Publicado 28/03/2024 09:57 | Atualizado 03/04/2024 16:00
Rio - Após ser acusada de negar a realização de um parto na Maternidade Santa Cruz da Serra, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, a médica Sheila Peixoto Atthie Maia foi demitida pela Prefeitura. De acordo com familiares da paciente, Queli Santos Adorno, de 35 anos, a profissional de saúde disse que a mulher não precisava de internação e orientou que ela voltasse para casa. Obstetra nega ter mandado paciente embora.
"Ela disse várias vezes que minha irmã só estava tendo contrações de treinamento e que ela não deveria estar lá. Minha irmã conhece o corpo dela, já era mãe de quatro, como que ela não sabia o que estava acontecendo? É muito revoltante tudo isso", contou Carine Adorno, irmã de Queli.
"Ela disse várias vezes que minha irmã só estava tendo contrações de treinamento e que ela não deveria estar lá. Minha irmã conhece o corpo dela, já era mãe de quatro, como que ela não sabia o que estava acontecendo? É muito revoltante tudo isso", contou Carine Adorno, irmã de Queli.
Em nota o município informou que foi aberta uma sindicância interna para apuração e responsabilização das demais condutas dos profissionais envolvidos no atendimento à paciente.
"A Prefeitura de Duque de Caxias manifesta ainda seu repúdio a esse tipo de conduta médica e reafirma seu compromisso com a assistência humanizada e o bem comum de todos os pacientes atendidos na rede municipal de saúde".
O caso aconteceu entre a noite da última sexta-feira (22) e a madrugada de sábado, quando o bebê acabou nascendo no chão da recepção da maternidade. Segundo o irmão da grávida, Leandro Adorno, a mulher entrou em trabalho de parto enquanto tentava convencer a equipe da unidade de saúde de que seu filho estava para nascer. O momento do parto foi filmado pela família.
Ainda segundo os familiares, Sheila Maia foi a segunda médica a atender Queli, após a troca de plantão. A primeira profissional havia orientado que a mulher ficasse na maternidade.
"Essa primeira médica entendeu a situação dela, disse para ela ficar, falou que por ela já ser mãe de outros três, ela poderia evoluir muito rápido para dar à luz", explicou Luciano.
A mãe e o bebê seguem internados, sob os cuidados de equipe multidisciplinar, na Maternidade Santa Cruz da Serra, e, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, passam bem.
O caso aconteceu entre a noite da última sexta-feira (22) e a madrugada de sábado, quando o bebê acabou nascendo no chão da recepção da maternidade. Segundo o irmão da grávida, Leandro Adorno, a mulher entrou em trabalho de parto enquanto tentava convencer a equipe da unidade de saúde de que seu filho estava para nascer. O momento do parto foi filmado pela família.
Ainda segundo os familiares, Sheila Maia foi a segunda médica a atender Queli, após a troca de plantão. A primeira profissional havia orientado que a mulher ficasse na maternidade.
"Essa primeira médica entendeu a situação dela, disse para ela ficar, falou que por ela já ser mãe de outros três, ela poderia evoluir muito rápido para dar à luz", explicou Luciano.
A mãe e o bebê seguem internados, sob os cuidados de equipe multidisciplinar, na Maternidade Santa Cruz da Serra, e, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, passam bem.
Carine explicou que Queli sofreu uma pré-eclâmpsia, doença que faz a pressão subir durante a gravidez, e por isso está sendo monitora na unidade de tratamento intensiva (UTI). Ela deve ser transferida para o quarto ainda nessa quinta-feira (28), se mantiver a pressão controlada e tem previsão de alta para os próximos dias.
"Agora ela está recebendo o tratamento que ela precisava. Eu estava com ela lá desde segunda-feira (25), pedia uma psicóloga e não mandavam. A psicóloga só chegou ontem. Até então não estavam fazendo nada pela minha irmã. Só davam um remédio e deixavam ela lá. Eu falava que o problema dela é emocional. ela está com um trauma muito grande."
Agora família está entrando com um processo na justiça para que, além da médica, os responsáveis pelo hospital respondam pelo ocorrido.
Em nota, a médica Sheila Peixoto Atthie explicou como se deu o atendimento de Queli e negou ter mandado a paciente embora para casa. Segundo o comunicado, o prontuário da paciente confirma que ela passaria por uma reavaliação a cada duas horas.
"Pode ser verificado, na ficha médica consta 'nova reavaliação às 6h30'. Portanto, não há como eu tê-la orientado a ir para casa e, ao mesmo tempo, a fazer a reavaliação duas horas após", diz trecho da nota.
Confira a nota da médica na íntegra:
“À paciente foi dada a orientação de reavaliação a cada duas horas. Durante a consulta, ela comentou que não desejava ir para casa. Para garantir um registro preciso e completo, eu coloquei essa informação na ficha médica dela.
Tanto é que, conforme pode ser verificado, na ficha médica consta “nova reavaliação às 6h30”. Portanto, não há como eu tê-la orientado a ir para casa e, ao mesmo tempo, a fazer a reavaliação duas horas após.
De acordo com as diretrizes da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e do Ministério da Saúde do Brasil, mulheres grávidas são internadas quando atingem cerca de 4 a 6 centímetros de dilatação. Quando eu avaliei a paciente ela apresentava 2 centímetros de dilatação. Por isso, a médica que a atendeu antes de mim e eu não indicamos a internação.
Tenho um histórico sólido de prática médica ética e de cuidados junto às minhas pacientes. Sou médica há 32 anos, dos quais 29 foram dedicados à obstetrícia, com mais de 2000 partos realizados. Ao longo de todo esse período, nunca respondi a nenhum processo, o que pode ser confirmado junto ao CREMERJ.
Embora eu tenha seguido os protocolos adequados, entendo que isso não diminui a angústia que a paciente enfrentou. Gostaria de expressar minha profunda empatia e solidariedade pela paciente e sua família”.
Tanto é que, conforme pode ser verificado, na ficha médica consta “nova reavaliação às 6h30”. Portanto, não há como eu tê-la orientado a ir para casa e, ao mesmo tempo, a fazer a reavaliação duas horas após.
De acordo com as diretrizes da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e do Ministério da Saúde do Brasil, mulheres grávidas são internadas quando atingem cerca de 4 a 6 centímetros de dilatação. Quando eu avaliei a paciente ela apresentava 2 centímetros de dilatação. Por isso, a médica que a atendeu antes de mim e eu não indicamos a internação.
Tenho um histórico sólido de prática médica ética e de cuidados junto às minhas pacientes. Sou médica há 32 anos, dos quais 29 foram dedicados à obstetrícia, com mais de 2000 partos realizados. Ao longo de todo esse período, nunca respondi a nenhum processo, o que pode ser confirmado junto ao CREMERJ.
Embora eu tenha seguido os protocolos adequados, entendo que isso não diminui a angústia que a paciente enfrentou. Gostaria de expressar minha profunda empatia e solidariedade pela paciente e sua família”.
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