Serviço teria sido prejudicado em diversas ruas de Ramos, como a Teixeira FrancoGoogle Street View
Publicado 14/06/2024 20:51 | Atualizado 14/06/2024 20:54
Rio - Uma denúncia de moradores do bairro de Ramos, na Zona Norte do Rio, indica que traficantes da região estariam ameaçando técnicos de uma empresa de telefonia e de internet. Com isso, os serviços chegaram a serem interrompidos em algumas ruas. No início deste mês, moradores da Praça Seca, na Zona Oeste do Rio, tiveram o mesmo problema.
Publicidade
Ao DIA, uma moradora, que preferiu não ser identificada, contou que estava sem sinal da empresa Claro desde terça-feira (11). Ao questionar a companhia, ela foi comunicada que os técnicos foram ameaçados, tornando o caso um problema de segurança pública. O fato prejudicou até o serviço de TV.
"Isso já aconteceu algumas vezes, mas não ficava esse tempo todo. É difícil porque, no meu caso, também tinha TV. Infelizmente, não vemos as coisas melhorando muito, pelo contrário. Falaram só que os técnicos estavam sendo ameaçados e a questão era de segurança pública. Deram vários prazos de voltar os sinais, mas tem mais de 72 horas. O estado está acabado. Triste te falar isso. Tenho 60 anos, mas não consigo ver a famosa luz no túnel", comentou a moradora. 
Com a demora, ela contou que cancelou o serviço nesta sexta-feira (14) por não ter sinal. Segundo relatos, traficantes da região estariam cortando a internet de moradores e os obrigando a usarem o serviço do grupo criminoso. Os trechos atingidos são ruas próximos ao Complexo do Alemão.
Questionada, a Claro informou que, como se trata de um caso de segurança pública, o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia, de Serviço Móvel, Celular e Pessoal (Conexis), entidade que representa as operadoras de telecomunicações, tem a resposta setorial sobre o assunto. 
A reportagem entrou em contato com a Conexis, que destacou que o furto, roubo, vandalismo e também a receptação de cabos e equipamentos causam prejuízo direto a milhões de consumidores todos os anos, que ficam sem acesso a serviços de utilidade pública como polícia, bombeiros e emergências médicas.
Em nota, o sindicato ressaltou que em alguns estados, como o Rio de Janeiro, o problema do roubo e vandalismo de cabos, geradores, baterias, entre outros equipamentos, se soma ao bloqueio de acesso das equipes das prestadoras para a manutenção de seus equipamentos, usados para a prestação do serviço.
"As operadoras ficam sem acesso aos equipamentos e impedidas de dar a manutenção necessária à prestação do serviço", diz o comunicado.
O setor de telecomunicações defende uma ação coordenada de segurança pública envolvendo o Judiciário, o Legislativo e o Executivo, tanto o federal, quanto os estaduais e municipais, e a aprovação de projetos de lei que aumentem a punição para esses crimes e ajudem a combater essas ações criminosas.
A Polícia Militar se colocou à disposição das empresas e concessionárias para atuar em apoio em casos como esses. A corporação ainda destacou que, de acordo com a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (UPP) Adeus, ainda não houve acionamento para verificar esse crime na região.
Situação semelhante na Praça Seca
No dia 1º deste mês, moradores da Praça Seca, na Zona Oeste do Rio, tiveram o mesmo problema com a Claro. A empresa comunicou aos seus clientes que suspendeu a visita de técnicos após amaças de agressões físicas aos funcionários.
Em um comunicado enviado aos clientes, a Claro informou que devido a problemas de segurança pública as equipes estão impossibilitadas de entrar no bairro e prestar qualquer tipo de atendimento no local. 
Ao DIA, uma moradora da Praça Seca contou que a rua onde mora sofreu uma queda de conexão na TV à cabo e na internet na manhã do dia 1º. Ao tentar acionar o suporte da Claro, foi surpreendida com o aviso. Outros moradores, também clientes da mesma empresa, receberam a mesma mensagem, tanto por escrito quanto por ligação.
Moradores da região dizem que os traficantes da comunidade não expulsaram todas as operadores de telefonia e internet, mas que as empresas estão começando a se retirar do bairro por conta dos frequentes roubos de cabo e também pela falta de segurança pública.
Leia mais