninguém suspeitar do crime. O laudo de necropsia apontou que a vítima foi enterrada viva, tendo morrido por "asfixia por constrição do pescoço e soterramento". O corpo de Letícia foi encontrado somente na sexta-feira (26), dez dias depois do homicídio. 
Em depoimento, logo após se entregar, Rafael tentou contar outra versão mas entrou em contradição e, por fim, confessou. Ele detalhou que estava com a vítima quando ela disse que iria sair de casa com o filho de dois anos para morar com o atual companheiro, dando início a uma discussão.
A Justiça do Rio expediu um mandado de prisão temporária contra Rafael, que permanecerá preso por pelo menos 30 dias, podendo aumentar o prazo de restrição.
Família suspeitou do marido
A mãe da vítima, Liliane Barbosa, contou que trocou mensagens com a filha no dia do desaparecimento mas, horas depois, não conseguiu mais falar com Letícia e não teve mais notícias. O veículo da mulher ficou estacionado no local onde ela trabalhava vendendo carros, mas a vítima não apareceu. Ao perguntar a Rafael se ele tinha informações sobre o paradeiro dela, o homem teria dito à sogra que estava "muito chateado" com o desaparecimento.
Ainda de acordo com Liliane, além de não ter ajudado nas buscas pela esposa, o marido continuou morando na casa onde o crime aconteceu e manteve a rotina de trabalho, apenas compartilhando fotos da mulher nas redes sociais. "Foi ele, sim. Dentro do quintal, quem mais foi? Foi ele. Ele é cínico, falou comigo: 'vou ajudar', mas nem para ir lá em casa, para perguntar, ficou só postando as fotos dela, procurar, mesmo, não foi. Ele é um cínico, assassino", afirmou a mãe.
Letícia e o companheiro viviam juntos há nove anos e tinham dois filhos, de 5 e 2 anos. A vítima ainda era mãe de outra criança, de 7 anos, de outro relacionamento. As crianças não estavam na casa da família quando o crime aconteceu e, desde então, têm ficado com parentes. Liliane contou também que a filha já havia sido agredida, mas nunca se queixava. "Ele dava socos nela, nas costelas dela, ela ficava toda roxa e não falava nada, ficava quieta e com a cabeça baixa".
A família chegou a procurar a vítima no Instituto Médico Legal (IML) e em hospitais, mas ela não foi localizada. Na última sexta-feira, um irmão decidiu ir até a casa onde Letícia vivia com o marido e pulou o muro para conseguir entrar. No quintal, encontrou um pano cobrindo três camadas de concreto ainda fresco, onde o corpo da vítima estava enterrado. Segundo a Polícia Militar, o 15º BPM (Duque de Caxias) foi acionado para uma ocorrência de encontro de cadáver e encontrou a mulher sem vida.
"Minha ficha ainda não caiu. Ela era uma menina trabalhadora, uma menina quieta, corria atrás, comprava as coisas para os filhos dela, tudo que a gente pedia, ela fazia, nunca falava não. Era uma menina caseira, muito apegada aos filhos, à família, todo mundo gostava dela. A gente está muito abalado, muito triste. Eu não estou conseguindo dormir, não estou conseguindo comer, só tristeza. A avó paterna dela está muito triste", desabafou Liliane.
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