MPRJ e Corregedoria da PM prendem 15 policiais apontados como seguranças do bicheiro Rogério Andrade. Na foto: Agentes do MPRJ chegam com malotes na sede do MP no Centro do Rio, nesta quarta-feira (20).Pedro Ivo/Agência O Dia
Publicado 20/03/2024 21:00 | Atualizado 20/03/2024 21:10
Rio - Rogério de Andrade gasta R$ 207 mil por mês para pagar o "salário" de 36 funcionários, incluindo policiais militares e penais, que cuidam da sua segurança pessoal e da organização criminosa que ele lidera. As informações tornaram-se públicas após o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) retirar o sigilo da operação ‘Petrorianos’, deflagrada nesta quarta-feira (20). Na ação, 20 policiais foram alvos de mandado de prisão e 17 já estão presos, sendo 16 PMs e um policial penal.

Os gastos estavam em duas planilhas apreendidas pelo Ministério Público do Estado (MPRJ), em maio de 2022, numa casa de Andrade. Segundo a denúncia do MP, o contraventor remunerava os integrantes de sua segurança de acordo com a patente militar. Os salários variam entre R$ 5,6 mil, remuneração compatível a que recebe um soldado da PM, a R$ 7,6 mil, que é o vencimento aproximado de um oficial da mesma corporação.
Entre as funções dos agentes pessoais, o MP diz que "a segurança da ORCRIM fazia intervenções em territórios em disputa com organizações rivais, monitorava veículos nas proximidades da residência de ROGÉRIO DE ANDRADE, além de organizar operações policiais simuladas para forjar aparente 'combate à máfia de jogos ilegais'".

O MP ainda afirma que a organização seria responsável pela prática de crimes violentos, crimes contra a administração pública e crimes contra a ordem econômica. Todos os delitos estariam atrelados ao domínio territorial e a exploração dos jogos de azar não apenas no Rio, mas em outros estados do país.

Uma análise de conversas em um grupo de WhatsApp denominado "vampiros", formado pelo grupo de seguranças que trabalhavam à noite, mostra mais de 14 mil mensagens trocadas entre os membros da organização criminosa. As conversas, sempre de acordo com a denúncia, aconteceram num período entre 30 de outubro de 2019 e 10 de maio de 2022.

"Os DENUNCIADOS, agindo de forma consciente e voluntária, incluindo funcionários públicos, promoveram, constituíram, financiaram e integraram, pessoalmente e por interpostas pessoas, organização criminosa armada, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagens de qualquer natureza, especialmente vantagens financeiras ilícitas oriundas da exploração de jogos de azar, mediante a prática de infrações penais".

O MP pediu à Justiça que os investigados sejam imputados nos crimes de corrupção ativa (art. 333 do Código Penal), extorsão (art. 158 do CP), lesão corporal de natureza grave (art., 129, § 1º, do CP), homicídio (art. 121 do CP) e lavagem de dinheiro (art. 1º da Lei nº 9.613/1998).
Os mandados da operação ‘Petrorianos’ foram obtidos junto à 1ª Vara Especializada em Organização Criminosa da Capital e estão sendo cumpridos em diversos bairros do Rio de Janeiro. A ação é um desdobramento da operação Calígula, que aconteceu em maio de 2022, e resultou na prisão da delegada Adriana Belém e do delegado Marcos Cipriano.

A ação desta quarta-feira foi realizada por agentes do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ e pelas corregedorias da Polícia Militar e da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap).
A operação também conta com o apoio da DC-Polinter. Segundo a Polícia Militar, será instaurado um procedimento interno para apurar os fatos e a corporação contribuirá com as investigações do Ministério Público.
Procurada, a Seap informou que o policial penal preso nesta quarta-feira (20) estava inativo desde 2016 e que a corregedoria da pasta está acompanhando o caso e contribuirá com as investigações do Ministério Público.
Os presos
Alan das Neves Magalhães - Sargento
Alexander Rodrigues da Silva - Sargento
Alvimar Gomes Campos
Anderson de Matos Siqueira - Sargento
Anderson Faria Mercês - Sargento
Carlos Henrique Ferreira Passos - Subtenente
Fábio Rodrigues Cordeiro Souza - Sargento
Fellipe Cardoso Leitier - Sargento
Flávio Pereira Moraes - Subtenente
Leonardo Pacheco Estrela - Sargento
Márcio Aurélio Pardal - Subtenente
Márcio de Araújo David - Subtenente
Marcos Antônio Alle Teixeira - Cabo
Nilo Carlos Galvão Sampaio - Subtenente
Rafael da Silva Gomes - Sargento
Valdir Campos Júnior - Sargento
Fábio Luiz Rebelo Ouro - Policial penal
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