João Vinicius Ferreira Simões morreu eletrocutado durante um festival de música no Riocentro Foto: Redes sociais
Publicado 25/06/2024 16:08 | Atualizado 26/06/2024 09:04
Rio - Após três meses da morte do João Vinicius Ferreira, de 25 anos, que foi eletrocutado em um festival de música no RioCentro, uma nova edição para o evento foi anunciada, nesta segunda-feira (24). Para a mãe do rapaz, Roberta Ferreira, o caso gera revolta, descaso e indignação. Até o momento, 13 pessoas foram indiciadas pelo crime.
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"Um absurdo, é inacreditável! É um descaso com a vida humana, uma falta de empatia, meu filho foi para esse evento e não voltou por negligência e irresponsabilidade. Então, fica aqui minha indignação por esse anúncio. Meu filho morreu só há três meses e eles já estão anunciando um novo festival como se nada tivesse acontecido. Que eles paguem pelos que eles fizeram, porque foi uma vida que se foi, o meu filho que morreu", lamentou.

Roberta ainda pede por justiça e conta como tem sido difícil os dias sem o filho. Para ela, a empresa 30e, responsável pelo festival "I Wanna Be Tour", precisa entender o impacto que a morte causou na sua vida e garantir a segurança do público.

"Estou consumida de ódio, meu coração nunca será o mesmo sem meu filho. Como permitiram que algo assim acontecesse? Eles tiraram a vida do meu menino, e nada pode trazer ele de volta. Quem vai ser responsabilizado? Não é justo que meu filho tenha perdido a vida tão jovem. Eu quero justiça para ele e para todos nós. Cada dia é uma luta sem meu filho aqui. Como mãe, eu confiei que ele estaria seguro. Essa confiança foi quebrada de forma irreparável. Eles precisam entender que não perdemos apenas um participante do evento, perdemos um pedaço do nosso coração", disse.

Indignada, a mãe questiona quantas pessoas ainda precisam morrer para que algo seja feito. "Tiraram a vida do meu filho de 25 anos e agem como se nada tivesse acontecido. Quem comete crime precisa pagar. Empresas negligentes economizaram em mão de obra e material para lucrarem mais. Não pensaram na segurança do público que pagou ingresso para assistir as bandas. Punição para o engenheiro responsável que com um ano de registro assinou a ART e não compareceu em nenhum dia para fiscalizar as instalações elétricas que foram feitas. Punição para esses criminosos. Mataram meu filho e seguem a vida como se nada tivesse acontecido", relatou.
Segundo anúncio do festival, a nova edição está marcada para 2025.

Investigações

No final de abril, a Polícia Civil indiciou 13 pessoas por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar, e fraude processual. Entre eles, estão coordenadores e supervisores do evento, organizado pela empresa 30e, eletricistas, proprietários e gestores, além de engenheiros e responsáveis técnicos do Riocentro.

João foi eletrocutado ao encostar em food truck durante o festival. Na ocasião, chovia muito no local. De acordo com a mãe, diversas testemunhas confirmaram vários fios espalhados pelo chão e reclamaram da falta de organização. O espaço também não foi preservado para perícia, sendo limpo e esvaziado antes da chegada da polícia.

Ao DIA, Roberta disponibilizou um material em que o Ministério Público do Rio (MPRJ) pede para que o caso retorne a Polícia Civil para novas diligências. No documento são solicitados o laudo pericial de local de engenharia, imagens de câmeras de segurança, e o relatório final da autoridade policial.

"Fui ao MPRJ e o caso retornou para delegacia para novas diligências. Pedi uma reunião com a promotora do caso e estou aguardando. O prazo do MP é de 120 dias", explicou Roberta.

Logo no início das investigações, a empresa 30e lamentou o caso e informou que durante a chuva, o público se dirigiu para a marquise coberta, seguindo os protocolos de segurança. "Neste momento, lamentavelmente, ocorreu um incidente na área descoberta próxima a um food truck terceirizado: O jovem João Vinícius Ferreira Simões foi atingido por uma descarga elétrica. O sistema de segurança foi acionado no mesmo instante para atendimento e para as providências de socorro", disse um trecho do comunicado.

Na ocasião do indiciamento, a empresa disse ainda que não participou da montagem da estrutura do evento.

"O centro de convenções ainda não foi formalmente notificado e, logo que o for, irá comprovar que não teve qualquer participação na montagem, desmontagem ou realização do Festival I Wanna Be Tour. Uma área externa do Riocentro foi alugada para a 3Oe, empresa responsável pelo festival, e a mesma apresentou toda a documentação necessária para a realização do evento, inclusive o Alvará e o AVCB do Corpo de Bombeiros. Toda a produção e operação do festival eram de responsabilidade da 3Oe, incluindo alimentação, segurança, distribuição elétrica, brigada de incêndio, serviços médicos e instalações elétricas", disse em comunicado.
Procurado, o RioCentro garantiu que o evento não acontecerá no espaço. Já a 30e ainda não respondeu quais medidas serão tomadas para garantir a segurança do público. A Polícia Civil informou que o inquérito retornou ao Ministério Público no último dia 18.
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