Ismael prestou depoimento na 32ªDP nesta segunda-feira (8)Arquivo Pessoal
Publicado 09/04/2024 14:23 | Atualizado 09/04/2024 14:44
Rio - Após mais de um ano, a Polícia Civil iniciou uma investigação sobre o caso de um ex-funcionário da empresa Coca-Cola Andina, com sede em Jacarepaguá, na Zona Oeste, que denunciou ter sofrido xenofobia e assédio moral praticado por ex-colegas de trabalho dentro da multinacional. Ismael Queiroz foi intimado a prestar um novo depoimento e compareceu à 32ª DP (Taquara), nesta segunda-feira (8).
Ismael trabalhava como manobreiro e chegou a fazer reclamações na empresa antes de ir à polícia. De acordo com a denúncia, funcionários o chamavam de "paraíba burro". Ao DIA, ele explicou que, apesar de ter nascido no Rio, parte da sua família é de Pernambuco, no Nordeste. 

"Eu sofri perseguição gratuita, trabalhei lá por seis meses e as perseguições começaram um mês depois que eu entrei. Eu levei o relato para as chefes, mas parece que é uma 'panela', onde você reclama e não tem resultado. Eles gritavam comigo, me humilhavam na frente dos outros e eu sofri até isolamento quando me trocaram de setor", disse, à época.

O trabalhador ficou apenas seis meses no emprego e acredita ter sido demitido devido às constantes reclamações sobre os insultos.
Após sair da empresa, o manobreiro informou que recebeu denúncias de outros colegas que também continuam sofrendo preconceito, mas que seguem trabalhando porque precisam. Em áudios encaminhados à reportagem, os denunciantes afirmam que os insultos partem das mesmas pessoas que ofenderam Ismael.
"Meu caso virou piada! A luta pela Justiça não é fácil, mas eu tenho que ter esperança. Espero que a Justiça seja feita!", disse ele.
Após meses desempregado, o ex-funcionário disse ao DIA que conseguiu gratuidade na Justiça para seguir com a ação contra a empresa. Esse é um benefício concedido, por decisão judicial, à parte que comprove não ter recursos financeiros para custear o processo.
Procurada, a Polícia Civil informou que as investigações estão em andamento na 32ª DP. Testemunhas estão sendo ouvidas e agentes realizam outras diligências para apurar os fatos. A instituição não explicou o motivo da demora para abertura do inquérito.
Já a Coca-Cola Andina, por meio de nota, informou que a Rio de Janeiro Refrescos repudia veementemente qualquer atitude de xenofobia ou de assédio moral. "A empresa preza pelas boas práticas nas relações de trabalho e executa treinamentos periódicos com todos os seus colaboradores. As denúncias realizadas pelos canais da empresa são apuradas em caráter sigiloso, mantendo a privacidade de todos os envolvidos. Para casos apurados e confirmados, são adotadas as ações pertinentes", disse.
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