PMs foram levados à unidade prisional da Polícia Militar em Niterói, Região MetropolitanaRenan Areias / Agência O Dia
Publicado 15/05/2024 16:04
Rio - Os policiais militares Julio Cesar Ferreira dos Santos e Jorge Luiz Custódio da Costa, além de pertencerem a um grupo criminoso que vendia armas e drogas apreendidas em ações de combate ao tráfico em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, também fizeram contato direto com o miliciano Domerice dos Santos José, conhecido como 'Dito', ou 'Devagar', líder da milícia na região. A descoberta foi feita por investigadores do Ministério Público do Rio (MPRJ), na terça-feira (14), quando o celular de Julio Cesar foi apreendido durante a Operação Patrinus, que terminou na prisão de 13 policiais do 39° BPM (Belford Roxo).
Publicidade
Julio Cesar e Jorge Luiz, atualmente presos preventivamente pelos crimes de organização criminosa, corrupção e peculato, também são acusados pelo homicídio de Edson de Souza Arguinez Júnior e Jordan Luiz de Oliveira Natividade em dezembro de 2020. Julio Cesar chegou a ser preso na época do crime, mas passou a responder pelo crime em liberdade. A análise do celular de Julio Cesar permitiu descortinar o vínculo dele e de Jorge Luiz com 'Dito'.
Foram encontradas mensagens trocadas, dois dias antes do crime de duplo homicídio de Edson e Jordan, entre os PMs com o miliciano Domerice. O criminoso em questão é responsável por criar a milícia atuante nos bairros de Nova Aurora e Babi, onde os corpos das vítimas foram localizados. Domerice foi citado no Relatório Final da CPI das Milícias, em 2008, como líder da organização.
As conversas com Domerice se deram com ele preso, já que foi detido em 2017 e encontra-se custodiado desde então. Também foi constatado que Julio Cesar, pouco tempo depois da abordagem às vítimas, fez uma ligação para o policial militar Alex Bonfim de Lima Silva, conhecido como 'Alex Armeiro', que já responde a ações penais por porte ilegal de arma de fogo e por envolvimento com as milícias atuantes no bairro Babi, em Belford Roxo (onde os corpos das vítimas foram encontrados), e em São João de Meriti.

No aparelho celular de Julio Cesar também foram recuperadas várias mensagens em que o acusado deixa claro sua obsessão por matar assaltantes. A perícia no aparelho celular também encontrou diversas mensagens que comprovam o vínculo criminoso dele com outros 13 policiais do 39º BPM, o que motivou a deflagração da Operação Patrinu.
Crime de duplo homicídio
Os policiais são acusados de abordar as vítimas Edson e Jordan Luiz, que estavam a bordo de uma motocicleta, e atirar contra eles. A abordagem foi flagrada por câmeras de segurança. Pelas imagens é possível ver, segundo o Ministério Público, que os PMs encontraram um simulacro ou uma pistola com as vítimas, que foram agredidas ainda caídas ao solo. Em seguida, os jovens foram colocados algemados na viatura. Todavia, seus corpos foram encontrados em área de mata, na comunidade do Babi, local bem distante da ocorrência policial e onde há intensa atuação da milícia de Belford Roxo.
MPRJ pede a condenação dos dois PMS

Diante das provas obtidas pela análise do aparelho celular de Julio Cesar, o Juiz Luis Gustavo Vasques, titular da 1ª Vara Criminal de Belford Roxo, decretou a prisão preventiva dos réus, destacando que "os elementos de convicção trazidos a exame deixam revelar a contento indícios de autoria e prova da materialidade do crime" e que "é necessário assegurar a integridade física dos familiares das vítimas e testemunhas, cujos depoimentos em juízo são imprescindíveis para o processo".
O Ministério Público do Rio, por meio da 1ª Promotoria de Justiça junto às Varas Criminais de Belford Roxo, requereu, na terça-feira (14), a condenação dos réus Julio Cesar Ferreira dos Santos e Jorge Luiz Custódio da Costa. Caso o juiz defira o pedido, o processo será encaminhado para julgamento perante o Tribunal do Júri.
Procurado, o Tribunal de Justiça do Rio explicou que o processo está na fase de apresentação de alegações finais. "O MP apresentou as dele e falta a dos réus. A decisão sobre a pronúncia ou não ocorrerá depois disso", informou.
Leia mais