Daniel da Costa Ferraz foi sepultado no Cemitério de JaperiPedro Teixeira / Agência O Dia
Publicado 24/05/2024 17:42
Rio - Os jovens mortos no Complexo do Chapadão, na Zona Norte do Rio, foram sepultados na tarde desta sexta-feira (24). O estudante Daniel Costa Ferraz, de 19 anos, foi enterrado no Cemitério Municipal de Japeri, na Baixada Fluminense. Já a despedida do vendedor de balas Crysthyan Samuel de Freitas Mello, de 17 anos, aconteceu no Cemitério Municipal de Olinda, em Nilópolis.
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Durante o sepultamento de Daniel, Eduarda dos Santos, amiga da vítima, vestia uma camiseta com uma foto dela ao lado do jovem. Ela ressaltou que o rapaz era querido pelos colegas da escola.
"Estudávamos juntos há um ano e pouco. Ele era um menino muito calmo, bondoso com todos nós, sempre que podia ajudar, ele ajudava. É muita mentira as pessoas julgarem, o chamarem de bandido. Era apenas um estudante. É por que ele era pobre e morava na favela? Cortar o cabelo, colocar 'reflexo', isso não significa nada. Acho muito errado o que fizeram com ele, sou amiga e realmente quero justiça. Era uma pessoa de muitos amigos, ia todo dia na escola", relatou a jovem de 18 anos.
Na manhã de quinta-feira (23), Daniel estava a caminho do Colégio Estadual Antônio Figueira de Almeida, em Nilópolis, onde cursa a 3ª série do Ensino Médio, quando foi baleado no Complexo do Chapadão, na Zona Norte. Antes de sair de casa, o jovem tomou café da manhã com a mãe, que fez aniversário no mesmo dia.
De acordo com Rafael Costa Ferraz, irmão da vítima, policiais militares atiraram contra Daniel e  Crysthyan. "Era aniversário da nossa mãe, ele tinha tomado café com ela antes de ir para escola. Quando ele saiu foi chamar uma menina na rua de trás, mas quando ele estava descendo as escadas, a polícia apareceu e atirou. Não estava tendo operação, nem nada, eles pararam com o carro na esquina e deram tiros na direção do escadão", contou Rafael.
Leandro da Costa Mello, pai de Crysthyan, contou que o filho estava no Complexo do Chapadão para vender balas durante uma festa.
"Naquele dia, ele foi no Chapadão porque ia ter baile lá e os amigos o levaram para trabalhar. Quando foi pela manhã, ele estava vindo embora e os policiais deram tiro nele. Nem todo mundo que mora na favela é bandido. Eles entram atirando em qualquer um, eles estão alegando que meu filho estava com arma, mas meu filho não anda armado", desabafou.
Em nota, a Polícia Militar afirmou que agentes do 41º BPM (Irajá) realizavam policiamento pela Avenida Nazaré quando suspeitos atiraram contra a equipe. O comando da unidade instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar as circunstâncias da ação e as imagens das câmeras de uso individual dos policiais estão sendo extraídas para análise. Além disso, as armas dos agentes foram disponibilizadas para perícia.
"Ele era uma pessoa que se dava bem com todo mundo. Não tinha problema com ninguém, gente boa, treinava copeira, estudava, ia tirar a habilitação agora. Minha mãe, eu nem sei O pessoal da igreja foi lá, pastor foi lá ontem, hoje ela acordou tranquila na medida do possível, mas a gente não sabe. Às vezes ela pode está demonstrando uma coisa e sentindo outra", lamentou o irmão de Daniel.
O caso foi registrado na 31ª DP (Ricardo de Albuquerque). "Os agentes realizam diligências para apurar a autoria dos disparos que atingiram os jovens e esclarecer as circunstâncias dos fatos", comunicou a instituição.
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