Érika Andrade de Almeida Araújo, Giniton Lages, Marco Antonio de Barros Pinto e Robson Calixto FonsecaReprodução
Publicado 24/03/2024 22:41 | Atualizado 24/03/2024 22:44
Rio - Érika Andrade de Almeida Araújo, Giniton Lages, Marco Antônio de Barros Pinto e Robson Calixto Fonseca. Além de Domingos e Chiquinho Brazão e Rivaldo Barbosa, presos neste domingo (24) sob suspeita de envolvimento no assassinato da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, outros quatro nomes foram alvo da Operação Murder, Inc., deflagrada mediante decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Saiba quem é quem:
Érika Andrade de Almeida Araújo
Érika Andrade é advogada e mulher do delegado Rivaldo Barbosa. Segundo relatório da Polícia Federal (PF), ela é "testa de ferro" do marido nas "empresas de fachada" criadas por ele para lavar o dinheiro adquirido de maneira ilícita ao longo dos anos em que esteve à frente da Delegacia de Homicídios da capital. Érika auxiliou na lavagem de dinheiro, constituindo, juntamente com marido, empresas que operavam na área de consultoria: a Mais I Consultoria Empresarial LTDA e Armis Consultoria Empresarial Eireli.
A PF afirma que há evidências de que Barbosa era o administrador das empresas e o responsável pela interlocução com clientes e apresentação do portfólio de serviços. Uma análise bancária mostrou que, no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2019, Erika movimentou R$ 3,3 milhões. Desse total, R$ 1,7 milhão foi em decorrência de repasses das empresas por ela constituídas:, R$ 418 mil da Mais I Consultoria Empresarial LTDA e R$ 1,3 milhão da Armis Consultoria Empresarial Eireli.
Segundo informações fornecidas pelas instituições financeiras ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), Erika declarou ser sócia das duas empresas e trabalhar como “Inspetora de Qualidade”, possuindo uma remuneração de R$ 28 mil. "O que se observou foi, em poucos meses, um salto significativo da renda de ERIKA, tendo em vista que antes da constituição das empresas seu maior salário havia sido em torno de R$4.830,00, quando esteve vinculada à Prefeitura do Município do Rio de Janeiro", diz a PF.
Conforme informações divulgadas pelo COAF, a empresa Mais I Consultoria declarou à instituição financeira um faturamento de R$ 20 mil por mês. No entanto, diz o relatório, "ao verificar o montante que adentrou às contas da empresa no período de 1º de junho de 2016 a 18 de junho de 2018, constatou-se uma movimentação a crédito de R$1.072.598,00 e a débito de R$ 1.141.159,00. Ou seja, um valor mais de duas vezes superior ao faturamento esperado (R$480.000,00) no período, tomando como base o valor declarado.
Além de busca e apreensão, Érika teve os bens e ativos financeiros bloqueados e terá que cumprir medidas cautelares, como:
1. suspensão do exercício de função pública;
2. monitoração eletrônica;
3. suspensão de porte e posse de arma de fogo;
4. proibição de frequentar determinados lugares;
5. proibição de contato com outros investigados, testemunhas ou colaboradores;
6. comparecimento periódico em juízo;
7. proibição de se ausentar da comarca e entrega de passaportes.
Giniton Lages
Delegado de Polícia, foi titular da Homicídios na época do atentado. Designado por Rivaldo Barbosa logo após o crime, ele tocou a primeira parte da investigação, que resultou nas prisões do sargento reformado da Polícia Militar, Ronnie Lessa, e do também ex-policial militar Élcio Queiroz, em março de 2019. Lages é mencionado como tendo desviado deliberadamente o curso das investigações, protegendo os mandantes.
Giniton foi afastado do caso no mesmo dia das prisões. À época, o então governador do Rio Wilson Witzel disse que convidou o delegado para fazer um intercâmbio na Itália porque o policial estava "esgotado". Em 2022, ele lançou o livro "Quem Matou Marielle?", no qual diz que "se apaixonou" pela atuação da vereadora.
Assim como Érika, ele teve os bens e ativos financeiros bloqueados e terá que cumprir as mesmas medidas cautelares. Portanto, ele foi afastado da Polícia Civil.
Marco Antônio de Barros Pinto, vulgo Marquinho DH
Marquinho DH é comissário da Polícia Civil. Na época, ele atuava na Delegacia de Homicídios como chefe de investigações e o subordinado mais graduado de Giniton. Ele foi implicado em atuar juntamente com Giniton Lages para obstruir as investigações dos homicídios, protegendo os mandantes do crime.
Sua participação incluiu a direção estratégica da investigação para afastar a suspeita dos irmãos Brazão, utilizando-se de depoimentos falsos e outras manobras para desviar a atenção das autoridades.
Da mesma forma que Giniton, Marquinho teve os bens e ativos financeiros bloqueados e terá que cumprir as mesmas medidas cautelares. Ou seja, também foi afastado da Polícia Civil.
Robson Calixto Fonseca, vulgo Peixe
Robson Calixto Fonseca, conhecido como "Peixe", teria cedido a arma usada por Ronnie Lessa para matar Marielle Franco. Ainda segundo as investigações, ele é homem de confiança de Domingos, tendo sido responsável pela mediação do primeiro encontro entre os irmãos Brazão e Ronnie Lessa.
Atualmente, Robson ocupa um cargo de confiança no gabinete de Brazão no Tribunal de Contas do Estado. No posto, ele tira um salário mensal líquido de R$ 21,5 mil. Antes, Peixe foi assessor de Domingos Brazão na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), onde ganhava R$ 7,8 mil limpos de impostos.
Entre os anos de 2011 a 2015, Calixto integrou o quadro societário da empresa Terra de Canaã Construções e Transportes LTDA, cujo objeto social é “construção de edifícios”.
Ele figura ainda como miliciano em algumas notícias encaminhadas pelo Disque-Denúncia, datadas de maio a junho de 2018, circunstância em que é apontado como o responsável por cobrar dívidas da milícia na região da Taquara. Esses relatos, segundo a PR, o vinculam aos irmãos Brazão.
Ele foi alvo de busca e apreensão porque, na delação premiada de Ronnie Lessa homologada por Moraes, o ex-PM afirmou que Peixe acompanhou Domingos Brazão na primeira reunião sobre planejamento do crime. Ainda segundo Ronnie, Peixe era segurança informal de Domingos e cobrava dívidas para a milícia.
Robson não foi alvo de medidas cautelares e nem teve os bens bloqueados pelo STF.
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