Publicado 08/02/2024 15:14 | Atualizado 08/02/2024 18:36
Rio - Jefferson de Araújo Costa, de 22 anos, morreu após ser baleado à queima-roupa por um policial militar, nesta quinta-feira (8), na Avenida Brasil, altura do Complexo da Maré, na Zona Norte. A região é palco de uma operação devido a um roubo de um caminhão cegonha com carros de luxo, que foi levado para a comunidade Nova Holanda. Outras duas pessoas foram baleadas.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram a abordagem do PM, que usa o fuzil para bater nas costas de Jefferson. Logo em seguida escuta-se o disparo. A gravação mostra a vítima sangrando e desmaiando na calçada.
Jefferson foi baleado na barriga. Ele foi socorrido e encaminhado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, também na Zona Norte. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), ele já chegou morto na unidade.
A vítima participava de um protesto de moradores contra a atuação policial na Maré. O par de chinelos e o boné de Jefferson foram deixados no local onde ele foi baleado ao lado de uma poça de sangue.
"Ele é especial. Todo mundo está desesperado. Ninguém está acreditando. Ele era até acompanhado. Os policiais só jogaram o spray, ele botou a mão no olho e eles vieram já com fuzil atirando na barriga dele. Vieram para matar. Só quero Justiça. Vou até o fim", disse Marlene de Araújo Costa, irmã de Jefferson.
Agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) foram até o local para realizar a perícia. Os policiais isolaram a área, tiraram fotos de marcas de tiros e do sangue e coletaram informações de familiares e amigos da vítima.
Questionada sobre o assunto, a Polícia Militar informou que o policial envolvido foi identificado e apresentado à DHC. Sua arma e sua câmera operacional portátil, que fica na sua farda, foram recolhidas para inclusão no inquérito da especializada.
A corporação destacou que também instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) através de sua Corregedoria Geral para averiguar as circunstâncias do fato, como também para acompanhar e colaborar com as investigações.
Outras duas pessoas foram baleadas na região. As vítimas, que não tiveram as identidades reveladas, foram socorridas e encaminhadas para o Hospital Municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador, também na Zona Norte. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), uma pessoa apresenta quadro de saúde estável e a outra já recebeu alta.
Operação emergencial
Policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), da PM, e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil, seguem atuando na região do Complexo da Maré durante a tarde desta quinta-feira (8). Moradores relataram intensos tiroteios na área.
De acordo com a PM, a corporação recebeu informações de que um caminhão cegonha, que transportava 11 veículos, teria sido roubado na Avenida Brasil, na altura da Penha, e levado para a Maré. Então, os policiais começaram uma "operação emergencial" na região. O motorista do caminhão foi libertado pelos criminosos. Todos os 11 carros foram recuperados e levados para o pátio do 22º BPM (Maré), assim como outro veículo de luxo e quatro motocicletas.
Nas redes sociais, moradores detalharam os momentos de tensão. "Muitos tiros na Nova Holanda. Blindados e policiais a pé. As crianças fantasiadas na escola vivendo um verdadeiro baile de Carnaval do terror", escreveu um homem. "Bagulho está sinistro na Nova Holanda e Parque União. Mais de 30 minutos de tiros sem parar", disse outro.
Ao DIA, uma professora, que preferiu não se identificar, disse que precisou aumentar a música da sala de aula para as crianças não ouvirem os tiros. "Por volta das 9h, estávamos fazendo um bailinho de Carnaval, quando começaram os tiros. O 'caveirão' está aqui e os policiais nas ruas", contou a mulher, que trabalha em uma escola na Nova Holanda.
Moradora da Maré, Rayanne Soares, de 26 anos, contou sobre o clima. "Muito tiro. Meu filho está na escola, assim como centenas de crianças, e os pais não podem buscar. Estamos sem saber o que fazer. Um clima horrível. É desesperador", afirmou a jovem.
A ação também contou com a presença de agentes da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) e da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC). De acordo com a Civil, a operação teve o objetivo de frear as atividades delituosas de criminosos daquela região, no sentido de frear o avanço dos roubos, em especial, de carga e de automóveis. As investigações prosseguem para identificar e prender os responsáveis pelas ações criminosas.
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