Lúcia Helena de Amaral Pinto, a Lucinha, do PSDDivulgação
Publicado 07/02/2024 16:40 | Atualizado 07/02/2024 16:48
Rio - A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) encaminhou, nesta quarta-feira (7), uma resolução ao plenário na qual rejeita o afastamento da deputada Lucinha (PSD) e propõe que a parlamentar seja investigada pelo Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar. Na manhã desta quinta-feira (8), a resolução apresentada pela CCJ será votada em plenário.
Por 6 votos a 1, os integrantes da CCJ decidiram derrubar a suspensão por tempo indeterminado decidida pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça do RJ. 
De acordo com deputados ouvidos pelo DIA, há um consenso na Alerj com relação ao caso da Lucinha, investigada por envolvimento com a milícia. No entanto, os parlamentares indicam que a decisão de cassar o mandato deve ser tomada pela Casa, respeitando as prerrogativas do Poder Legislativo. 
"Sou oposição à deputada Lucinha, mas não estamos dando contorno político a essa questão. O enfrentamento a esse caso é algo que une, de certa forma, a Alerj. Mas temos que ir nos limites do que a lei permite", disse um parlamentar. 
Investigação
Lucinha foi afastada de suas funções legislativas e proibida de manter contatos como determinados agentes públicos e políticos, além de proibida de frequentar a Alerj no dia 18 de dezembro, quando foi alvo de uma operação da PF e do Ministério Público do Rio (MPRJ).
As investigações apontam a participação ativa da deputada estadual e de sua assessora na milícia de Zinho, especialmente na articulação política junto aos órgãos públicos visando atender os interesses do grupo miliciano, investigado por organização criminosa, tráfico de armas de fogo e munições, homicídios, além de extorsão e corrupção. Ainda segundo o apurado, a parlamentar é chamada de 'madrinha' por líderes da milícia.
De acordo com o relatório da investigação, Lucinha teve, pelo menos, cinco envolvimentos com a milícia, em episódios diferentes. A primeira situação, segundo o MPRJ, aconteceu em junho de 2021. Naquela ocasião, a deputada teria avisado a Domício Barbosa de Souza, vulgo Dom, um dos homens de confiança de Zinho, o dia em que o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), estaria na Zona Oeste. A informação repassada pela deputada permitiu que o grupo de milicianos da região tivesse tempo para se esconder.
Uma outra conversa entre Dom e Lucinha indicou uma suposta participação da investigada em ações parlamentares que pudessem facilitar o esquema de vans ilegais em Campo Grande, na Zona Oeste, uma das principais fontes de renda da milícia de Zinho. O braço direito do miliciano também pediu para que Lucinha induzisse a Polícia Civil a realizar uma operação contra milicianos rivais, a fim de favorecê-los.
O MPRJ cita, também, envolvimento da deputada estadual com pedidos de trocas de comando dentro no 27º BPM (Santa Cruz). Em um outro trecho do relatório, milicianos pedem ajuda de Lucinha para liberar criminosos que foram detidos por policiais militares do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidões (Recom) com armas de uso restrito e fardas militares.
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