Publicado 14/05/2024 18:01 | Atualizado 14/05/2024 19:30
Rio - Responsáveis e alunos do Colégio Pedro II realizaram, na tarde desta terça-feira (14), uma manifestação pacífica pedindo o fim da greve dos servidores em frente ao Campus Tijuca II, na Rua São Francisco Xavier, na Zona Norte do Rio. Ao DIA, os pais ressaltaram que apoiam as reivindicações dos funcionários, mas são contra a paralisação das aulas.
PublicidadeA advogada Thais Mattos, de 37 anos, mãe de um aluno do 1º ano do ensino médio da unidade de São Cristóvão, disse que grande parte dos responsáveis apoia as contestações, mas a falta de ensino e da rotina no colégio tem prejudicado os jovens. As aulas, que voltaram no dia 1º de abril, paralisaram dois dias depois, no dia 3 do mesmo mês.
"Somos um grupo de responsáveis contrário à greve, mas absolutamente a favor das reivindicações dos professores. Não temos qualquer objeção e, inclusive, apoia. O Pedro II é uma escola de pessoas de classe baixa da sociedade, pessoas que tem a principal alimentação na escola e estão em insegurança alimentar. O pessoal do 3º ano do ensino médio não está conseguindo sequer documentos para fazer inscrição no Enem e no vestibular da Uerj, fora a defasagem no conteúdo. Ainda tem Napne, setor que atende crianças autistas, TDAH, Síndrome de Down… Crianças que precisam de inclusão e tratamento que, muitas vezes, só recebe esse atendimento no colégio e também estão fora da escola. Há muitos relatos de adolescentes com depressão, crise de ansiedade", lamentou a advogada.
A greve dos servidores do Colégio Pedro II tem como principais reivindicações a reestruturação das carreiras e a recomposição salarial. Segundo o sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II (Sindscope), as perdas salariais nos últimos anos ultrapassam 50%. De acordo com a Reitoria, as unidades passam por problemas graves de evasão de servidores e de falta de recursos. "Os baixos salários e a desvalorização das carreiras afetam o cotidiano escolar e, portanto, a qualidade do ensino e demais serviços ofertados", explica em nota.
A Reitoria esclarece que as deliberações sobre a greve não são fruto de decisões e da gerência da gestão institucional, mas de decisões coletivas da categoria organizada em sindicatos autônomos e de adesão individual.
O grupo de pais, no entanto, entende que o servidores poderiam ter tomado outras atitudes para as contestações, como a deflagração do estado de greve, que não implica na paralisação das aulas. Essa medida foi tomada por outras instituições, como o Instituo Benjamin Constant e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O economista Adhemar Mineiro, de 61 anos, também esteve presente na manifestação. Ele é pai de um aluno do 5º ano do ensino fundamental de unidade localizada no Humaitá e reforçou que a escola tem sofrido com o calendário desde a pandemia.
"Os problemas são de toda ordem e o principal é o atraso na educação. Isso não é novo, não é só em função da greve, já vem do fato do Pedro II ter sido a última escola a voltar da pandemia. Então, as aulas já estavam atrasadíssimas. Por conta desse atraso, a gente começaria o ano letivo em abril, mas o ano de 2024 só teve duas aulas. Os alunos do 1º ano, que começam um dia depois, só tiveram uma aula", relatou.
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