Publicado 06/02/2024 20:05 | Atualizado 06/02/2024 20:15
Rio - A deputada estadual Lucinha (PSD), investigada por ligação com a maior milícia do Rio, deve retornar à Assembleia Legislativa do Estado (Alerj). De acordo com informações do 'RJTV', da TV Globo, a tendência é de que a parlamentar seja liberada esta semana ainda. Nesta terça-feira (6), houve a abertura oficial do ano legislativo de 2024 pela Alerj.
Como Lucinha possui foro privilegiado, a Alerj é a responsável por avaliar a suspensão. Ainda de acordo com o 'RJTV', deputados comentaram que ela deve retornar ao cargo porque o afastamento por tempo indeterminado vai contra a legislação. Além disso, a parlamentar segue sendo investigada, mas ainda não há denúncia ou indiciamento.
O Psol e PSB devem apresentar uma proposta para que Lucinha seja suspensa por até 120 dias, mas a expectativa é de que a medida não tenha a votação necessária para aprovação.
O deputado Rodrigo Amorim (PTB) foi o escolhido para ser o relator do caso da Lucinha, que teve até esta terça-feira para apresentar sua defesa. Com isso, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Alerj deve se reunir para analisar o que foi apresentado e para que Amorim possa fazer seu relatório, elaborando um projeto de resolução.
Após a conclusão do projeto, a medida irá para votação no plenário e os parlamentares irão decidir se acatarão ou não a determinação da Justiça para afastar Lucinha do cargo.
Investigação
Lucinha foi afastada de suas funções legislativas e proibida de manter contatos como determinados agentes públicos e políticos, além de proibida de frequentar a Alerj no dia 18 de dezembro, quando foi alvo de uma operação da PF e do Ministério Público do Rio (MPRJ).
As investigações apontam a participação ativa da deputada estadual e de sua assessora na milícia de Zinho, especialmente na articulação política junto aos órgãos públicos visando atender os interesses do grupo miliciano, investigado por organização criminosa, tráfico de armas de fogo e munições, homicídios, além de extorsão e corrupção. Ainda segundo o apurado, a parlamentar é chamada de 'madrinha' por líderes da milícia.
De acordo com o relatório da investigação, Lucinha teve, pelo menos, cinco envolvimentos com a milícia, em episódios diferentes. A primeira situação, segundo o MPRJ, aconteceu em junho de 2021. Naquela ocasião, a deputada teria avisado a Domício Barbosa de Souza, vulgo Dom, um dos homens de confiança de Zinho, o dia em que o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), estaria na Zona Oeste. A informação repassada pela deputada permitiu que o grupo de milicianos da região tivesse tempo para se esconder.
Uma outra conversa entre Dom e Lucinha indicou uma suposta participação da investigada em ações parlamentares que pudessem facilitar o esquema de vans ilegais em Campo Grande, na Zona Oeste, uma das principais fontes de renda da milícia de Zinho. O braço direito do miliciano também pediu para que Lucinha induzisse a Polícia Civil a realizar uma operação contra milicianos rivais, a fim de favorecê-los.
O MPRJ cita, também, envolvimento da deputada estadual com pedidos de trocas de comando dentro no 27º BPM (Santa Cruz). Em um outro trecho do relatório, milicianos pedem ajuda de Lucinha para liberar criminosos que foram detidos por policiais militares do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidões (Recom) com armas de uso restrito e fardas militares.
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