Flávia de Souza Miranda, de 48 anosReprodução
Publicado 01/03/2024 12:12
Rio – Flávia de Souza Miranda, de 48 anos, sofre de diabetes e hipertensão e precisa lidar com as dificuldades do sistema público de saúde do Rio há um ano, em tratamento de úlceras que surgiram na sua perna, segundo relata. O caso ganhou repercussão após seu filho, o rapper Herbert Vinicius Miranda dos Santos, conhecido como 'Jump Freestyle', ir às redes sociais para expor a situação da mãe.
Em entrevista ao DIA, Flávia contou mais detalhes sobre os tratamentos recebidos nas unidades de saúde e as dificuldades as quais tem enfrentado.
"Meu sofrimento começou há exatamente um ano. Não as dores, mas as feridas que se abriram na minha perna. Ainda assim, eu comecei a buscar ajuda médica na Clínica da Família Eidimir Thiago de Souza, em Cordovil (Zona Norte do Rio), pois lá é minha clínica de referência da rede SUS. Como eu sou diabética tipo 1, hipertensa crônica e com problemas nos rins, já sabia que essas lesões poderiam me trazer problemas e poderiam demoram a cicatrizar."
Segundo Flávia, desde então, sua situação só piorou. Os médicos fizeram o tratamento como se fossem feridas normais, mas elas foram aumentando de tamanho e quantidade. "Meu pé começou a inchar e aí minha vida foi só de mal a pior", afirma. As feridas, que são úlceras, começaram pequenas, mas logo se espalharam, impedindo a circulação do sangue pelas pernas. A diabete dificulta a cicatrização.
Flávia, que vendia quentinhas e lanches e aos fins de semana era babá no Leblon, na Zona Sul do Rio, não conseguiu mais trabalhar. As dores aumentaram de tal forma que ela precisava ir para a emergência de duas a três vezes ao dia. No Posto de Atendimento Médico de Irajá, a negligência era a mesma, diz ela: "Tinham dias que eles me davam injeção e me mandavam embora dizendo que feridas não eram tratadas lá, que só tinha dipirona e que eu tinha que procurar a clínica da família, que não me dava suporte e continuava dizendo que era da diabetes", desabafou.
Em uma ocasião, na Clínica Eidimir Thiago de Souza, Flávia estava praticamente sem andar por causa das feridas e com o pé bastante inchado. Ela conta que uma médica receitou meias de compressão, pomada e óleo de girassol para colocar na ferida.
"Eu, desempregada, sem grana, acreditando que ia melhorar, arrumei um cartão com minha prima e comprei os medicamentos. Sabe o que aconteceu? Minha ferida infeccionou, começou a sair secreção e quando voltei na clínica, um outro médico disse para eu não usar mais nada disso e me enfiou outros remédios antibióticos caros que não tinham na rede SUS."
Em meio a idas e vindas em Coordenações de Emergências Regionais (CER) do Leblon e da Ilha do Governador, com, segundo ela, funcionários afirmando que não podiam fazer nada a não ser apenas aplicar injeções, a vendedora teve que mudar o médico do seu tratamento várias vezes.
Flávia precisava ter seu nome incluído no Sistema Nacional de Regulamentação (Sisreg) para ser atendida por um cirurgião. Quando ligou para a Clínica Eidimir Thiago de Souza pedindo sua inclusão com urgência, um novo estresse: "Elas me deram vários foras. Foi uma discussão terrível. Eu, que já estava com meu emocional abalado, comecei a chorar, pois só precisava que elas me registrassem no Sisreg pra eu ter atendimento. Depois de uma bela discussão, elas resolveram me cadastrar. Tive que esperar duas semanas para o atendimento. A consulta será na próxima semana, no Hospital Miguel Couto", afirmou.
Foi quando o filho, o rapper Jump Freestyle, que teme pela mãe poder sofrer uma amputação, fez as denúncias nas redes sociais. "Depois desse movimento todo, apareceram algumas pessoas. O nosso querido secretário de saúde entrou em contato e disponibilizou um médico, que me pediu um relato de tudo e disse que entraria em contato, mas até agora, nada", disse Flávia.
"Eu fico triste porque sou uma cidadã e mereço dignidade. Eu vou às urnas, voto nesses políticos achando que tudo será melhor, que alguém vai olhar por nós. Aí, você fica doente e percebe que nos hospitais tem pessoas boas, mas também tem descaso, deboche, falta de atenção. Ou seja, você está sofrendo, com dores, sem remédios, desempregada e recebe um não, muitas das vezes por falta de empatia", finaliza.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a sra. Flávia está com consulta multidisciplinar, com médico, enfermeira e nutricionista, agendada para a próxima quinta-feira (7) na Clínica da Família Eidimir Thiago de Souza. A unidade já entrou em contato com a paciente e informou os detalhes sobre o agendamento.
Publicidade
Leia mais