Laerte Silva de Lima, que teria se infiltrado no Psol a mando dos irmãos BrazãoArquivo / Agência O Dia
Publicado 25/03/2024 19:59
Rio - O miliciano Laerte Silva de Lima, infiltrado no Psol pelos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, pode ter superdimensionado ou inventado ações políticas da vereadora Marielle Franco com objetivo de "prestar contar" aos mandantes do assassinato. À Polícia Federal, Ronnie Lessa apontou que Laerte pode ter "enfeitado o pavão" para se mostrar atuante na espionagem comandada pelos irmãos, abordando o combate da parlamentar na questão dos loteamentos ilegais.
"Nesse momento, ponderou-se a possibilidade de que este [Laerte] poderia ter sobrevalorizado ou, até mesmo, inventado informações para prestar contas de sua atuação como infiltrado. Nas palavras de Ronnie Lessa, Laerte poderia ter 'enfeitado o pavão', levando os irmãos ao equivocado superdimensionamento das ações políticas de Marielle Franco nesta seara", explica o relatório da Polícia Federal.
Durante as investigações, a PF não avançou no sentido de apurar o que foi passado por Laerte aos irmãos Brazão, assim como quais informações o infiltrado tinha acesso sendo apenas filiado ao partido.
O miliciano se vinculou ao Psol cerca de 20 dias depois do segundo turno das eleições de 2016. Em 2019, ele foi preso e, à época, as suspeitas apontaram que ele havia se infiltrado para espionar os políticos ligados à legenda.
Laerte passou a levantar informações sobre a atuação de Marielle contra a expansão imobiliária da milícia na Zona Oeste do Rio. Durante um encontro do Psol, a vereadora pediu para que a população carioca não aderisse a novos loteamentos situados em áreas de milícia.
O relatório estabeleceu que um dos motivos da execução da vereadora foi a sua oposição a um projeto de Chiquinho Brazão, na época vereador, que visava a regularização de condomínios irregulares em regiões dominadas por grupos paramilitares.
Neste domingo, Chiquinho e Domingos foram presos pela PF por serem considerados os mandantes da execução. O delegado Rivaldo Barbosa, então chefe da Polícia Civil, também foi preso por obstruir as investigações e participar do planejamento do crime. Além deles, outros quatro suspeitos foram alvos de mandados de busca e apreensão.
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