Material apreendido durante a operação foi encaminhado a sede do MPRJ, no Centro do RioPedro Ivo / Agência O DIA
Publicado 20/03/2024 20:14 | Atualizado 20/03/2024 20:21
Rio - Os policiais acusados de fazer a segurança de uma organização criminosa especializada no jogo do bicho e do contraventor Rogério de Andrade, alvos de uma operação conjunta realizada nesta quarta-feira (20), simulavam ações para forjar o combate à essa máfia de jogos ilegais com o objetivo de atrapalhar o andamento das investigações, assim como o monitoramento. A informação consta na denúncia realizada pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) contra 31 pessoas. Destas, 20 foram alvos de mandado de prisão e 17 já foram presas, sendo 16 PMs e um policial penal.
De acordo com a denúncia, a organização seria responsável pela prática de crimes violentos, crimes contra a administração pública e crimes contra a ordem econômica. Todos os delitos estariam atrelados ao domínio territorial e a exploração dos jogos de azar não apenas no Rio, mas em outros estados do país. 
A Operação Petrorianos, realizada nesta quarta-feira (20), foi um desdobramento da operação "Calígula", que aconteceu em maio de 2022 e resultou na prisão da delegada Adriana Belém e do delegado Marcos Cipriano. Na ocasião, os agentes encontraram documentos que ajudaram na identificação dos responsáveis pela segurança do contraventor Rogério de Andrade.
Para o MPRJ, o grupo composto por policiais fazia intervenções em territórios em disputa com organizações rivais, monitorava veículos nas proximidades da residência de Rogério, além de organizar operações policiais simuladas para forjar aparente "combate à máfia de jogos ilegais".
Autointitulados como "Vampiros", pois trabalhavam no turno da noite, os criminosos tinham um grupo no WhatsApp para se comunicar e organizar as tarefas. A investigação apontou que o contraventor pagava o salário dos seguranças, desembolsando mais de 200 mil por mês. A denúncia tem trechos de conversas evidenciando que os policiais eram pagos até mesmo em períodos em que Rogério de Andrade estava foragido da Justiça. Atualmente, o contraventor está sendo monitorado por tornozeleira eletrônica e é obrigado a estar em casa a partir das 20h. Antes desse horário, Rogério pode transitar pela rua.
"Os denunciados, agindo de forma consciente e voluntária, previamente ajustados e em unidade de desígnios entre si, e com outros indivíduos não plenamente identificados, incluindo funcionários públicos, promoveram, constituíram, financiaram e integraram, pessoalmente e por interpostas pessoas, organização criminosa armada, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagens de qualquer natureza, especialmente vantagens financeiras ilícitas oriundas da exploração de jogos de azar, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas são superiores a quatro anos, dentre as quais se destacam os crimes de corrupção ativa, extorsão, lesão corporal de natureza grave, homicídio e lavagem de dinheiro, dentre outros, mantendo esta estrutura conexão com outras organizações criminosas independentes", informa a denúncia.
A ação desta quarta-feira (20) foi realizada por agentes do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ e pelas corregedorias da Polícia Militar e da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap).
Os presos
Alan das Neves Magalhães (sargento)
Alexander Rodrigues da Silva (sargento)
Alvimar Gomes Campos
Anderson de Matos Siqueira (sargento)
Anderson Faria Mercês (sargento)
Carlos Henrique Ferreira Passos (subtenente)
Fábio Rodrigues Cordeiro Souza (sargento)
Fellipe Cardoso Leitier (sargento)
Flávio Pereira Moraes (subtenente)
Leonardo Pacheco Estrela (sargento)
Márcio Aurélio Pardal (subtenente)
Márcio de Araújo David (subtenente)
Marcos Antônio Alle Teixeira (cabo)
Nilo Carlos Galvão Sampaio (subtenente)
Rafael da Silva Gomes (sargento)
Valdir Campos Júnior (sargento)
Fábio Luiz Rebelo Ouro (policial penal)
 
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