Luiz Marcelo Antônio Ormond e Júlia Andrade Cathermol Pimenta no elevador do prédio Divulgação
Publicado 29/05/2024 19:16
Rio - A Polícia Civil investiga se namorada do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, Júlia Andrade Cathermol Pimenta, matou a vítima com um brigadeirão envenenado e o dopou com remédios controlados. Contra a mulher consta um mandado de prisão temporária por homicídio qualificado, e ela já é considerada foragida da polícia. Na terça-feira (28), a possível cúmplice de Júlia no crime foi presa pela 25ª DP (Engenho Novo), responsável pelas investigações. Trata-se da cigana Suyane Breschak, que teria ajudado a suspeita a se desfazer dos bens do empresário.
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Luiz foi encontrado morto dentro do apartamento onde morava com Júlia, no bairro Engenho Novo, na Zona Norte do Rio, no último dia 20. Ele não era visto, contudo, desde o dia 17. De acordo com o laudo cadavérico, Luiz foi morto três ou seis dias antes do corpo ser localizado. Segundo as investigações da 25ª DP, Júlia dormiu ao lado do cadáver do namorado durante o fim de semana e, na segunda-feira (20), fugiu do apartamento levando pertences do empresário e o carro dele. 
No decorrer do inquérito, os agentes apuraram que a namorada de Luiz Marcelo, com a ajuda da cigana, se desfez dos bens do namorado, inclusive de seu carro. O veículo foi levado para Cabo Frio, na Região dos Lagos, após supostamente ter sido vendido por uma quantia de R$ 75 mil. Abordado pelos policiais, o homem que estava com o carro chegou a apresentar um documento escrito à mão, que ele disse ter sido assinado pela vítima, transferindo o bem. Com o mesmo homem, foram encontrados o telefone celular e o computador de Luiz Marcelo. Ele foi preso em flagrante por receptação.

Os agentes, então, chegaram à cigana, que disse que a autora tinha uma dívida com ela de cerca de R$ 600 mil. Júlia seria garota de programa e mantinha um relacionamento com outro homem, além do empresário. Na data do crime, ela teria oferecido a Luiz Marcelo um brigadeirão envenenado.
Suspeita dormiu ao lado do cadáver e prestou depoimento

Ainda segundo a mulher, a autora permaneceu no apartamento – informação confirmada pelas imagens de câmeras de segurança analisadas – e mandava mensagens se queixando do cheiro que o corpo em decomposição exalava. Em determinado momento, chegou a dizer que havia um urubu na janela. A namorada também teria enviado mensagens pelo celular do empresário, se passando por ele.

Em depoimento, Suyane Breschak confessou ter ajudado a dar fim aos pertences da vítima e revelou que boa parte de seus ganhos vinham dos pagamentos da dívida citada. Contra ela, foi cumprido um mandado de prisão temporária por homicídio qualificado.

Ao longo da investigação, em que diversas testemunhas prestaram depoimento, a namorada chegou a ser ouvida na delegacia, onde demonstrou muita frieza e afirmou que não tinha conhecimento até então da morte de Luiz Marcelo. Segundo ela, a vítima teria aberto uma conta conjunta nos nomes dos dois. Imagens mostraram a mulher indo ao condomínio para buscar o cartão desta conta, entregue por correspondência, enquanto o homem já estava morto.
Agora, agentes da 25ª DP tentam localizar e prender Júlia. A reportagem tenta contato com a defesa da foragida.
Família do empresário já suspeitava da namorada
Ao DIA, um familiar, que preferiu não ser identificado, disse pouco depois de o corpo ser localizado que a família suspeitava do envolvimento da namorada de Luiz na morte.
"Ele tinha começado um relacionamento com uma menina a qual ele já conhecia há bastante tempo, mas ela estava morando com ele há aproximadamente um mês. Eles foram vistos na piscina do prédio na sexta-feira (17) e depois ele não foi mais visto. Só se via ela andando pelos corredores. Pegou o carro dele e sumiu com coisas da casa. Ela saiu com o carro dele e não voltou mais com o carro. Domingo (19) foi para a academia do prédio e ele morto", afirmou.
Segundo o familiar, a mulher tinha como objetivo vender o carro de Luiz, pois tinha dado entrada no processo de transferência de propriedade. Além disso, a suspeita também teria realizado movimentações bancárias na conta do empresário.
"Ele não era rico, mas se ela fez transações e pegou o carro, eu creio que houve um interesse financeiro. A gente não tinha esse parecer dela, mas os amigos mais próximos dele e a mãe dele não gostavam dela. Enquanto a mãe era viva, ele respeitou ela. Quando a mãe morreu, ele, para não ficar sozinho, acabou se aproximando novamente dessa mulher. Os amigos nenhum deles gostava dela e falava para ele se afastar", comentou.
Luiz Marcelo não tinha filhos. Ele foi sepultado no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio, na quinta-feira da semana passada (23).
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