Moradores reclamam da falta de suporte técnico de operadoras de internet e telefonia na Zona OesteDivulgação

Rio - Uma empresa de telefonia e internet suspendeu a visita de técnicos na Praça Seca, na Zona Oeste do Rio, após ameaças de agressões físicas aos funcionários. Em um comunicado enviado aos clientes da região no sábado (1º), a Claro informou que devido a problemas de segurança pública as equipes estão impossibilitadas de entrar no bairro e prestar qualquer tipo de atendimento no local. Ainda segundo o comunicado, não há previsão de normalização. Veja abaixo:
Mensagem do suporte técnico da Claro para moradores da Praça Seca, na Zona Oeste do Rio - Divulgação
Mensagem do suporte técnico da Claro para moradores da Praça Seca, na Zona Oeste do RioDivulgação
Ao DIA, uma moradora da Praça Seca que é cliente da empresa contou que a rua onde mora sofreu uma queda de conexão na TV à cabo e na internet na manhã do último sábado (1º). Ao tentar acionar o suporte da Claro, foi surpreendida com o aviso. Outros moradores, também clientes da mesma empresa, receberam a mesma mensagem, tanto por escrito quanto por ligação. 
"Estamos há mais de 12 horas sem sinal de internet, TV e telefone fixo da Claro e a operadora generaliza o bairro da Praça Seca e diz que não vai mandar um técnico por questões de segurança. Absurdo! Moramos numa rua principal do bairro. A caixa deles é em frente a dois condomínios de prédios. Não estamos dentro de nenhuma comunidade", reclamou uma cliente.
Ainda segundo a moradora que converso com a equipe do DIA, a queda de conexão de internet teria afetado, inclusive, a 28ª DP (Praça Seca). Os moradores afirmam que a Polícia Civil escoltou uma equipe da operadora com a ajuda de dois veículos da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) para que os funcionários fizessem o reparo. Uma câmera de segurança de uma casa do bairro registrou a presença das duas viaturas na Rua Dias Vieira com a Rua Cândido Benício, na Praça Seca. Procurada, a Polícia Civil ainda não comentou sobre o ocorrido.
Moradores da região dizem que os traficantes da comunidade não expulsaram todas as operadores de telefonia e internet, mas que as empresas estão começando a se retirar do bairro por conta dos frequentes roubos de cabo e também pela falta de segurança pública. 
Procurada, a Claro informou que por se tratar de uma questão de segurança pública, a Conexis (empresa que representa as operadoras de telecomunicações) vai se posicionar. Por meio de nota, a Conexis disse que em alguns estados, como no Rio de Janeiro, o problema do roubo e vandalismo de cabos, geradores, baterias, entre outros equipamentos, se soma ao bloqueio de acesso das equipes das prestadoras para a manutenção de seus equipamentos, usados para a prestação do serviço. "As operadoras ficam sem acesso aos equipamentos e impedidas de dar a manutenção necessária à prestação do serviço", disse. Confira a nota na íntegra abaixo.
Intensos tiroteios nas proximidades da Praça Seca
Na última sexta-feira (31), um tiroteio entre policiais militares e criminosos terminou com a morte de Marluci Lopes Pereira, de 63 anos, no Morro do Fubá, no Campinho, Zona Norte do Rio. Além dela, um suspeito morreu e outros dois homens deram entrada baleados no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, após a troca de tiros.
De acordo com a Polícia Militar, agentes do 9º BPM (Rocha Miranda) realizavam patrulhamento na região no momento em que o confronto com os bandidos se iniciou. A corporação informou que um veículo em chamas chegou a ser lançado pelos criminosos em uma ladeira para dificultar a ação da PM.
Moradores do Morro do Fubá têm sofrido com constantes confrontos armados, principalmente entre criminosos que disputam o controle do tráfico de drogas na região. No último dia 26, o mecânico Rafael Fernandes da Silva, de 21 anos, foi baleado e morto durante um ataque de bandidos na comunidade. O caso também está sendo investigado pela DHC.
Quatro dias antes da morte de Rafael, a Avenida Ernani Cardoso foi interditada depois da morte de um homem que teria sido baleado durante um confronto entre criminosos no Campinho, em um dos acessos ao Morro do Fubá. Um grupo ateou fogo em alguns objetos na pista, impedindo o tráfego de veículos no sentido Cascadura.
Guerra de facções

Desde 2022, comunidades das zonas Oeste e Norte estão vivendo cenários de guerra por conta da disputa entre criminosos rivais. Sob forte influência de milicianos, as favelas têm sido palco de invasões do Comando Vermelho, que pretende expandir pontos de venda de drogas pelo Rio. Recentemente, integrantes do Terceiro Comando Puro (TCP) se juntaram com os paramilitares para expulsar bandidos da outra facção, que conseguiram invadir partes desses locais.

Além da Praça Seca, o Comando Vermelho está disputando o controle dos Morros do Fubá e do Campinho, na Zona Norte, e Muzema, Rio das Pedras, Complexo da Covanca, além da Gardênia Azul e a Cidade de Deus, na Zona Oeste. Nessas favelas, moradores têm sofrido com constantes confrontos entre os grupos rivais e operações policiais.
Nota da Conexis
"O furto, roubo, vandalismo e também a receptação de cabos e equipamentos causam prejuízo direto a milhões de consumidores todos os anos, que ficam sem acesso a serviços de utilidade pública como polícia, bombeiros e emergências médicas.
Em alguns estados, como no Rio de Janeiro, o problema do roubo e vandalismo de cabos, geradores, baterias, entre outros equipamentos, se soma ao bloqueio de acesso das equipes das prestadoras para a manutenção de seus equipamentos, usados para a prestação do serviço. As operadoras ficam sem acesso aos equipamentos e impedidas de dar a manutenção necessária à prestação do serviço.
O setor de telecomunicações defende uma ação coordenada de segurança pública envolvendo o Judiciário, o Legislativo e o Executivo, tanto o federal, quanto os estaduais e municipais, e a aprovação de projetos de lei (PL 5846/16, PL 4997/19 e PL 3780/2023) que aumentem a punição para esses crimes e ajudem a combater essas ações criminosas".