Publicado 01/06/2024 20:24 | Atualizado 01/06/2024 20:48
Rio - A Polícia Civil investiga se traficantes da Ilha do Governador, na Zona Norte, estão adotando práticas criminosas já conhecidas por grupos de milícias. De acordo com motoristas de aplicativos que foram rendidos, sequestrados e extorquidos na região nos últimos dias, o tráfico que atua no local cobra taxas ilegais que variam entre R$ 60 e R$ 450.
PublicidadeEm uma troca de mensagens no grupo dos motoristas de aplicativo, uma das vítimas diz que em fevereiro deste ano, durante o Carnaval, foi sequestrado por criminosos na altura do Clube Cocotá e, ao descobrirem a sua profissão, o levaram para o alto de uma comunidade. Refém dos bandidos, o motorista disse que teve de pagar R$ 400 para ser liberado e ganhar 'passe livre' para circular pela região. Ainda segundo ele, os criminosos deram a opção de fazer o pagamento em cartão de crédito, o que aumentaria o valor da taxa para R$ 450.
Um outro motorista contou que a abordagem com ele foi diferente. Segundo a vítima, os criminosos tiraram foto da placa e do veículo e deram ordens para não circular mais na Ilha do Governador. Para ele, foi cobrado o valor de R$ 60 para ser liberado.
A prática, que vem se intensificando ao longo deste ano, não é recente. O DIA conversou com um motorista de aplicativo que ficou nas mãos de criminosos por cerca de duas horas. O caso aconteceu há cinco anos na Ilha do Governador.
"Por volta das 22h30 de um domingo eu peguei um passageiro em Itaboraí com destino à Cacuia. Quando eu deixei o passageiro, um grupo armado me enquadrou e perguntou da onde eu era. Disse que morava em Niterói, então pegaram o meu carro e fiquei cerca de duas horas com criminosos armados. Depois disso devolveram meu carro e meu telefone. Foi aterrorizante. Me liberaram e falaram que não queriam mais me ver lá. Desde então, nunca mais aceitei corrida para a Ilha", contou a vítima, que preferiu não se identificar por medidas de segurança.
Na terça-feira (28), o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou traficantes ligados à facção Terceiro Comando Puro (TCP) por extorsão a motoristas de aplicativos, mototáxis e táxis na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio.
Segundo as duas denúncias apresentadas, os criminosos controlam o comércio ilegal de tráfico de drogas na Comunidade do Dendê, da Pixunas e na maioria das demais comunidades da Ilha do Governador.
Eles expandiram os seus negócios ilegais, organizando-se como uma narcomilícia e passando a cobrar “taxas”, por meio de extorsões contra motoristas de aplicativos, mototáxis e de táxi, dentro da área territorial em que exercem domínio no citado bairro.
Conforme detalhado nas denúncias, os criminosos exigiam pagamentos semanais de R$ 150 dos motoristas sob ameaças de morte, utilizando armas de fogo. Para operar na área, os motoristas precisavam se cadastrar em cooperativas controladas pelos traficantes, denominadas 'Cooperativa do Crime' e 'Cooperativa da Extorsão', com sede na Comunidade do Dendê. Além do pagamento, os motoristas eram obrigados a exibir adesivos fornecidos pelos criminosos para identificar os que cumpriam as exigências impostas.
Eles expandiram os seus negócios ilegais, organizando-se como uma narcomilícia e passando a cobrar “taxas”, por meio de extorsões contra motoristas de aplicativos, mototáxis e de táxi, dentro da área territorial em que exercem domínio no citado bairro.
Conforme detalhado nas denúncias, os criminosos exigiam pagamentos semanais de R$ 150 dos motoristas sob ameaças de morte, utilizando armas de fogo. Para operar na área, os motoristas precisavam se cadastrar em cooperativas controladas pelos traficantes, denominadas 'Cooperativa do Crime' e 'Cooperativa da Extorsão', com sede na Comunidade do Dendê. Além do pagamento, os motoristas eram obrigados a exibir adesivos fornecidos pelos criminosos para identificar os que cumpriam as exigências impostas.
Os denunciados incluem Mario Henrique Paranhos de Oliveira, conhecido como “Neves” ou “Nem”, atualmente preso e apontado como mandante das atividades ilícitas; Marlom Rodrigues Chieregatto dos Santos (“ML” ou “Marreco”); Leonardo Rodrigues Pereira (“Dogão”); Leonardo Alves dos Santos (“Valoroso” ou “Pavora”); e Anderson Alves dos Santos Barbosa, que foram acusados na 5ª Vara Criminal.
Já na 35ª Vara Criminal, foram denunciados Claudio da Rosa Gomes da Silva Carvalho (“Nhonho”) e Mario Henrique Paranhos de Oliveira.
Já na 35ª Vara Criminal, foram denunciados Claudio da Rosa Gomes da Silva Carvalho (“Nhonho”) e Mario Henrique Paranhos de Oliveira.
Sobre os casos mais recentes, a 37ª DP (Ilha do Governador) informou que as investigações estão em andamento. "Os agentes já identificaram alguns dos criminosos e realizam diligências para localizar e responsabilizar criminalmente os demais envolvidos", disse por meio de nota.
PM pede participação da população para denunciar
Procurada, a Polícia Militar informou que a participação da população é determinante no combate a esses tipos de crimes, como extorsão e exploração clandestina de serviços. Informou também que há uma parceria com as empresas de aplicativos de transporte, o botão "Ligar para a polícia", que atende tanto passageiros como motoristas, onde os operadores do Centro de Controle Operacional da Polícia Militar (Cecopom) são acionados e recebem a localização em tempo real, permitindo a chegada do policial mais rápido ao local.
"A Corporação sempre ressalta a importância do acionamento de nossas equipes para casos imediatos através de nossa Central 190 e do App RJ 190, assim como a importância dos registros dos crimes nas delegacias, o que proporciona um direcionamento das análises das manchas criminais locais de forma mais objetiva, sendo executadas de forma integrada com o apoio da Polícia Civil", orientou a PM.
"A Corporação sempre ressalta a importância do acionamento de nossas equipes para casos imediatos através de nossa Central 190 e do App RJ 190, assim como a importância dos registros dos crimes nas delegacias, o que proporciona um direcionamento das análises das manchas criminais locais de forma mais objetiva, sendo executadas de forma integrada com o apoio da Polícia Civil", orientou a PM.
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