Cléa e Cláudia FariaDivulgação
Publicado 12/04/2024 18:02 | Atualizado 12/04/2024 19:20
Rio - "Ela era uma estrelinha que brilhava por todo lugar que passava". Foi desta maneira que a advogada Cláudia Faria descreveu a mãe, Cléa da Conceição Faria, uma das nove vítimas do acidente de ônibus no município de Teixeira de Freitas, no extremo sul da Bahia, na quinta-feira (11). O veículo saiu do Rio de Janeiro na quarta (10) e tinha como destino final Porto Seguro.

Além de Cláudia, Cléa tinha outra filha, três netos e um bisneto. A família é de Bangu, na Zona Oeste. A matriarca de 74 anos era conhecida no bairro por causa das empadinhas que cozinhava e vendia no Parque Leopoldina.

"Minha mãe era muito querida na igreja, na ginástica, na hidromassagem da terceira idade, em todo lugar que ela passava. Ela fazia empadinha, e todo mundo conhecia a empadinha de 'Cleinha' aqui em Bangu, no Parque Leopoldina ", disse a filha caçula, de 46 anos.

Cléa foi casada por 52 anos com Cleto Faria. Em 2017, ao perder seu primeiro e até então único parceiro de vida, ela passou a viajar como uma forma de superar o luto: "Isso foi a alegria dela, o que tirou a tristeza do coração dela aos poucos".

A viagem para o sul baiano tinha um roteiro mais especial do que qualquer outra que ela fez nos últimos sete anos. Dessa vez, Cléa estava acompanhada de seu namorado, Valter Nery, de 84 anos, que também não sobreviveu à tragédia. Os dois eram praticamente da mesma família, já que Valter era sogro de Claudéia Faria, primogênita de Cléa.
Clea Conceição e Valter Nery estavam juntos há cerca de um mês - Rede Social
Clea Conceição e Valter Nery estavam juntos há cerca de um mêsRede Social


O casal engatou o romance em fevereiro, com direito a pedido de namoro tradicional, e viajava junto pela primeira vez. "Estavam felizes, em lua de mel", diz Cláudia. O plano dos namorados era desfrutar cinco dias de paisagens paradisíacas, mas o passeio foi interrompido a 225 km do destino. Cláudia conta que soube que havia algo errado quando a mãe parou de responder as mensagens.


"Eu estava no meu escritório pela manhã e liguei para minha mãe pra saber se ela já tinha chegado em Porto Seguro e não tive retorno. Passou uns 15 minutos e minha irmã me ligou dizendo que o ônibus de viagem tinha sofrido um acidente. Tentei ligar para o hospital e a assistente social ficou de me ligar. Daí percebi que havia algo errado", desabafou.

Cléa e Valter serão sepultados neste sábado (13), a partir das 14h30, no Cemitério de Campo Grande, na Zona Oeste. A vitória começa a partir das 11h.

Além de Cléa e Valter, as outras sete vítimas são: Glória Regina do Nascimento Cunha e Ronaldo do Espírito Santo, que eram casados. Maria José Nicomedes Sinfrônio, Conceição Maria dos Santos Rangel, Irapuã de Azevedo, Regina Maura Feitosa, e Doralice da Conceição de Azeredo.

O ônibus, da empresa RM Viagens e Turismo, estava com 32 passageiros, a maioria deles idosos, além de dois motoristas. Dezenove dos 23 feridos - que foram levados ao Hospital Municipal de Teixeira de Freitas - receberam alta médica entre a noite de quinta (11) e manhã desta sexta-feira (12). Quatro vítimas seguem em observação, mas nenhuma delas corre risco de vida.
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