Rio – O adolescente Crysthyan Samuel de Freitas Mello, de 17 anos, morto após ser baleado durante um tiroteio no Complexo do Chapadão, na Zona Norte, era vendedor de balas e estava voltando para casa. Ao DIA, o pai da vítima, Leandro da Costa Mello, 40 anos, que esteve no Instituto Médico Legal (IML) do Centro, nesta sexta-feira (24), para liberar o corpo, disse que o filho não era bandido.
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Morador de Nilópolis, na Baixada Fluminense, Crysthyan teria saído de casa na noite de quarta-feira (22) para trabalhar e não retornou.
"Meu filho é vendedor de bala, só tinha 17 anos, vendia doce na rua. Naquele dia, ele foi no Chapadão porque ia ter baile lá e os amigos o levaram para trabalhar, quando foi pela manhã ele estava vindo embora e os policiais deram tiro nele e em outro rapaz, que estava indo para escola", disse o pai.
Durante um desabafo, Leandro reforçou ainda que o filho não tinha envolvimento com o tráfico. "Meu filho estava vindo embora, nem todo mundo que mora na favela é bandido. Eles entram atirando em qualquer um, eles estão alegando que meu filho estava com arma, mas meu filho não anda armado. O corpo do meu filho está no IML desde ontem, estamos esperando o resultado da necropsia, meu filho estava com identidade e CPF e eles (os policiais) jogaram fora", relatou.
O pai, emocionado, disse também que o filho era amado por muitas pessoas. "Ele era um menino muito bom, todo mundo aqui em Nilópolis gostava dele e chamava ele de gordinho da bala", contou.
Segundo a Polícia Militar, na ocasião, agentes do 41º BPM (Irajá) realizavam policiamento pela Avenida Nazaré quando suspeitos atiraram contra as equipes, o que gerou um confronto. Os feridos foram socorridos e encaminhados ao Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, na Zona Norte, mas não resistiram.
Na ação, os agentes relataram ainda que foram apreendidos um revólver calibre 38, uma granada, um rádio comunicador, 69 pinos de cocaína, 22 frascos de lança-perfume e seis pedras de crack.
Devido as mortes, a corporação reforçou que como parte dos procedimentos padrões em ocorrências dessa natureza, o comando do 41º BPM (Irajá) já instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar as circunstâncias da ação. As imagens das câmeras de uso individual dos policiais já estão sendo extraídas para análise e as armas utilizadas na ação também já estão disponíveis à perícia.
"A PM ressalta que colabora integralmente com as investigações da Polícia Civil", finalizou em nota.
Já a Polícia Civil informou que o caso foi registrado na 31ª DP (Ricardo de Albuquerque). Os agentes realizam diligências para apurar a autoria dos disparos que atingiram os jovens e esclarecer as circunstâncias dos fatos.
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