Luiz Cláudio Severo dos Santos foi preso por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE)Reprodução
Publicado 07/05/2024 15:55
Rio - Luiz Cláudio Severo dos Santos, conhecido como Pretão, suspeito de negociar as armas furtadas do arsenal de guerra do Exército em Barueri, cidade de São Paulo, foi preso, na manhã desta terça-feira (7), em Brás de Pina, na Zona Norte do Rio.
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Contra o homem havia um mandado de prisão preventiva em aberto, expedido pelo Superior Tribunal Militar (STM). Nesta terça, agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) estiveram na residência do suspeito, na Rua Jaboti, nas proximidades da comunidade do Quitungo. Ele foi preso no momento em que saía de casa, por volta das 6h, e foi conduzido para a delegacia, na Cidade da Polícia, no Jacarezinho, também na Zona Norte.
Segundo a Polícia Civil, a prisão de Luiz, que também é investigado por integrar um esquema de lavagem de dinheiro, é de grande importância para a investigação que apura os furtos das armas do Exército, pois ele foi identificado como um dos responsáveis pela comercialização do armamento. De acordo com a investigação, houve movimentações financeiras suspeitas de seu comparsa na negociação das armas, Jesser Marques Fidelix, preso em abril deste ano, com Pretão.
O suspeito possui anotações pelos crimes de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, lesão corporal culposa causada por atropelamento, ameaça, lesão corporal decorrente de violência doméstica (que teve a punição extinta por prescrição), e atualmente estava em liberdade provisória respondendo por estelionato e associação criminosa.
A prisão de Luiz Cláudio faz parte da 2ª fase da "Operação Tormentorum Venditor" (Mercador de Artilharia).
Relembre o caso
Em 12 de abril, durante a 1ª fase da operação, agentes da DRE prenderam Jesser Fidelix, comparsa de Pretão, e Márcio André Geber Boaventura Júnior. Ambos também são suspeitos de negociar o armamento furtado com traficantes do Comando Vermelho (CV). Eles foram presos em um condomínio em São Paulo. 
No mesmo dia, ainda houve a apreensão de um caminhão, veículos de luxo, armas, máquina de contar dinheiro e documentos diversos, em endereços vinculados à quadrilha de Jesser, na Zona Oeste do Rio.
Os furtos aconteceram em outubro do ano passado. No dia 10 daquele mês, o Exército começou a investigar o sumiço de 21 metralhadoras do Arsenal do Comando Militar do Sudeste, em Barueri, na Grande São Paulo. A ausência das 13 metralhadoras calibre .50 e oito calibre 7,62 mm foi notada durante uma inspeção no local. À época, segundo a força armada, o material não tinha utilidade e tinha sido recolhido para manutenção.
Cerca de 10 dias depois, ainda em outubro, a Polícia Civil encontrou oito das 21 armas que foram roubadas do Exército, na Gardênia Azul, Zona Oeste do Rio. As metralhadoras estavam dentro de um carro roubado que saiu da comunidade da Rocinha, na Zona Sul, e foi abandonado em um dos acessos à Gardênia. Na ocasião, ninguém foi preso.
Em novembro do ano passado, mais duas metralhadoras calibre .50 foram recuperadas. Desta vez, as armas estavam na Praia da Reserva, na Barra da Tijuca, também na Zona Oeste. Ao todo, 19 armas do arsenal já foram encontradas.
Militares envolvidos no furto
Desde o furto das metralhadoras, o Exército investiga possíveis militares envolvidos na ação. Em outubro do ano passado, a corporação identificou agentes suspeitos de ligação com o crime. O Comando Militar do Sudeste manteve cerca de 480 militares aquartelados para a apuração do caso. "Eles estão sendo ouvidos para que possamos identificar dados relevantes para a investigação", dizia a nota, na ocasião.
Segundo as investigações, os suspeitos teriam desligado as câmeras de segurança e usado um carro oficial do então diretor da base militar para transportar o armamento para fora do quartel. No entanto, o Exército afirmou que o militar não tem participação no furto.
Após serem furtadas, parte das armas foi para o Rio, com o objetivo de ser vendida ao Comando Vermelho, e o restante ficou em São Paulo, onde seria comercializada com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
No Rio de Janeiro, de acordo com a polícia, a oferta das armas foi feita ao traficante William de Souza Guedes, criminoso que, atualmente, chefia a comunidade de Manguinhos, na Zona Norte. Ele é apontado como um dos homens de confiança das lideranças do CV.
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